02. Estranho

238 31 23
                                    

Javier não sabia ao certo o que estava passando por sua cabeça enquanto encarava os lábios avermelhados da filha de seu chefe. Ele bem sabia que existia um limite que não poderia nunca cruzar, e o limite era aquela garota linda revirando os olhos para ele.

—Vai me dedurar, Peña? —Nina tomou um longo gole de sua cerveja e fez careta.

O moreno virou o restante do whisky na boca de uma vez e virou o corpo para ficar de frente para ela.

—Não, não faz meu tipo acabar com a festinha alheia. —Um olhar sério surgia no rosto dele. —Mas posso te dar um conselho?

—Tenho a impressão que você vai falar de qualquer maneira. —A ruiva abandonou a garrafa sobre o balcão e sustentou o olhar dele.

—Tenha cuidado. —Murmurou em um tom baixo a apenas alguns centímetros da orelha dela. —As coisas costumam ficar bem feias por aqui.

Então ele deu uma piscadela simpática para a mais nova e virou-se para voltar ao lugar que estava anteriormente. Sabia que ela estava encarando suas costas enquanto atravessava o bar relativamente cheio, era quase como se sentisse um formigamento na nuca.

Todas as expectativas que Nina tinha para a noite acabaram no momento em que viu Javier, por mais que ele houvesse falado que não tinha intenção de contar sobre sua pequena fuga ela não conseguia se livrar da sensação de estar sendo vigiada. E odiava aquilo com todas as suas forças.

A cada dose de tequila que virava conseguia sentir o olhar do agente atrás de si, atento a cada respiração das pessoas ao seu redor. Revirou os olhos para uma piada sem graça feita por Juan e julgou Betty por estar rindo da idiotice. Era quase irritante ver o quanto os dois estavam apaixonados em tão pouco tempo. Em um dia a loira estava literalmente dançado em cima de uma mesa em um bar e derrepente ela só tinha olhos para o charme de galã barato do moreno.

—Que cara é essa? —Frankie perguntou enquanto tomava um longo gole de cerveja.

—Como assim? —Tentou se fazer de boba, mas agora a atenção dos três amigos estavam voltadas para ela.

—Você tava tão animada no carro. —Betty se remexeu no colo do moreno para encarar a ruiva. —O que aconteceu?

—Não aconteceu nada. —Cutucou o esmalte desgastado das unhas e olhou para Javier por cima de seu ombro. —Um dos agente da DEA tá aqui.

—Maneiro...—Juan falou animadamente e começou a olhar ao redor procurando por algo. —Acha que ele vai prender alguém aqui? Tipo algum traficante ou sei lá?

—O que? Não! —Suspirou irritada para o amigo e tomou um gole da cerveja de Frankie. —Ele provavelmente só tá bebendo.

Os três começaram a falar várias teorias da conspiração: para Betty, o agente estava ali para conter algum tipo de "ameaça comunista"; Juan tinha quase certeza que ele estava ali para prender alguém que estava vendo drogas no bar; já Frankie achava que tinha alguma relação Escobar. Mas, a julgar pela proximidade de Peña com uma mulher morena, a teoria de Nina era de longe a mais válida: ele estava ali para arranjar alguém para trepar.

E ela não podia julgá-lo por aquilo, afinal ela estaria fazendo a mesma coisa se não estivesse intimidada com a presença dele ali. Observou os sorrisos sensuais que surgiam nos lábios do homem, as risadas falsas quando a mulher dizia alguma coisa que deveria ser engraçada, a maneira como ele se quer disfarçava os olhares para a boca dela. A ruiva sentiu um arrepio passar por seu corpo quando o olhar de Javier cruzou com o seu, ele a havia pegado encarando.

Desviou o olhar rapidamente e começou a ir em direção ao bar com Betty logo atrás de si, a loira não parava de falar sobre como o quase namorado a tirava do sério, mas dizia aquilo com um grande sorriso no rosto. E Nina fingia prestar atenção como uma boa amiga faria.

The way I loved you - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora