Capítulo 03

41 5 0
                                    

SEM REVISÃO

Duda pedalava com cuidado, girou a cabeça e analisou o movimento da rua para poder atravessar. Se aproximava de um grupo de senhoras que conversava e ria na calçada. Uma das senhoras ao ve-la se aproximar sorriu e parou na guia da calçada.

— Chegou bem na hora, Dudinha. Qual os sabores de hoje?

Duda freou e desceu do pequeno veículo que havia ganhado a alguns anos de seu pai e era seu principal meio de entrega para suas clientes do bairro.

— Bom, hoje comecei o serviço mais cedo e sobrou apenas alguns tradicionais. — olhou para as senhoras que se aproximavam e olhavam para dentro da pequena caixa de isopor improvisada dentro da cesta.

— Maria Eduarda, eu queria saber se tem agenda disponível para o próximo sábado? — uma das senhora a encarou e tocou com carinho em sua mão enquanto fazia uma carinha penosa. — Irei fazer uma pequena reunião em minha casa e desde que experimentei aquela maravilha de sua torta, não sei encomendar com mais ninguém.

— Bom, deixa me ver — abriu uma pequena pochete que colocara de modo estratégico onde leva seu celular, algumas notas de dinheiro para troco e uma pequena máquina de cobrança. Olhava em sua agenda e sorriu — Bom, tenho espaço sim...

— Ai, graças a deus. Não queria fazer feio em frente a minhas convidadas.

A senhora se animou enquanto abria a pequena bolsa e mostrava o cartão a jovem. Duda por sua vez percebeu que de certa forma era vigiada e não gostava daquilo, afinal já havia sido roubada infelizmente. O único prejuízo que tivera fora o financeiro que logo se recuperou, mas ainda assim tomava todas as precauções possíveis.

Enquanto suas clientes olhavam e escolhiam quais sabores iriam levar, Duda avistou um homem parado do outro lado da rua. Franziu as sobrancelhas e encarou Marcos que fez sinal e já sabia o que significava e já estava na hora colocar um fim naquilo.

Logo após concluir as vendas e se despedir, olhou para o homem que ainda a encarava. Respirou fundo, montou na bicicleta e saiu em direção a sorveteria de Dona Joana. No momento que parou em frente ao pequeno estabelecimento a dona ao ve-la sorriu e logo puxou uma conversa.

Duda percebeu a aproximação do homem e a senhora que conversava com ela automaticamente parou de falar, analisou o jovem da cabeça aos pés e murmurou em um modo confissão:

— Sortuda.

Duda apenas forçou um sorriso para a senhora que logo se afastou. Respirou fundo enquanto observava a aproximação de Marcos. Se aproximou de um dos freezer onde ficava os sorvetes. Cruzou os braços e encarou o homem que parava a sua frente.

Marcos até era um cara legal, mas no momento queria apenas aproveitar, ainda mais que havia passado na faculdade de Gastronomia. Observou o rosto a sua frente, os olhos verdes pareciam lhe inspecionar e sabia bem o porquê daquele olhar.

— Pensou na minha proposta? — Marcos comentou baixo.

— Olha, sabe que não gosto de enrolação e quando comecei a transar contigo, eu avisei que não queria nada sério.

— Pô, Duda, mas temos algo legal!

— Sim, nosso sexo é perfeito — percebeu a animação no rosto e logo jogou o balde de água fria — e é apenas isso que quero: sexo!

— Sabe que todas me querem — Duda arqueou a sobrancelha ao ver a mudança de postura — então é só estalar o dedo...

— Fique à vontade! — Duda se virou e começou a caminhar, mas parou ao sentir os dedos segurando com força seu braço. Respirou fundo, girou um pouco o corpo e encarou o homem — é melhor tirar essa pata do meu braço, antes que minha mão vá de encontro a sua cara! — o ameaçou.

Nascida Para VocêWhere stories live. Discover now