Chapter XII

11.9K 1.5K 6.8K
                                    



Episode: the A team - Ed Sheeran

Há uma crença desenvolvida pelos filósofos pessimistas - entre eles o tão citado contratualista Hobbes, o pai da psicanálise Freud e o holandês Spinoza- que alega que a humanidade é naturalmente má. Os homens, em seu estado natural, semeiam o egoísmo, a ambição, a arrogância.

O primeiro instinto individual seria colocar nossos interesses acima dos demais, e, no fundo, não haveria uma única ação que fosse completamente regida pela benevolência.

Segundo eles, foi por essa razão que surgiram as regras, surgiu a Moral e a Ética. Criaram-se leis que governassem os ímpetos de maldade, nosso caos interno, antes que a sociedade sucumbisse a um anarquismo devastador.

Esse pensamento nos conduziria a um cenário onde todos somos vilões, mas os mais "moralmente corretos" aprenderam a vestir fantasias filantrópicas.

Louis, no caso, costumava não concordar.
Para ele a vida sempre foi mais agradável do que aceitar que o homem é puramente malvado e que as coisas são ruins e serão sempre ruins.

Ele não se considerava nem otimista, nem pessimista. Talvez realista.
Quando estudava ciências humanas, percebia que tinha uma inclinação para acreditar em Kant e toda sua filosofia de que a humanidade também possuí bondade, também possuí uma genuína simpatia que uni os homens uns aos outros e os guia para agirem de forma solidária porque há pedaços de braveza e altruísmo retidos em nós.

Louis, antes, era adepto a essa corrente.
Antes.
Porque agora havia essa repartição estratosférica que dividia quem ele era e quem ele se tornou.

Após dias de confinamento em um celeiro sujo e vazio, Tomlinson não conseguia ponderar motivos que justificassem minimamente a crueldade do homem.

Era só inconcebível que pessoas como Ian fossem minimamente capazes de aprisionar inocentes e abusá-los física e mentalmente por anos.

Anos.

Se este era um reflexo do que o ser humano pode fazer, então talvez Hobbes estivesse certo. Somos farsas. Nossa bondade é frágil e advém de uma natureza cruel e medonha que foi tão bem escondida que a maioria de nós tem medo agora de aceitá-la, então vivemos em um limbo agradável ignorando nossas tendências sórdidas e mascarando os desejos sujos.

E neste meio haveriam indivíduos como Ian, que transformou seu poder e riqueza em coerção, dissolveu qualquer receio de incorporar seu lado impiedoso e expôs sua face deteriorada porque cometer atrocidades não o fariam pagar um preço caro. Este é o mundo, e bem-vindo às mazelas. Algumas podem ser curadas, outras te devoram aos poucos.

Louis se sentia caindo, percebendo que, ao final, todos acabamos loucos.

A vida era uma queda, igual a queda de Alice na toca do coelho. No entanto, esta não te conduziria para uma terra mágica, mas para finais cruéis, de personagens tão copiosamente malvados e sórdidos que nem Tim Burton se atreveria a descrever.

Ele próprio concebendo que o pessimismo é o caminho mais realista dentro das nossas condições.

Tudo gritava atrocidade. Desgosto. Aversão. Tragé-

"Loue?" uma voz macia e incerta o chamou, acordando-o de seu tormento.

Louis afastou suas pálpebras com cansaço para flagrar Harry ajoelhado em sua frente, encarando-o sob um sorriso animado enquanto mantinha as portas do armário abertas fazendo com que a claridade invadisse o pequeno espaço de madeira onde Louis repousava.

"Bom dia! Como passou a noite, hum? A Rainha me contou um segredo de manhã enquanto o Chapeleiro estava distraído!" Styles cantarolou, esticando a mão para que Tomlinson se erguesse.

Harry in Wonderland  [❀ls fanfiction ❀]Where stories live. Discover now