34 | Uma vida normal

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Acordei pensando que já seria de manhã, como se raios fortes de sol estivessem entrando pela janela, porém, foi bem o contrário.

O quarto escuro, só o relógio brilhando em um tom vibrante de vermelho, marcando quatro e quinze da manhã. Tentei dormir de novo, porém, não consegui.

Saí devagar do quarto, pensei em ligar a televisão para passar o tempo, bebi água e analisei a cozinha, Harry sempre teve bom gosto para móveis, parece o mesmo padrão de casa da que construiu no Canadá.

Pensei em ir até à sala, porém, uma coisa me chamou atenção, uma porta e uma chave, tentei abrir, mas estava trancada, então virei a chave e entrei, liguei a luz e meu desanimo foi maior ainda.

O porão, Harry trancou o irmão no porão, desci devagar para espiar, se estivesse fazendo qualquer coisa, eu veria, porém, tudo o que pude ver foi o breu meio iluminado pela luz do corredor, um sofá-cama e o Henry deitado nele, sem cobertores, com a mesma roupa que estava usando dias atrás.

Respirei fundo, sentindo pena dele e me sentindo péssima por sentir pena, nem sobre o Henry eu sei o que deveria pensar, não sei se é ruim, se finge, ou se é bom ou se também finge sobre isso.

Virei de volta para a escada, querendo subir de fininho.

- Cunhada. - Fechei os olhos. - Que foi? O Harry foi ruim para você e resolveu tentar dormir comigo para ver se é melhor?

- Nossa, você é tão engraçado. - Ele riu.

- O interruptor fica aí atrás. - O vi apontar.

Virei e vi o botão para ligar a luz, fiz o que pediu, e então se levantou, sentou na beirada do sofá-cama e me analisou.

- Então, o que foi? Pesadelos? Insônia? Saudade? - Sorriu com a última palavra.

- Nenhum, só despertei. - Cheguei perto. - Ele te trancou aqui.

- Pois é, acontece quando não se confia em alguém.

- E ele deveria confiar? - Sorriu.

- Eu não sei, será? - Voltou a deitar. - Senta aí. - Apontou com a cabeça. - Também não consigo dormir.

Odeio os joguinhos dele.

Fiz o que disse, sentei na beirada do sofá-cama, cruzei os braços e o encarei, super tranquilo, nem parece que não tomou banho e foi trancado em um porão.

- Você deveria contar para ele.

Me lançou um olhar, indecifrável, e então voltou a sentar, bem perto de mim, e negou sutilmente com a cabeça.

- Eu já disse que não.

- Henry...

- Não...

- Ele está desesperado para pegar o pai. - Me ajeitei, pronta para suplicar. - Talvez se trabalhassem juntos, ficaria mais fácil, imagine...

- O que pensa que o Harry vai fazer quando souber? Kay, não dá! - Passou uma das mãos pelo rosto. - Ele tem muitos motivos para me odiar, não vai acreditar nisso, por mais que tente convencê-lo.

- Mas isso tem um motivo, você disse que foi de propósito e insinuou que...

- Eu nunca deveria ter te contado. - Me interrompeu. - Ele não pode saber, não vai acreditar, se ele souber, estamos correndo riscos, meu pai não é idiota! - Respirou fundo. - Não podemos contar nada para ele agora...

- Contar o que para quem?

Encaramos as escadas no mesmo momento, Harry, parado, nos analisando, como uma mãe quando pega o filho a desobedecendo no flagra.

Por todo o meu amor • Harry StylesWhere stories live. Discover now