54 | A grande revolta

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Eu tinha esperança de que as coisas pudessem ser um pouquinho mais fáceis.

Mas já sabia que com uma criança de seis anos em casa não ia ser fácil, a Bella pega tudo para ela, tanto energias boas quanto ruins.

A Kayra precisou ir falar com o FBI três vezes, todas as vezes voltou chorando, porque se sentiu culpada por não saber disso antes.

Nem eu e nem ela concordamos em depor a favor e nem contra, não há o que dizer uma vez que foi pego em flagrante.

O que mais me irritou nem foi o fato de ele ter participado disso, mas o que veio depois. A Kayra ficou uns bons dias pensando, até que foi até o presídio fazer uma visita, e colocar as coisas em ordem.

Ela avisou ele que a Bella não ia de jeito nenhum entrar ali, e ele não fez nada, não disse nada, e nem insistiu para vê-la. Ela foi falando, falando, e falando, e depois de todo o tempo em que ele só ficou quieto, encarando ela, foi que a ficha caiu.

Ele não faz mais questão de nenhum de nós, e a Bella agora provavelmente só tem a nós dois.

Já fazem uns quatro dias que ela acorda chorando, fazendo xixi na cama e não quer dormir sozinha, chora quando o Ed chora e está mais quieta que o normal. Infelizmente as sessões de terapia não fazem efeito do dia para a noite.

Fiquei com tanta raiva um dia, que passei uma hora e meia socando um saco de pancadas, sem luva, passo o dedo indicador pelos machucados de vez em quando.

- Harry. - Despertei dos meus pensamentos. - Você pode?

- Pode o quê?

- Acordar a Bel para mim, por favor. - Kayra pediu.

Pelo visto já fazia tempo que estava me chamando, só assenti e saí, já faz dias que tenho focado só no Ed, estamos fazendo testes ainda, primeiro pensamos que ela se sentiria mais triste ainda comigo tão perto, sufocada, mas agora vamos tentar fazer o contrário, e intercalar de novo.

Abri a porta devagar, como sempre faço, e fui até à cama dela, parando bem ao lado, não gosto de abrir a janela antes de acordá-la, porque sei que isso incomoda ela.

- Bella. - Sussurrei. - Já é hora de acordar.

Ela sempre resmunga, se vira de costas para mim, como se me mandasse sair, mas para o azar dela, tenho muita paciência.

Fico fazendo um carinho no cabelo dela, até que se vire, bocejando e me encarando com os olhos azuis brilhantes. Geralmente chora, mas hoje não, o que me fez abrir um sorriso.

- Já acordou? - Perguntei, e ela teve a capacidade de negar com a cabeça, me encarando, e isso me fez rir. - Vai para lá.

Nunca me aguento, sempre acabo deitando com ela, e já sabe disso, porque sempre me dá um espacinho. Sabe que isso é uma tática minha também, porque é bastante preguiçosa de manhã.

Sempre deito, deixo ela deitar comigo, quase em cima de mim, dou um tempo e levanto com ela no colo, e então não tem mais escapatória, vai ter que escovar os dentes.

Confesso que isso era mais fácil quando ela era menor.

- Bom dia? - Perguntei assim que limpei a boca dela.

Ela me encarou profundamente, como se quisesse mandar eu ficar quieto, mas então sorriu.

- Buongiorno. - Sorri grande.

- Isso! Buongiorno, Bella! - Fiquei bem orgulhoso.

- É igual você me ensinou. - Sorriu grande.

- Sim, igual eu ensinei, é italiano.

Por todo o meu amor • Harry StylesWhere stories live. Discover now