Um Certo Alguém

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Por incrível que pareça Rodolfo e Bertha se deram muito bem, entre algumas taças de vinho e um jantar bem agradável eles não paravam de contar coisas um do outro. Rodolfo era boa pinta, um tipo simples e educado, bem inteligente, culto e não era um chato como todos os homens que quiseram um dia sair com ela.

Rodolfo - Bom eu sou o irmão mais velho, meu pai teve mais dois filhos do segundo casamento, mas só eu fiquei na lida do campo.

Bertha - E nunca se casou?

Rodolfo - Não, mas foi por falta de interesse mesmo, eu queria era trabalhar e prosperar com meus negócios, consegui, mas a que custo?

Bertha - A solidão sempre nos alcança verdade?

Rodolfo - Sim... _ seu olhar ficou perdido.

Bertha - Mas agora você tem uma amiga _ segurou a mão dele _ vamos mostrar pra todo mundo que somos capazes de nós divertir.

Rodolfo - Obrigada por me escutar Bertha _ colocou sua mão por cima da dela _ nunca encontrei alguém tão compreensível.

Bertha - Pois saiba que comigo sempre vai ter uma amiga pra todas as horas, há muito tempo não tomo um porre com um amigo.

Rodolfo - Por falar em horas acho que o restaurante já vai fechar, acho que nós empolgamos na conversa _ olhou o relógio e o lugar bem vazio.

Bertha - Nos empolgamos de mais verdade? _ sorriu tímida e chamou o garçom _ dividimos a conta?

Rodolfo - Eu já paguei a nossa conta, mas aceito o café que vai pagar pra mim no caminho _ levantou e foi até ela ajudando a levantar.

Bertha - O vinho me deixou zonza, mas vamos pelo café, eu preciso.

Rodolfo - Vamos, vem que eu te ajudo sem problema _ segurou a mão dela cruzando seu braço na frente do seu corpo e a outra mão foi na cintura apoiando na caminhada.

Bertha - Que vergonha _ riu colocando a mão no rosto.

Rodolfo - Relaxa Bertha, você mesmo disse que há muito tempo não toma um porre com um amigo, eu fico feliz que seja eu o escolhido.

Bertha - Tá... Vamos pelo café e bebemos no carro mesmo _ olhou Rodolfo e piscou os olhos prestando mais atenção em seus traços viril.

O caminho foi tranquilo, acharam um posto de gasolina e na conveniência compraram café e um bolinho para Bertha que dividiu com Rodolfo e a quanto mais perto chegavam da casa dela o clima foi ficava mais distraído.

Bertha - Já pensou em casar? _ olhou ele com curiosidade na sua resposta.

Rodolfo - Não pensei nunca em casamento, em namoro sim, mas também não ia buscar mulher por aí, quando aparecia eu aproveitava e ficava um tempo _ olhou ela com sinceridade.

Bertha - Normal de homem solteiro, não condeno, mas eu sei que não é saudável.

Rodolfo - Mas e você, não tem ninguém?

Bertha - Eu fiquei viúva jovem, com uma criança pra cuidar de oito anos e sozinha, já não tenho parentes vivos e meu esposo tinha morrido num acidente _ abaixou o olhar com dor.

Rodolfo - Perdi meus pais quando era adolescente, me separaram dos meus irmãos e quando fiz dezoito peguei eles e terminei de cuidar, criei como irmão mais velho _ sorriu melancólico _ isso afastou as mulheres, sofri com o ninho vazio e até hoje sofro, o caçula tem mais de trinta porém é o meu pequeno, cuido e vou atrás mesmo.

Bertha - Minha filha fez dezoito e me comunicou do trabalho no dia do aniversário, pensei que ela fosse estudar, não sou milionária mas posso pagar pra ela ir a uma universidade.

Rodolfo - Novinha e já trabalha? _ se surpreendeu _ mas o meu irmão começou cedo, pediu pra ajudar na administração da fazenda e eu deixei com gosto _ sorriu lembrando.

Bertha - Ele ainda te ajuda? _ viu a cara dele mudar.

Rodolfo - Não... Não mesmo... _ deu um longo suspiro _ ele preferiu estudar no velho mundo e agora é sócio de uma empresa aérea e tem outros negócios, vive viajando por aí.

Bertha - Olha se sinta muito orgulhoso dele  _ sorriu com cautela e olhou pra estrada.

Rodolfo - Me sinto muitíssimo orgulhoso, mas a saudade bate forte aqui _ apontou o peito.

Bertha - Você acostuma _ sentiu o carro parar e colocou a mão por cima da dele.

Rodolfo - Obrigado pela noite de hoje Bertha, espero repetir outras vezes enquanto estiver aqui _ apertou a mão dela _ te vejo em breve.

Bertha - Amei te conhecer, não devemos perder o contato e temos que nos ajudar nessa solidão mútua ok?

Rodolfo - Ok vamos sim _ saiu do carro e abriu a porta pra ela _ foi um prazer conhecer você.

Bertha - Eu digo o mesmo _ sorriu tímida e foi entrando.

A noite tinha sido aproveitada por ambos, depois de deixar ela em casa se certificou que pegou o número dela corretamente, mandou um oi e recebeu um emoji de coração como resposta. Bertha ficou sorrindo todo trajeto e suspirou pensando em Rodolfo, aquele homem rústico tinha mexido com ela de um jeito sem querer.

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No dia seguinte Bertha não foi ao trabalho, estava em casa com a filha curtindo aquele tempo com ela, mas notou que Cristina estava diferente, muito dispersa e parecia sempre no mundo da lua.
Pediu comida tailandesa porque era favorita das duas e não queria cozinhar só ficar pertinho da filha, por isso enquanto esperava chegar foi até a filha.

Bertha - Vai ficar quantos dias em casa? _ sentou ao seu lado.

Cristina - Amanhã tenho voo doméstico mãe _ mexia no celular tentando achar alguém nas redes sociais _ vou pra Monterrey, depois pra Miami e volto pra cá.

Bertha - Não para em casa filha, chegou ontem e já vai trabalhar _ pegou o celular e sorriu ao ver a mensagem que chegou.

Cristina - Cheguei ontem com pizza e a senhora nem pra me acordar, onde tava? _ deixou o aparelho de lado e olhou a mãe.

Bertha - Fui jantar com o Tom e a esposa filha, sabe que eu preciso sair um pouco de vez em quando _ respondeu a mensagem e deu outro sorriso sapeca _ mas você tava apagada quando eu cheguei, fiz o maior barulho e nada de te acordar.

Cristina - Ei que sorriso é esse mãe? _ tentou pegar o celular da mãe e não conseguiu _ tem galo ciscando no teu galinheiro?

Bertha - Tem nada aqui menina _ guardou o aparelho no bolso _ tem galo nenhum.

Cristina - Ah fala sério mãe! _ bufou e sentou de braços cruzados, mas depois deu um sorriso sapeca.

Bertha iria falar, mas a campainha tocou e quando saiu era o entregador com a comida, pagou o rapaz pegou as bolsas e entrou direto pra cozinha onde a filha já arrumava a mesa.

Cristina - Vai me dizer quem é?

Bertha - Quem é o que?

Cristina - A pessoa que tá falando sempre com você mamãe.

Bertha - Depois conversamos, quando você chegar falamos de tudo Cris, te prometo _ encerrou o assunto e foi começar a se servir.

Cristina - Tá mãe... Mas eu vou cobrar!

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