CAPÍTULO 29

14 4 5
                                    

Lilyana

Quando o dia do casamento finalmente chega, sinto que estou quase prestes a morrer.
Seja a angústia, pela partida de Alice, ou o medo, pelo próprio casamento.

Novamente as gêmeas batem na porta no horário que os primeiros raios de sol aparecem no céu.
Mirah aparece junto com Calandriel, enquanto ela me informa que Aredhel esta encarregada de preparar meu quarto de casal, e que depois eu a veria
.
Meu coração erra uma batida.

Um quarto de casal. Tinha esquecido do fato de que vou dividir uma cama com Arktis, o ar parece fugir dos meus pulmões.

Logo, Alice aparece, trazendo tecidos, e enfeites de cabelo, com Denethor e Aerin seguindo logo atrás.

Mirah me coloca de pé em um banco, enquanto avalia as cores dos tecidos.

Dessa vez não foram tecidos são coloridos. Se eu bem me lembrava, Aredhel tinha tido que os trages de casamento seguiam uma certa ordem de cor, e que nem todo vestido era colorido. Devido ao título da realeza.
Nos casamento humanos, eram usados vestidos brancos, para alguns elfos, era vermelho carmesim.

Calandriel e Alice começam a enfeitar meus cabelos, enquanto Mirah termina o vestido.

Aerin e Denethor haviam se retirando, dizendo que precisavam se arrumar também.

Me olhando no espelho, vejo como as linhas do meu rosto foram destacas, e minhas bochechas rosadas com pó,
meus lábios pintados de vermelho.
Talvez mamãe ficasse orgulhosa de mim, eu gostaria de tê-la aqui, gostaria de Rea aqui. As memórias de Rea muitas vezes rindo ao meu lado estão começando a ficar distantes, assim como as de mamãe.

Eu posso sentir as lágrimas à espreita, então as espanto, para evitar desfazer a maquiagem.

Quando sou vestida, e devidamente preparada, minhas damas e a costureira se despedem, me deixando sozinha no quarto, o silêncio me afogando em ondas infinitas e escuras.

Uma batida soa na porta, e eu estou pronta para ir abrir, mas quando eu seguro a maçaneta uma força a puxa de fora.

- Não abra, apenas quero saber como está, mas não posso vê-la ainda.

A voz de Arktis filtra pela porta, e minha respiração se acelera.
- Sinto muito se está com medo, Lilyana. Sei que pode ser difícil, devido às diferenças, mas... - ele parece considerar as próximas palavras. - Vou fazer o possível para deixá-la confortável.

- Não estou com medo apenas pelas diferenças. - quero dizer, mas minhas voz não passa de um sussuro quando falo com ele.
- Eu não sei o que fazer, Alice irá embora após o casamento, e depois que ela se for... ficarei sozinha, não terei ninguém.

- Estarei aqui, vou estar ao seu lado, e ajudá-la como for possível. Mas por agora, tenho que ir, nos encontramos em alguns minutos.

E então seus passos se afastam, e eu suspiro em derrota, ou esperança.

Eu dou passos relutantes ao lado de Alice, ela está me acompanhando até o altar. Apertando o seu braço ao meu, e eu seguro as lágrimas.
Eu estaria me despedindo de outra parte de mim quando ela se fosse.

Há Elfos em todas as direções que eu olho, e Arktis se destaca entre eles. Ele é o único vestindo trages de caça, e agora percebo, é a tradição deles.

Seu olhar encontra o meu quando ele toma a minha mão, e me leva para o altar de pedra.
Quando eu olho para a frente, dou de cara com olhos escuros. Sim aqueles olhos.
O da elfa que eu encontrei quando me escondia de Arktis. Suas feições são diferentes sob a luz do dia, mas os seus cabelos ainda são tão pretos quanto o ébano.

Seus olhos se suavizam, enquanto ela dá um leve sorriso. E começa a murmurar palavras em uma língua que eu não entendo. Todos estão em silêncio, enquanto ela fala.

Ela ergue uma taça em direção aos céus, e depois a entrega para Arktis.
Sua expressão está calma enquanto ele toma um gole do que quer que esteja lá dentro, e entrega pra mim.

- O que é isso?
Ele solta uma risada abafada.

- Prefiro de dizer depois de você beber.

Eu engulo um pouco do líquido, e uma onda de palmas surge.

- Vocês estão unidos perante os deuses, a união é abençoada. - diz a Elfa.

Arktis me puxa para fora do altar, enquanto dança comigo. E uma onda de risadas deixa minha boca.

Certo, eu posso esquecer as coisas ruins por algumas horas.

Entre Laços e Sangue Onde as histórias ganham vida. Descobre agora