Luna 14

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                           Luna
                             14

Eu não conheço as ruas aqui nesse bairro, mas a distância não foi tão grande e em dez minutos o Miguel parou o carro perto da padaria em que joguei café nele.

- Não faz barulho quando a gente entrar.- Saiu do carro e eu desci confusa.
O mesmo travou carro e foi andando até o final da rua, paramos em uma casa grande com o portão de alumínio entreaberto.
Ele olhou pra mim e abriu espaço pra eu fosse na frente.

Ouvi uma música, na verdade só a melodia e parece ser jazz.
Senti o Miguel tocar levemente no meu ombro e apontar pra janela enquanto caminhava até lá.
O mesmo parou e quando eu parei ao lado dele dei cara com uma aula de dança.

A sala tinha algumas senhoras e algumas crianças sentadas no chão.
As paredes com espelho imensos e barras, toda no tom de rosa pastel e o chão era tão limpo e liso que chega a brilhar.

- Olha quem tá ali.- Falou baixo e apontou o dedo pro cantinho da sala. A Dudinha estava de tutu rosa e acompanhava o ritmo da professora.

Acabei rindo do jeitinho dela, todas as crianças sentadas e ela em pé dançando, linda.

A música parou e o Miguel me puxou pela mão nos fazendo sair correndo de fininho pra fora da casa.
Ele soltou minha mão assim que chegamos no lado de fora.

- Não para, se elas me pegarem aqui vão bater a língua pra Poly.- Deu outra corridinha e eu acompanhei rindo.
Entramos no carro e olhei pra ele que dia também.

Eu devo ser a pessoa mais hipócrita da terra, grito com o cara e depois tô de risinho.

- Tá, agora me explica! Tu anda vendo velha dançar, Miguel ?.- Ele me olhou de relance e torceu a boca o que me fez rir.

- Esse pequeno espaço é da Poly, ela da aula grátis de ballet e jazz as quartas. Montou o estúdio trabalhando pra caralho em um restaurante na barra.- O mesmo se virou pra mim e soltou um suspiro pesado antes de continuar.

- E perderia tudo isso se eu não fizesse nada. Essa padaria aqui existe a mais de trinta anos e vende o melhor sonho que eu já comi na vida...- Virou pra frente novamente e deu partida.
Eu não estava me sentindo culpada até agora e droga, a sensação é horrível.

- E a minha intenção não é te fazer a filha da puta, eu só tô te mostrando que não é tão fácil assim de superar.- Fez aspas com os dedos.

- Tem outra coisa pra me mostrar?.- Me dei por vencida e ele riu baixo concordando.
Liguei o som do carro e começou a tocar uma do Sorriso Maroto.

Paramos na frente de um bar que tinha a maior cara daqueles bar de beira de estrada.

  Assim que entramos no bar o pagode encheu meus ouvidos e eu fiquei até feliz, tava tocando grupo revelação.

- Zé! Veio tomar uma hoje?.- Um senhor perguntou atrás do balcão e ele negou rindo.

- Que nada, trouxe essa garota pra conhecer o melhor da vila.- O Senhor baixinho me olhou e sorriu, fiz o mesmo pra ele.

- Vai uma geladinha, moça?.- Neguei também e me apoiei no balcão.- Os dois estão fracos.

- Eu não toma nada alcoólico, mas agradeço se o senhor trouxer uma coquinha gelada.- Ele piscou e foi até o freezer pegar minha latinha que logo já estava na minha frente com um copo.

- Abre pra mim, não consigo por causa da unha.- Pedi ao Miguel e ele abriu a latinha pra mim, serviu também meu copo e eu agradeci com um pequeno sorriso.

Olhei em volta e tava bem lotado pra uma quarta feira, tinha gente dançando e agora tocava exalta samba.
Eu sou apaixonada por pagode mais antigo, é gostosinho demais.

- Tá toda se balançando, bora lá.- Estendeu a mão pra mim e eu olhei pra mão dele.
Quando a esmola é boa o santo desconfia né?.- Bora logo, Luna.

- Olha só, ele sabe meu nome.- Segurei a mão dele e ele me guiou até a pista.
Paramos perto um do outro e esperamos a outra música começar e começou outra do exalta.

Entramos no ritmo e eu não estava esperando nada do Miguel e não é que ele sabe dançar?.

Acabei pisando no pé dele e o mesmo deu um apertão na minha cintura que me fez dar outro pisão no pé dele.

- Eu ainda preciso do pé, tá?.- Falou rindo. Encarei ele o mesmo estreitou os olhos na minha direção.
Virei meu rosto pro lado quando ele trouxe o rosto pra mais perto do meu ouvido.- A aposta ainda tá de pé?.

- Claro que tá, eu não perderia a chance de te dar uns chutes... Minha intenção hoje era essa.- Dei dois tapinhas no ombro dele e deixei ele sozinho no meio do bar.

Eu jamais falaria isso em voz alta, mas o Miguel não é tão ruim quanto a imagem que eu criei na cabeça, droga.

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Fiquem atentas aos próximos capítulos ahahahah
Esse foi curtinho porque os outros estão com quase 1500k de palavras 👀

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