Chapter VII

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Episode: You're in my head - moow

"Ei, não pense assim. Você vai conseguir, eu sei. Essa vaga já é sua" Louis dizia na ligação enquanto mantinha o telefone rente entre a orelha e o ombro, suas mãos muito ocupadas juntando os papéis que imprimiu com ideias para a próxima instalação.

Grey estaria nesse instante indo para sua entrevista de emprego, disputando um cargo de médico pediátrico no Rocky Mountain Hospital For Child, um dos mais bem conceituados da cidade. E, certo, Louis em sua posição de excelente namorado deveria estar oferecendo-o mais apoio do que um simples telefonema de incentivo, é só que... é só que haveria essa exposição inspirada nas esculturas romanas que Louis precisava dar atenção no momento.

E... okay, se não fosse por Tomlinson Grey provavelmente já estaria efetivado no hospital que fez estágio em Pittsburgh, mas Louis não se sentia disposto a morar em qualquer lugar sem ser o Colorado, e Grey não se sentia disposto a morar em qualquer lugar sem Louis... o que os trazia para essa situação de um relacionamento com alguns descasos e displicência.

Tomlinson não queria magoá-lo. Não queria pisar em seu coração depois de tantos anos que viveram juntos - primeiro como melhores amigos de faculdade e agora como um casal estável. Talvez este fosse o ciclo de sua vida.

É só que... faltava alguma coisa ali. Louis, no início do relacionamento, sentia a euforia, sentia seu estômago se contrair com borboletas e ele sentia tudo aquilo típico de alguém que caiu em paixão. Esses indícios o fizeram acreditar que estava no caminho certo. E realmente estava.

Mas a sociedade tem dificuldade em compreender que afeições mudam e cansam muito fácil. Muito rápido.

Dificuldade em aceitar que o fato de você perder o encanto não apaga a legitimidade do que foi vivido anteriormente. Às vezes, é só temporário. E tudo bem ser temporário porque ninguém está em uma
produção da Disney.

Pessoas confundem romance com amor.

Você pode se apaixonar e criar os mais belos contos vitorianos, cheios de clichês, com alguém. Isso não significa nada além de um trecho no percurso que o trem da sua vida fez parada.

Romance, romance, romance... não vai além de um tema bonito para se colocar em novelas, em filmes, em livros, e decorar sua imaginação com aspectos prazerosos da existência.

Porque isso não é amor.

Amor não precisa necessariamente ser romântico.
Enquanto romance é uma pequena e frágil flor que atrai todos por sua beleza delicada, desabrochando na primavera e queimando-se no inverno, soterrada por neve, o amor é uma árvore de tronco largo, maciço, que nem sempre aparenta belo ou charmoso, com cascas para fora ou musgos ao redor, mas que independentemente das intempérie sazonais suas raízes ainda continuam ali, preservadas nas camadas do subsolo, para que a árvore permaneça existindo por séculos até que algum homem estúpido venha arranca-la da floresta - o que faz sentido, porque os humanos estragam a natureza tanto quanto os sentimentos.

E Louis de algum jeito acreditava que o que ele e Grey tinham era um laço romântico, efêmero, para naquele período trocarem mensagens adoráveis e sorrirem abobados. Ele gostava disso. Gostava do começo, de como a ansiedade te faz ter expectativas grandes, como a mente se transborda de cenários apaixonados. Esse aspecto de se relacionar com alguém em que você tem uma suave sensação de eternidade.

Para ser honesto, Tomlinson se sentia um desiludido amargurado. Ele não colocava muita fé na vida, sobretudo no campo amoroso. Gostava de viver o momento sem se deixar mergulhar no pensamento de que é "para sempre", de que será firme e pendurará por décadas.
Talvez fosse uma forma de autoproteção.
Talvez uma barreira que ele ergueu inconscientemente para se escudar de desilusões, de quedas que o partiriam ao meio de novo - ele nunca se concertou totalmente desde o último precipício.

Harry in Wonderland  [❀ls fanfiction ❀]Where stories live. Discover now