CAPÍTULO 28

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Lilyana

Ele não diz o que quer fazer, então eu apenas o olho com curiosidade.
Antes que ele possa mudar de ideia, me sento no chão, enquanto encolho meus joelhos na altura do peito.

- O que está fazendo? - ele pergunta um tanto incrédulo.

Eu não pretendia ficar aqui, mas a Elfa me avisou para não entrar, e ele me disse que poderíamos ficar.

- Estou esperando.

- O que exatamente você está esperando?

- Aquela coisa voltar, quero ver outra vez.

Ele não discute, e se senta ao meu lado, e eu aqui esperando que ele fosse perambular para outro lugar, erro meu.
O silêncio se instala, e eu não faço nada para quebrá-lo, por algum motivo, esse silêncio parece calmo, não está me dilacerado.

Quando nenhum som é ouvido, o barulho dos meus dentes batendo um contra o outro se torna mais alto, eu mal perceberia em outro momento.
O olhar de Arktis vira em minha direção, e eu apenas sorrio para ele, enquanto fumaças da minha respiração aparecem no ar.

Uma careta se instala no seu rosto, e ele parece considerar algo, então surpreendente ele diz:
- Venha aqui. - enquanto aponta para o lugar entre suas pernas.

Eu estou prestes a recusar, quando ele me agarra pelo pulso e me puxa. Sem qualquer cerimônia, sou coberta por seu casaco, enquanto ele me aconchega em seus braços.
O cheiro de sua essência me invade, e eu estou perdida por um momento.
Talvez, apenas talvez ele não seja tão rabugento quanto pensei.

- O que você está pensando em ver aqui?

- Estou pensando em ver novamente. -
Digo corrigindo-o.

- E o que você planeja ver novamente?

Eu penso em apenas mantê-lo de fora da minha curiosidade, mas ele está aqui, mesmo no frio congelante, e tendo a opção de ir.

- Antes daque... de você chegar, havia algo naquela floresta.
Estava espreitando, não sei dizer se estava querendo sair, ou que eu entrasse, mas estava lá. - eu aponto para onde a sobra fantasmagórica estava.

Ele parece confuso, mas não diz que é minha imaginação.

- Não sei o que viu, mas as criaturas daquela floresta não costumam ficar tão próximas, e não acho que vão se aproximar novamente. - Ele se levanta, e logo depois, me pega nos braços. - E eu não quero que você congele até a morte, então se você quiser, posso dar uma olhada em uma outra hora.

Quero dizer para ele me colocar no chão, e que posso andar, mas o momento é agradável demais para me importar.
Arktis me carrega de volta, mas não para onde a festa estava acontecendo. Ele toma o caminho para o castelo, enquanto me carrega como se eu não estivesse pesando nada.
A exaustão me domina, e minha consciência se perde no cheiro da sua essência e calor, e pego no sono.

___________

Eu me acordo em um susto quando alguém bate na porta. Meus olhos pulam para o meu corpo, e vejo que todas as minhas roupas estão lá, inclusive o casaco de Arktis, mas meus pés estão limpos, sem nenhum vestígio de terra.

Quando digo para entrar, dou de cara com as gêmeas, e surpreendente, Alice.
Eu não a tenho visto muito ultimamente, e estava planejando arrastá-la comigo, para que passade mais tempo ao meu lado.
Pretendia perguntar quem me colocou na cama, mas as expressões em seus rostos me assustam.

- Algo aconteceu? - com a minha pergunta, Alice cai de joelhos no chão, e começa a chorar. Calandriel e Aredhel a confortam, mas me olham com certa pena, pela primeira vez desde que cheguei.

- Me desculpe, Alteza. Eu sinto muito.

Corro até Alice, enquanto embrulho seu corpo em um abraço .

- Por que está se desculpando?

- Recebi uma carta do meu pai.
Nos últimos dias, eu tinha enviado cartas, pedindo que ele tomasse conta de Rea, que seu casamento está próximo e dizendo que estou bem e me adaptando. Mas hoje ele me respondeu.

Talvez tenha sido por esse motivo que ela não tenha sido vista nos últimos dias. A fronteira tem um sistema onde se pode enviar e receber cartas, o único problema, é que é longe.

- Se ele a respondeu, por que está chorando, Alice? significa que tudo está bem, acalme-se.

- Na carta, ele me disse para retornar à Miliest. Disse que vou me casar com o filho de um nobre.

Meu mundo de desfaz, mas eu não consigo reagir rapidamente.

Alice tinha vindo comigo por escolha, não ordens do pai, talvez Lucien não tenha ficado contente com isso.
Demoro para conseguir filtrar a voz dela novamente, em meio às lágrimas, que não sei dizer se são minhas ou dela.

- Eu conversei com a Rainha, pedi que ela intervisse de alguma forma, mas meu pai foi mais rápido. Ele enviou uma carta para ela também. Gurdas irão me buscar na fronteira, depois da cerimônia do seu casamento.

- Elbereth não pode fazer nada?

- Não. Se ela intervir, ele e o Rei vão tomar isso como um ato rebelde da minha parte, e eu serei deserdada.

- Eu sinto muito, Alice. Sinto por não poder fazer nada.

- Darei um jeito Alteza. Ele havia prometido não me casar contra minha vontade, eu voltarei. E pelo menos eu ainda posso ficar até até casamento.

Eu forço um sorriso, me obrigando a engolir o fato de que vou perder minha amiga mais preciosa, e a última coisa comum da minha vida antes de Asderf.

- Vamos dar um jeito, não se preocupe. - nem mesmo eu acredito nas minhas próprias palavras.

Entre Laços e Sangue Where stories live. Discover now