07. Só mais uma mulher

125 20 2
                                    

Nina acordou atordoada.

O calor desconhecido que vinha do outro lado da cama a fez sentar depressa e olhar ao redor. Era difícil enxergar qualquer coisa na escuridão do cômodo, mas ela não precisava de muito para reconhecer a figura ao seu lado. Ele era marcante, tanto pelas características fáceis que ela achava tão atraente, quanto pelo perfume característico. Sentiu seu corpo relaxar instantaneamente, era melhor estar com ele do que com um completo estranho.

Forçou suas pernas para fora da cama e foi até o banheiro. As lembranças da noite passada voltam aos poucos, logo estava completamente entorpecida pela humilhação. Primeiro ele a renegou e depois ela vomitou em cima dele? Deus, tinha motivos suficientes para nunca mais ficar na presença daquele homem.

A imagem refletida no espelho era completamente desgrenhada e cansada, restos de maquiagem machavam suas bochechas e seus olhos estavam avermelhados. Procurou pela pasta de dentes e usou a escova que imagina ser de Javier.

Quando retornou ao quarto percebeu que o relógio de cabeceira marcava apenas 5 horas da manhã, ainda podia dormir por mais algumas horas até ser colocada para fora pelo agente.

Deitou com cuidado para não acordar o homem, mas ele logo virou-se em sua direção. Ele parecia ainda mais bonito com aquele olhar sonolento, o cabelo desgrenhado caia sobre sua testa quase como em um convite para que Nina passasse as mãos pelos fios escuros.

-Você vomitou de novo?-Sua voz estava ainda mais rouca que o normal, tão baixa que ela sabia que não teria ouvido se não estivesse tão perto.

-Não, pode voltar a dormir. -Ela murmurou enquanto empurrava o lençol para longe de seu corpo, o calor infernal não dava trégua.

Peña soltou um suspiro e voltou a fechar os olhos, seu braço longo estava a alguns míseros centímetros de distância de tocar a coxa nua da garota. Se ele apenas abrisse a maldita mão seus dedos encostariam nela.

E Nina nunca ansiou tanto por um contato quase ingênuo. Só um pouco do calor dele já seria o suficiente, não importava se morreria sufocada pela quentura abrasadora. Ela queria se aproximar e sentir o cheiro assustadoramente familiar que ele exalava, queria sentir a respiração dele sobre a sua pele, sentir o peito dele subindo e descendo contra suas mãos, queria sentir o suor se acumular entre seus corpos.

Nunca havia querido tanto alguém como queria Javier Peña.

Ela poderia apenas empurrar a perna em direção a mão dele e acabar com aquilo de uma vez, mas quem garantiria que ele não iria se afastar? Não precisava de mais aquela humilhação para sua lista.

-Qual é o problema? -E lá estava a maldita voz rouca mais uma vez.

-Como assim?

-Você não para de se mexer, Nina. -Ele bocejou alto e afastou a mão dela.

Mas Javier percebeu o olhar desapontado da garota enquanto acompanhava seu braço afastando-se dela. Toda a linguagem corporal dela gritava sobre o que ela queria: a respiração superficial, os lábios levemente separados, as mãos agarradas ao lençol e, é claro, as coxas apertadas uma contra a outra.

-O que você quer, pirralha? -Quase sorriu quando a ouviu suspirar, a irritação já começava a aparecer.

-Quero dormir, Javier.

Nina murmurou e deitou-se de costas para o mais velho. Não iria entrar no joguinho dele, não quando sabia que ele a renegaria em seguida. No começo achou que fosse sua imaginação lhe pregando peças, que queria tanto aquilo que havia começado a delirar, mas a respiração forte atrás de si não deixava dúvidas.

The way I loved you - Javier PeñaWhere stories live. Discover now