09. Roubo de arquivo

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Nina mexeu no cabelo pela milésima vez desde que havia chegado naquele lugar, estava irremediavelmente desconfortável.

Encontrava-se parada em frente a recepção do Palácio da Justiça há quase dez minutos, a recepcionista falava ao telefone e parecia tão incomodada quanto ela. Arthur Crosby não poderia perder a grande oportunidade de constranger a filha.

Nina havia adiado aquela reunião ao máximo que conseguiu, mas sabia que não conseguiria fugir por muito tempo. Seu pai sempre conseguia o que queria e aquela altura ela já sabia disso. Então esperou o mais pacientemente o possível que a mulher lhe conseguisse uma autorização para entrar no prédio. O motivo da reunião? Bem, Arthur havia decidido que a filha precisava conhecer um senador que ela se quer conseguia lembrar o nome. Depois de semanas de insistência ela havia finalmente cedido, não achava que poderia ser pior que alguma das festas dadas pela família.

—Senhorita? — a garota deu um pequeno pulo de surpresa e tratou de endireitar a postura. A mulher mais velha tinha um crachá com o nome "visitante" erguido em sua direção. —Preciso que coloque o seu nome no crachá, ok? Depois pode ir.

Nina agradeceu e assinou cuidadosamente o local em branco, a grafia cuidadosa de seu nome preenchendo o pequeno espaço completamente.

A cada passo que dava nos imensos corredores do lugar sentia que as pessoas a encaravam ainda mais, talvez fosse culpa do sobrenome cuidadosamente assinado no crachá, ou o cabelo, ele geralmente chamava muita atenção. Mas ainda havia a possibilidade de não ter vestido-se adequadamente para o lugar. Achou que uma calça jeans e uma jaqueta seriam o suficiente para demostrar descaso e, é claro, irritar seu pai.

Percebeu que estava provavelmente indo na direção errada quando os corredores começaram a ter menos janelas, ninguém passava por ali. Virou a esquerda e finalmente avistou policiais parados de frente a uma porta, alguns levavam caixas para dentro da sala.

¿Alguien puede decirme dónde puedo encontrar a Arthur Crosby?

Os homens a olhavam como se viesse de outro planeta, a mediam dos pés a cabeça até olharem para o infame crachá, então pareciam desconcertados, arrependidos de ter cobiçado a filha do embaixador. Permaneceram calados, não pareciam saber como se dirigir a garota.

Foi ai que ele apareceu.

Nina poderia ter pensado que era fruto de sua imaginação um tanto fértil, já que o maldito homem não saia de sua cabeça, mas ele estava realmente lá. Javier Peña vestia um terno de cor duvidosa e, para a surpresa da ruiva, o nó da gravata parecia perfeito. Os policiais logo reagiram a presença do mesmo, as posturas ficaram rígidas e os maxilares pareciam travados. Javier não parecia ser muito popular.

—Senhorita Crosby, é um prazer revela. —ele corria os olhos descaradamente pelas roupas da mulher. —Posso mostrar o caminho até Arthur em um minuto, se tiver paciência.

A ruiva limitou-se a um aceno rápido de cabeça, estava prestes a escorar-se a parede quando sentiu Javier agarrar seu braço e puxá-la para dentro da sala abarrotada. Ela até pensou em protestar, mas não queria causar uma cena na frente de tantas pessoas.

O aperto do homem passou de firme a quase gentil quando percebeu que ela parecia disposta a colaborar. Ele a guiou até o fundo da sala, atrás de uma prateleira completamente entupida de arquivos, e finalmente largou seu braço. Lá encontraram Steve, que estava tão absorto em pensamentos que só notou a presença dos dois quando Peña cutucou seu braço.

O loiro logo fez cara feia quando percebeu a figura pequena de Nina parcialmente escondida atrás do amigo.

—O que ela tá fazendo aqui, Javi?—Murphy bateu com os papéis na coxa exasperado, passava a mão livre furiosamente pelos cabelos. —Achei que tínhamos concordado que você ficaria longe dela.

The way I loved you - Javier PeñaWhere stories live. Discover now