Capítulo 10

45 7 2
                                    

— E então — Carmo no momento que se sentou à mesa, pode ouvir a voz baixa de Matteo — será ela a ocupar o lugar de nossa mama?

Luca abriu os olhos enquanto dava um trago no charuto, parou o movimento, tombou a cabeça de lado e encarou o irmão caçula. Amava aquele idiota com todas as suas forças, mas havia momento que tinha vontade em descer o cacete de tão linguarudo que era. Voltou os olhos para Carmo que mantinha a postura séria e os olhos voltados para mesa a frente deles.

— Como está a encomenda? — Carmo voltou a atenção a Luca.

— Dentro do prazo. E já pedi que meus homens de confiança soltassem a fofoca.

— Realmente confia cegamente neles?

— E minha resposta, Carmo? — Matteo disse baixo.

— Sim, Don, eu confio naqueles homens com a minha própria vida. — Luca se manteve sério enquanto olhava dentro dos olhos de seu Don.

Carmo observou atentamente seu irmão, que no momento se postava com o posto que lhe fora dado, seu principal mediador em compras armamentista e estratégia. Apenas acenou com a cabeça, se inclinou um pouco e pegou sua pequena xicara de café. Enquanto a levava aos lábios, passeou os olhos pelo deque do restaurante e viu o momento que Duda surgiu e falava algo com sua mãe.

Observou-a desfilar lindamente, semicerrou os olhos ao ve-la observando seus irmãos mais novos e dando um risinho tímido. Ela que pense que pode olhar para outro homem... parou e analisou o pensamento que tivera. Nunca fora um homem ligado a posses, sempre ria quando um de seus apadrinhados vinha a ele e pedia justiça pelo fato de ter sido traído.

Voltou seus olhos em direção a moça que estava o confundindo desde o momento que vira seu vídeo dançando e no momento que pode sentir seu pequeno corpo contra o dele e sentiu o encaixe perfeito para tudo em sua vida. Duda era arrisca, afrontosa, não media as palavras quando queria ferir o oponente, mas dentro do carro, tudo aquilo fora por água abaixo ao ve-la com tesão no mesmo nível que o dele.

Respirou fundo enquanto a observava conversar com as pessoas da mesa em que estava. Voltou seus olhos para Matteo que falava alguma bobeira para a atendente que retribuía com um sorriso e quando seus olhos lhe encararam avistou seu sorriso morrer no mesmo instante. Voltou seus olhos para Duda que encarava o mar e parecia estar com a mente longe.

Sentiu seu celular vibrar no bolso de sua calça social, ao pegá-lo e avistar o nome marcado, se levantou, mas antes voltou seus olhos para Matteo que o encarava com uma expressão um pouco receosa.

— Sim, será Maria Eduarda que irá ocupar o lugar de nossa mãe. — Matteo acenou brevemente — e espero que jamais lhe falte com o respeito.

— Sabe perfeitamente que jamais faria algo assim. — Matteo se defendeu — ela será minha senhora e consequentemente minha nova irmã.

Carmo encarou o irmão caçula por alguns segundos, sentiu novamente o celular vibrar dentro de seu bolso, respirou fundo e saiu do restaurante. Não atendeu a ligação, fechou os olhos por um momento que respirou fundo. Era sempre assim, sempre que aquele homem aparecia, sentia seu pior lado querer sair e resolver tudo de uma vez, mas precisava se manter calmo para não estragar a vingança que estava quase no momento de ser finalizada.

Levou tempo, muito tempo, exatos vinte anos para que pudesse vingar a morte de seu papa. Iria matar um por um até que chegasse ao cabeça e responsável por puxar o gatilho naquela maldita noite ao qual sempre tinha pesadelos. Não havia uma noite se quer que não acordasse com seu coração disparado ou mesmo com falta de ar. Acordava sempre na mesma cena, no momento que via quem era a pessoa que disparava a arma contra o peito de seu pai.

Nascida Para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora