Meus dedos passam atentamente sobre as linhas em branco de um extenso e longo rascunho, a página seguinte segue o mesmo fluxo que as anteriores.
Em um mar branco sem fim.
Tomo meu café, leio o jornal, e penso. Mas nada, completamente nada. Eu odeio essa falsa esperança e detesto não poder terminar o romance que comecei a escrever no fim do ano passado. Me irritei e fechei o caderno, inspiro e expirou como se isso pudesse manter minha sanidade.
Olhei meu celular vibrar em cima da mesa repleta de papéis espalhados, e assim que o peguei revirei os olhos. Matias ou o senhor otimismo como eu gostava de chamar, me ligava todas as manhãs e essa não seria diferente.
— Kitten! Bom dia, hoje temos panquecas pro café! — Sua voz em plena sete horas da manhã me faz revirar os olhos.
— Temos não, você, apenas você tem. — Corrijo e o vejo gargalhar no outro lado, Matias estava estranhamente animado, o que frequentemente me fazia querer espanca-lo.
— Uau! Tão doce quanto a metade de um limão. — Exclamou com aquela voz tão irritante que meus ouvidos doíam.
Matias e eu somos amigos desde sempre, nascemos e fomos criados juntos. Ele sempre teve um jeito animado, tagarela, quase insuportável, eu diria, mas ainda assim ele sempre foi o primeiro que corri para abraçar no meu melhor e no meu pior momento.
— Tenho uma boa dose de cafeína e torradas. — Apresentei meu maravilhoso, quase platônico, café da manhã.
— Não se cansa? O mesmo café da manhã dos últimos 4 anos desde que se tornou adulto. Está na hora de dar uma atualizada, Sour!
— Hum, já está na hora de parar de me tratar como criança. E meu café da manhã é perfeito. — Adverto com uma risada fraca, eu realmente gostava do que comia, sem necessidades de mudar.
Me sentei em uma poltrona e analisei os cômodos da minha casa, a mesinha que encontrei na rua e aos poucos reformei até que ficasse tão bela quanto uma nova, os livros na estante grande parte escrita por mim e com toda certeza eu não estava pronto para mudá-los de lugar. Para alguns mudar é fácil, uma alegria, mas para mim mudanças são quase o fim de uma vida. Mudar. É algo que me tira dos eixos.
— … Mas aí ela simplesmente me deu um pé na bunda! Eu não acredito, é a segunda mulher que me manda a merda por causa do meu problema, sério, isso é mais frustrante do que você estar com bloqueio criativo. — A voz dele me traz de volta para a realidade, eu não faço ideia do que ele falou antes, mas tenho certeza que é sobre seu relacionamento ter chegado ao fim.
Matias tinha um problema, ou melhor, um defeito. Ele gostava de se envolver verdadeiramente, planejar o casamento, quantos filhos vão ter, onde morar, o que trabalhar para sustentar a família, porém, isso assustava a maior parte das garotas. Então ele era descartado como uma casca de banana.
— Ei, não use meu bloqueio contra mim!
Sorrio jogando a cabeça para trás.
— Você só escutou essa parte? Vegas! Eu preciso de um ombro pra chorar! — Apenas deixei que ele fizesse seu drama e neguei com a cabeça quando ele enxugou as suas falsas lágrimas com a toalha da mesa.
— Faça que nem eu e viva uma vida simples, quieta e sem interesses amorosos.
— E morrer sozinho? Não, eu passo.
— Então vai a merda.
O vi gargalhar ao me irritar, e ele amava isso. Tirar minha paciência era a coisa que mais amava fazer e posso afirmar, eu sentia falta quando ele não me irritava.
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𝐒tories 𝐂afe × VegasPete
FanfictionVegas é um talentoso escritor que apesar do sucesso está enfrentando um bloqueio criativo. Para buscar inspiração, ele decide visitar uma nova cafeteria que abriu na cidade, animado e empolgado, ele se vê a mercê dos sentimentos que brotam em seu co...