08. A descoberta

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Nina sentia-se finalmente livre.

Se alguém tivesse lhe falado que dividiria um apartamento com sua amiga, Betty, há uma semana atrás ela não teria acreditado. Quer dizer, adorava a ideia de morar com uma das suas pessoas favoritas no mundo, mas não acreditaria que Arthur deixaria aquilo acontecer sem causar a terceira guerra mundial. E foi mais ou menos o que aconteceu.

Seu pai ficou completamente transtornado quando descobriu sobre o trabalho voluntário na comuna e ficou ainda pior quando a sua princesinha passou a noite fora, nos perigos da noite colombiana. Nina se perguntava se ele ficaria mais aliviado em saber que ela estava bastante segura na cama de um certo agente da DEA. Manteve aquela informação para si, não queria que nada daquilo respingando no coitado do agente Peña.

Foi estranho ver seus pais a encarando como se estivessem prestes a ter um colapso nervoso. Talvez a maquiagem borrada e a completa cara de ressaca não estivessem exatamente ajudando, as roupas amassadas certamente também causavam seu impacto.

Depois de uma longa gritaria em que Arthur chamou Nina de irresponsável e inconsequente mais vezes do que ela conseguiu contar, ela finalmente resolveu sair de casa. Talvez tivesse tomado aquela decisão no calor do momento, completamente consumida pela raiva, mas agora não conseguia sentir-se arrependida.

Seus pais a haviam criado dentro de uma redoma de vidro protetora, a garota perfeita e obediente. A verdade é que era cansativo pra caralho ser perfeita e, quando seu pai jogou em sua cara seu único deslize, ela perdeu a noção.

Era melhor assim, ao menos voltaria a ter a mínima sensação de livre arbítrio que não sentia desde que havia chegado na Colômbia.

Já faziam quase duas semanas desde que havia se mudado e sua vida estava excepcionalmente ordinária. E aquilo era incrível para alguém que não suportava mais o estilo de vida dos pais. Ali ninguém a dizia que estava comendo demais, ninguém julgava suas roupas e, principalmente, ninguém esperava nada dela. Ela era apenas Nina.

Andou depressa em direção ao endereço que estava anotado em um papel amassado. Talvez tivesse sido uma péssima ideia aceitar sair para almoçar com Connie e Elisa, mas ela meio que achava interessante a ideia de ter mais uma amiga. A loira estava se esforçando para fazer com que Nina saísse um pouco mais do casulo, para que se abrisse mais com ela, mas não era exatamente uma tarefa fácil.

A ruiva soltou um suspiro derrotado quando avistou as duas mulheres paradas em frente ao restaurante, seus saltos altos arrastando pelo asfalto enquanto atravessava a rua até o lugar. Connie parecia radiante como sempre, tinha um sorriso enorme nos lábios enquanto cumprimentava a mais nova. Elisa parecia apreensiva, quer dizer, ela sempre parecia apreensiva. Nina praticamente podia sentir a tensão emanando do corpo da morena, todos seus movimentos pareciam mais cautelosos que o comum.

A garota seguiu as mulheres para dentro do estabelecimento e seu humor piorou drasticamente quando avistou os dois rostos conhecidos sentados a uma mesa. Fingiu não ver os dois homens, seu olhar sendo automaticamente desviado para qualquer lugar que não fosse o homem de bigodes e seu amigo loiro. Apenas continuou seguindo as duas mulheres, olhar fixamente para seus pés parecia uma ótima ideia.

Quando notou haviam parado, finalmente chegaram ao destino final. Nina tentou engolir o nó que se formou em sua garganta quando encarou os dois homens a sua frente.

-Oi! -Connie jogou-se nos braços do loiro e o beijou nos lábios. -Desculpem pelo atraso.

A ruiva não conseguia se quer piscar, estava atônita demais até para fingir normalidade. aquilo não podia estar acontecendo.

-Javier, essa é minha amiga, Elisa. Javier trabalha com Steve.

A morena logo tratou de abrir um grande sorriso e caminhar na direção do agente, trocaram um aperto de mãos caloroso e ela logo sentou na cadeira vazia ao seu lado.

The way I loved you - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora