Capítulo 18

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Valentina manteve-se estática, mas saiu do transe assim que viu a arma prateada na mão de Marina . Seu corpo todo gelou. Luiza estava ali. Juliana e Camila estavam ali. Tudo desandou e ela faria de tudo para proteger as três.
Deu um passo na direção de Marina , mas parou quando sentiu uma mão da morena segurar seu braço.
— Val ...— A garota virou-se para olhar nas orbes chocolate, que ao contrário do que pensava, não demonstravam pânico, e sim confusão.

— Fiquem quietas e caladas. — Valentina sussurrou para as três garotas atrás de si, enquanto se desvencilhava da mão da morena .
Tomou uma respiração profunda e contou os cinco passos até estar diante de Marina .
— Marina...— A voz de Valentina saiu como uma súplica, e a mão alva tocou a mão da maior.
Valentina observou o rosto sem expressão de Marina transformar-se em uma expressão triste direcionado à ela.
— Por que não me chama de mãe, Val? — A mão de livre Marina tocou o rosto de Valentina levemente.
— MÃE? — A voz de Juliana ecoou por todo o porão, alta demais.
A latina contorceu-se e uma careta se formou em seu rosto ao receber um beliscão de Camila , e um ''fique quieta!'' baixinho da namorada.
Valentina virou-se lentamente em direção à elas.
— Marina é minha mãe. Marcos e Catarina esconderam porque tinham vergonha de uma adolescente grávida e me registraram como filha deles. — Valentina tentou soar firme, e agradeceu aos deuses quando conseguiu. Virou novamente para encarar o verde intenso dos olhos de Marina. — Eu te chamo de mãe, mas não as machuque. Por mim. — Agarrou a mão da mais velha.
O fato é: Valentina não era ingênua. Nunca foi. Sabia bem o poder que exercia sobre Marina. Sabia também que o carinho e as expressões da mais velha direcionados à Valentina eram sinceros. Mas doía saber também que era uma assassina e que nunca poderia sentir-se bem com ela como se sentia há anos.
Marina espirou fundo e deu um passo a frente.
— Dêem-me os celulares. Agora! — Ordenou com a voz fria.
Luiza foi a primeira a entregar o aparelho, seguida de Camila, e Juliana muito a contragosto entregou civilizadamente, querendo internamente jogar aquele celular na face de Marina.
— Pra lá! — Apontou para onde Anny estava sentada.
As três caminharam lentamente, e assim que chegaram no lugar apontado, Marina pegou de um armário algumas correntes, jogando no pé das garotas.
— Coloquem! — Ordenou mais uma vez, e foi acatada por elas.
Assim que certificou que todas estavam presas e as correntes fixas no suporte da parede, caminhou novamente em direção a Valentina, que tinha o rosto agoniado.
— Vamos Val. — Marina estendeu a mão, parada no primeiro degrau da escada.
A mais baixa olhou na direção das meninas e moveu os lábios sinalizando com eles um ''tudo vai ficar bem'' e encarou os olhos castanhos de Luiza com amor e proteção. Agarrou a mão de Marina, subindo com ela até sair do porão.
— OH MEU DEUS! — Luiza caiu sentada e pôs as mãos na cabeça. — Vamos morrer, vamos morrer, vamos morrer... — A morena repetia incessantemente.
— Campos. Não surte. Não agora. Não vamos morrer. Só precisamos manter a calma. — Juliana falou lentamente, sentando ao lado de Camila .
— NÓS VAMOS MORRER! — Camila gritou enquanto lágrimas começaram a rolar no rosto alvo.
— CALEM A BOCA! — Anny gritou e as três olharam em sua direção. — Já perceberam que essa maluca faz tudo o que a Valentina pede? Ela não vai deixar que vocês morram. — Anny suspirou esfregando as têmporas. — Tenho todas as provas no meu e-mail. — Completou murmurando.
— O que você descobriu? — Juliana perguntou curiosa.
Anny contou tudo o que viu. As fotos no apartamento de Verônica . As conversas por e-mail. Tudo planejado para os assassinatos. O planejamento da própria morte. Camila apenas fungava. Juliana e Luiza permaneciam estáticas ouvindo tudo.

— Precisamos mesmo sair daqui. — Foi a única coisa que Juliana disse.
...
Valentina não dormiu. Depois que Marina a fez tomar banho e deu-lhe sanduíche e um copo de leite e saiu de seu quarto, Valentina passou a caminhar freneticamente pelo cômodo, e quando ouviu passos se aproximando, jogou-se na cama e fingiu dormir.
Seu coração acelerou quando ouviu a porta do quarto abrir-se e a cama afundar ao seu lado. Mas seu corpo gelou por inteiro e um arrepio passou desde os dedos de seu pé até seus cabelos quando Marina afagou seu rosto e sussurrou um 'elas precisam morrer, Val, sinto muito.'' E saiu, trancando a porta.

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