Bailando

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Chegara Outubro. O fim do ano próximo, o que dava um ar de calmaria por todos os lugares. Na última semana eu pegara um resfriado que costumava a pegar em épocas de mudança de temperatura. Embora não fosse um resfriado muito forte eu esperava que passasse logo. A época dos exames escolares era dali a alguns dias e era desgastante estudar com mal-estar.

- Pula, Ace! Não, pula! Ah, não é para rolar no sofá, Ace!

- Desista, Miguel, você nunca vai conseguir.

- Ah, vou sim. - falou fervorosamente. - Talvez não hoje ou não amanhã, mas eu consigo.

- Hum, quero ver. - revirei os olhos. - E Miguel, não pense que esqueci não, viu?

- O quê? - Perguntou inocentemente olhando para mim.

- A história que você está escrevendo. O romance com a centopéia.

- Ah... - Miguel riu - Bem, o que tem ele?

- Você vai insistir em não me deixar ler? - Fingi estar chateada.

- Não está terminado. Tem muita coisa a acrescentar e mudar, e alguns detalhes que eu ainda não escrevi.

- Você um dia vai me deixar ler?

- Hum... Talvez. Eu posso lhe contar a sinopse se você quer tanto ler assim.

- Ótimo. - Bati palmas, empolgada. - Vamos lá.

-Hum, - começou ele sem jeito. - É sobre um jovem solitário cuja única diversão na vida é escrever.

- Ah, um outro escritor! - falei. Miguel ergueu a sobrancelha para mim. - O.K., desculpe.

- Bem, esse homem, Robson, encontra uma mulher em uma estação de trem chuvosa. Esta mulher não era linda ao extremo, nem tinha algum atrativo que a tornava especial, exceto sua simplicidade. A simplicidade em seus gestos encantou Robson. Ele conversou com a mulher por um quarto de minuto, esta lhe perguntara as horas e comentara que adorava dias chuvosos, contudo a fixação pela mulher foi tão grande que não lhe ocorreu durante dois dias inteiros um só pensamento que não fosse sobre ela. Por fim, ele não conseguiu mais ignorá-la e tentou, através de mínimos rastros, encontrar a simplória moça que povoava seus sonhos.

Uau. A história deveria ser realmente boa, senti uma enorme simpatia pelo jovem Robson. Falei isso a Miguel.

- Que bom que você gostou.

- Eu quero ser a primeira a ler quando ele ficar pronto, certo?

- Prometo. Mas só quando ficar totalmente pronto.

- Certo.


****

Então nós três saímos do carro. Eu não estava muito animada para encarar uma festa cujos conhecidos meus se resumiam a três pessoas: Victória, Rafael e Cris. Isso porque Vicky não conseguira convencer o irmão a ir. O acontecido me desanimou um pouco, afinal, de que adiantava uma festa em que não se conhecia ninguém? Ainda assim, Victória me convenceu dizendo que seria legal, que eu iria conhecer pessoas novas e outras baboseiras.

Acabei indo só para não chatear Vicky. Fiquei chocada com a minha falta de personalidade..

Descemos do carro em frente a uma casa que ficava bem próximo ao V. Agostini. Eu estava tão desanimada que chegava a ser constrangedor. Na noite anterior quando eu fui pedir ao meu pai autorização para ir à festa tive esperança que ele dissesse não. Porém, pude contar com Vicky ao meu lado garantindo a meu pai que estaria tudo bem, que os pais do Cris estariam lá e mais dezenas de argumentos.

O irmão de minha irmãWhere stories live. Discover now