01. O começo

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Estar na Colômbia não era exatamente o paraíso, o tráfico de drogas dominava o país e o terror tomava conta das ruas. Não era exatamente o lugar mais indicado para se mudar com a família, mas ainda assim o pai de Nina havia arrastado a família para aquele inferno.

Ele havia sido nomeado embaixador dos Estados Unidos na Colômbia e, como um bom ex marinheiro, não poderia ter ficado mais feliz em representar seu país. Arthur não havia exatamente obrigado a filha a seguí-lo, era uma mulher adulta, poderia muito bem ter continuado desperdiçando seu tempo, e dinheiro do pai, na Califórnia. Mas ela havia achado que seria uma boa ideia inicar seu mestrado ali, no meio daquele fogo cruzado.

Sabia que seria um retrocesso para ela ter que voltar a morar com os pais, mas o velho estava irredutível, nunca a deixaria morando sozinha em um apartamento naquela cidade, era perigoso demais. E Nina não estava se sentindo exatamente animada para ter um segurança em sua cola 24 horas por dia, então simplesmente aceitou o fardo, teria tempo para lidar com  aquilo futuramente.

Pelo menos foi o que ela disse a si mesma quando viu o rosto familiar de um dos seguranças do pai esperando por ela do lado de fora da universidade. Soltou um suspiro irritado e diminuiu significativamente seus passos, não gostava de ser tratada como criança e era assim que se sentia. Claro que entendia que o trabalho do pai colocava um alvo em suas costas, mas não havia a menor possibilidade de saberem quem ela era, era só mais uma universitária, pelo menos até as pessoas a verem sendo escoltada de volta para casa.

Deu passos firmes e irritados em direção ao homem e o observou abrir um sorriso simpático, Carlos era um dos poucos homens que trabalhavam com seu pai que não tinha medo de falar com ela, afinal a filha do embaixador era intocável.

—Teve uma boa aula, senhorita Crosby? —O tom simpático quase a fez desistir do showzinho que pretendia fazer quando chegasse em casa.

—O que tá fazendo aqui? Achei que tivesse sido bem clara que gostaria de ter uma vida minimamente normal. —O tom de voz era comedido, as pessoas que passavam provavelmente não conseguiriam perceber o quão irritada ela estava.

—Só estou fazendo meu trabalho, senhorita. —Carlos deu de ombros e abriu a porta do carro para ela.

Nina soltou um suspiro e entrou no automóvel em silêncio, guardaria toda sua irritação para despejar em cima de seu pai.

—Pode me levar até a embaixada? — Falou sem ao menos esperar uma resposta, sabia que o homem tinha ordens de leva-la aonde ela quisesse ir, se não fosse colocá-la em perigo, é claro.

Menos de vinte minutos depois o carro foi parado em frente ao prédio e ela logo se obrigou a descer. Sabia que a bajulação começaria no momento em que colocasse os pés na recepção, agradar o grande Arthur Crosby parecia ser uma tarefa importante para as pessoas naquele prédio. Arrumou desajeitadamente a mochila sobre os ombros e abriu seu melhor sorriso para Verônica, a recepcionista.

—Boa tarde, gostaria de falar com meu pai, por favor. —Apoiou ambos os braços sobre o balcão e admirou as unhas vermelhas da outra mulher.

—Boa tarde, Nina! —A mais velha respondeu animadamente, um sorriso branquissimo e de dentes retos sendo direcionado a garota. —Sinto muito, mas seu pai está em reunião agora.

—Sabe dizer se isso vai demorar muito? —A mochila em suas costas começava a pesar.

—Bem, começou a pouco tempo. —Um olhar de pena estampava o rosto da mulher. —Pode deixar recado, se quiser.

—Não, vou esperar ele acabar.

Nina jogou a mochila no chão e  sentou em uma das cadeiras desconfortáveis do lugar. Vasculhou os bolsos do casaco em busca da carteira de cigarros e soltou um suspiro irritado quando não encontrou nada lá. Pegou o jornal sobre a mesinha de centro e começou a folhear devagar, as notícias eram praticamente as mesmas todos os dias: alguma coisa terrível feita pelos narcotraficantes e como o governo do país sempre parecia omisso quando o assunto era punir aqueles criminosos.

The way I loved you - Javier PeñaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora