Capítulo Dois

101 24 45
                                    

  Faz exatas três semanas que eu frequento a cafeteria todos os dias na parte da manhã e descobri que Pete só trabalha em três dias mas não deixo de ir nos outros dois para que não pareça que estou perseguindo ele. Estou envergonhado o suficiente por não conseguir pedir o número de telefone dele ou o chamar para um encontro por que eu estou louco para conhecê-lo.

Pete sabe meu nome. Isso deveria ser o suficiente, mas não me satisfaz como eu imaginei.

     Talvez eu esteja tendo um crush enorme no garçom que faz meu pedido três vezes na semana, ou estou obcecado por ele, ainda não sei qual é o pior. Hoje foi diferente por que eu trouxe meu notebook a fim de adiantar algo na minha história mas nem sequer abri ele, meus olhos estão grudados na imagem de Pete andando de mesa em mesa, ansioso para o momento que ele vai chegar a minha e vou poder falar com ele mas dessa vez ele não vem a mim ou a qualquer outra mesa por que assim que me vê ele sorri e acena de longe, creio que já está indo em direção ao meu pedido por já saber exatamente o que eu pediria.
Isso me deixava de coração quentinho, eu sempre fui uma pessoa difícil de demonstrar gostar das coisas ou assumir quando não gosto de algo. Ele era o meu oposto, além de bonito conseguia ser atencioso, extrovertido e o melhor conseguia ser gentil até mesmo com quem desrespeitava ele.

      Enquanto isso existia eu, um cara alto, magro e feio de cabelos levemente ondulados e escuros e que escrevia os piores romances da fase da Terra.

Sou um tédio completo.

      Nem sei por que ainda estou aqui, ele não vai gostar de mim, nem me querer por que eu sou Vegas Theerapanyakul, um escritorzinho meia-boca que acha que por algum milagre ganharia a vida vendendo meus livros. Não é assim que funciona, nunca vai ser assim.

Ou você nasce rico ou nasce pobre.

       E eu nasci pobre, minha vida toda se resume em vale refeição, trabalhar o máximo para pelo menos pagar meu apartamento e ter uma comida decente e não em viagens, carros caros e fotos maneiras para o Instagram.
Na verdade, no meu Instagram tem uma foto minha e o restante é dos livros, eu odeio minha aparência, odeio a forma como seus dentes ficam quando sorrio ou a cicatriz que tenho na sobrancelha, odeio quando pedem fotos e eu não consigo negar. É horrível criar essa camada de insegurança por cima de insegurança, queria apenas ter grana pra fazer uma cirurgia plástica e melhorar minha aparência, mas sempre que vejo o que deu errado em quem tem dinheiro pra fazer, eu desisto.

     Pete se sentou do meu lado e me arrepiei todo quando ele tocou meu braço, meus olhos se encontraram com os seus e eu tive que conter meu desejo de gritar. Era como se mil borboletas estivessem voando e batendo uma nas outras em meu estômago.

— Vegas, está tudo bem? Não para de encarar o chão. — Aquela voz, aquela maldita voz que fazia tudo em mim tremer como um jovem na puberdade.

— Uh? Está sim, apenas estava pensando. — Tentei disfarçar ao que pegava o Cappuccino com uma fatia de bolo de morango, minhas mãos tremiam levemente quando ele contraiu os lábios e tirou um papelzinho pra me entregar. — O que é isso?

— É meu número. Isso é um pouco estranho. — Ele riu e eu me derreti por completo, aquele sorriso era lindo demais. — Eu sinto que podemos ser grandes amigos, gosto de você, Vegas.

“Eu gosto de você.”

     Eu não devia estar tão emocionado, mas meus olhos brilhavam tanto que foi difícil disfarçar, lentamente coloquei o papel na minha camisa para que ele não se arrependesse antes que eu pudesse mandar a primeira mensagem de texto a ele. Mordi o lábio inferior contendo um gritinho que tentava escapar, e sorri como um maldito idiota ao que andava em direção a saída.

𝐒tories 𝐂afe × VegasPeteWhere stories live. Discover now