39 | Decisão

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Pensei muito no caso, dessa vez, diferente das anteriores, incluí a Kayra no assunto, mas não o Mitch, ainda não.

Tenho muitos motivos para isso, ele não pensa com a razão, pensa com a mágoa, então obviamente me faria tirar a ideia da cabeça, mas  a Kayra não é assim, ela pensa de todas as maneiras.

Colocamos tudo na mesa, todos os fatos, todas as falas dele na viagem e até a frase atrás da foto, bombonzinho. Quem escreve isso? Achei brega e soa ridículo vindo dele.

Pareceu muito forçado para me convencer, mas a Kayra garantiu que ele usou dois apelidos para se referir a mulher dele, então, estou cogitando aceitar a proposta.

Se fosse antigamente, eu não contaria a ela, mas aprendi que preciso, o amor não significa se quebrar para ver o outro inteiro, e apesar de eu ter dificuldades de dividir essas coisas, porque sempre penso que seria um caminho melhor me deixar, ainda tento.

Às vezes não entendo ela, e a admiro ao mesmo tempo, tem um monte de gente normal no mundo, com as profissões mais variadas, floristas, garçons, advogados, médicos, atendentes de banco...mas ela quis ficar comigo, o cara mais problemático da face da terra.

Nem a minha família é normal, meu pai é um bandido, meu irmão gêmeo é um psicopata, tenho tentado levar uma vida dupla entre parcerias com o FBI e na delegacia, convencendo as pessoas na minha faixada de policial.

Assim que eu fizer minha parte, assim que pegar meu pai, vou tentar me desligar permanentemente de tudo. Ser um soldado contatado apenas para emergência, e não para "encantar sombras", ainda odeio o cara que me apelidou disso.

Ela me deixou sozinho no escritório, disse para eu pensar e seja qual for minha decisão, me apoia, gosto que ela seja atenciosa e amorosa desse jeito, posso ver que se importa, mas também sei qual decisão prefere que eu tome.

Peguei o telefone fixo e digitei o número, torci para ninguém atender, mas acho que o Henry está ansioso demais, atendeu na primeira chamada.

- Irmão?

Fechei os olhos fortemente, queria poder negar que é meu irmão, mas o cara é igualzinho a mim, e ainda por cima dois minutos mais velho.

- Ainda está em Quebec?

- Sim.

- Onde?

- No hotel perto da balsa que leva para Lévis 

Graças a Deus que não está em Lévis, eu precisaria atravessar a balsa na ida e na volta, e isso é muito trabalho pelo Henry.

- Tem alguma coisa perto para tomar café?

- Tem o Companhia do Pão, serve? - Rolei os olhos.

- Serve, estou indo.

São vinte minutos de carro, me despedi da Kayra, ganhei um beijo rápido e pediu para eu tomar cuidado. Sei que com ela não há pedido, ela mandou, se caso eu morra no caminho, ela me mata mais uma vez.

Segui tranquilo, escutando a voz do mapa me guiando, nunca fui muito para o lado da balsa, depois que Quebec deixou de ser aquele show de horrores, tudo que faço é caminhar na rua de vez em quando, e também monitoro bancos quando o dinheiro chega.

O nome não é Companhia do Pão, o lugar se chama Companhia Com Pão, o ignorante errou o nome.

Não é tão difícil achar o Henry, é só entrar e procurar por mim mesmo, e visto que ele é o único vestindo um calção azul chamativo e um moletom, não foi difícil.

- Está frio para cacete e você está usando calção de corrida? - Sentei na cadeira a frente.

- Olá para você também, Harry, é sempre muito bom te ver. - Bebeu um pouco do café. - Aqui é quente, e o hotel é aqui ao lado, são segundos de frio.

Por todo o meu amor • Harry StylesWhere stories live. Discover now