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Há alguma coisa no vento
Eu posso sentir soprando
Está chegando suavemente
Nas asas de uma bomba

Lana del Rey - Change ”

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No silêncio suave do entardecer, Martinne concluiu mais uma sessão de estudo, cuidadosamente fechou o caderno e guardou a caneta. Com a luz diminuída que penetrava pelas cortinas, ela inferiu que a noite já havia caído. Uma semana se passara desde que chegara àquele lugar, e sentia que sem Henry e Scarlet, poderia facilmente perder a sanidade. A presença de Brandon pouco havia aparecido no hospital na última semana.

A entrada da enfermeira interrompeu seus pensamentos, mas notou que não era a mesma de antes; agora era uma loira de aparência angelical. Observando cada movimento dela, Martinne percebeu o toque delicado e gentil da jovem. Após afastar-se, a enfermeira dirigiu-se a Henry, que roncava e ressonava. A menina quase riu ao vê-lo acordar, mas conteve-se.

― Vou dar banho na paciente, peço que se retire. ― disse a enfermeira, abrindo a porta para Henry, que se espreguiçou e saiu, lançando um último olhar para a amiga.

― Espere lá fora. ― ordenou a enfermeira, antes de ajudar Martinne a sair da cama e levá-la ao banheiro, que era tão elegante quanto o quarto.

[...]

Henry voltou ao quarto, encontrando a morena já limpa e vestida com roupas novas, seus ferimentos agora devidamente cuidados. Sua perna estava consideravelmente melhor, permitindo-lhe andar sem que grite de dor, mas o ombro ainda doía e restringia seus movimentos.

― Não gostei daquela enfermeira. ― disse Henry, sentando-se no sofá ao lado da cama, enquanto ela observa com sorriso no rosto.

― Você poderia me trazer um chocolate? Aquela sopa terrível deixou um gosto péssimo na minha boca. ― Austin, fazendo os olhos lacrimejarem, sabendo que sempre funcionava com Bitencourt.

― Não faça esses olhos, se nos pegarem, serei expulso do hospital.

― Ninguém vai saber, e olha, você está um tiquinho assim de eu te perdoar. ― Martinne fez o gesto com os dedos e faz beicinho.

― Está bem, mas é a última vez que eu me arrisco por um doce para você. ― o garoto diz cedendo à súplica silenciosa da amiga.

Henry possuía uma beleza deslumbrante e uma aura encantadora. Seus cabelos tinham o tom suave do mel, tão claros que, sob os raios solares, poderiam ser facilmente confundidos com um loiro radiante. Seus olhos compartilhavam a mesma tonalidade dourada, acentuando o charme do conjunto. Sardas delicadas salpicavam seu rosto, adicionando um toque adicional de inocência e jovialidade. Sua figura esguia e bem proporcionada dava a impressão de alguém que frequentava regularmente uma academia, embora ele nunca tivesse levantado um peso sequer em toda a sua vida.

Apesar de despertar a admiração de todas as garotas ao seu redor, ela nunca sentiu por ele algo além de uma profunda amizade, uma conexão baseada em confiança e cumplicidade.

A garota desviou o olhar para a janela do quarto com o pensamento. As luzes da cidade cintilavam delicadamente, envolvendo-a numa atmosfera serena. Sua mente divagou para a visita inesperada de Mareane e sua neta Aaliyah. Ela recordou o quanto foi reconfortante conversar com elas. A presença familiar e as histórias compartilhadas trouxeram um breve momento de alívio para ela, lembrando-a de quanto Aaliyah era desconfiada e temerosa. Ela sentiu um aperto no coração ao perceber como a vida mudara drasticamente nos últimos tempos, transformando-se em uma batalha constante pela sobrevivência e pela compreensão do que estava acontecendo ao seu redor.

Vermelho: a cor do sangueWhere stories live. Discover now