CAPÍTULO 9

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Meu corpo doía

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Meu corpo doía. Mais uma vez, meus ossos pareciam estar sendo esmagados. Eu sentia como se um trator estivesse passando por cima de mim. Eu não conseguia levantar, me mover ou até mesmo chorar, só apertava os olhos e desejava que se Deus existisse, me levasse de uma vez. Não queria que doesse, dor era algo que eu sentia demais e era a última coisa que queria sentir de novo.

Fiz o máximo de esforço possível para levantar da cama. Me arrastei até o banheiro para escovar os dentes, mas meus dedos das mãos estavam tão rígidos que deixei cair tudo que estava dentro do armário. Acabei voltando para a cama e dormi novamente.

Acordei horas depois, me sentindo um pouco melhor, mas quando tentei escovar os dentes de novo, fui impedida. Desta vez, senti náuseas e expulsei o nada que havia em meu estômago. O amargor da bile em minha garganta me fez querer vomitar outra vez, mas respirei fundo e consegui terminar de higienizar meus dentes. Tirei meu pijama e vesti um sutiã, uma velha camisa do My Chemical Romance que mais parecia um vestido, e um short de malha que eu costumava usar quando ainda ia para a academia. Olhei a hora, era 11:47. Nem que eu quisesse conseguiria ir para aula.

Na cozinha, tentei preparar algo para almoçar, mas nem cheiro de frango defumado foi o suficiente para me fazer sentir fome. Sentei na sala e liguei o notebook para fazer algumas atividades da faculdade. Por mais que estivesse pensando em trancar minha matrícula e não estivesse frequentando as aulas como deveria, era melhor me manter comprometida.

Fiz rolinhos de canela para o café da tarde e macarrão com queijo para o jantar. Nunca fui excepcional na cozinha, mas sabia fazer algumas coisas e gostava de cozinhar para passar o tempo. Susie e eu costumávamos cozinhar juntas, mas ela era melhor que eu na cozinha. E na escola. E na patinação. Ela era melhor que eu em tudo. Papai sempre me elogiava, mas não porque eu era boa, e sim porque ele queria me agradar. Acho que por isso cresci achando que eu era como a Susie. Mas não sou.

Quando subi ao meu quarto para tomar banho, encontrei um porta-retrato escondido na última gaveta da pia do banheiro. Tirei a fotografia da moldura e observei. Era uma montagem com fotos de Susie. Em uma delas, ela estava linda num vestido rosa. Era de uma noite especial. Ela estava comemorando sua medalha de ouro no Campeonato Canadense de Patinação Artística no Gelo pelo sexto ano consecutivo. Ela ganhou na categoria individual feminino e conseguiu prata com Romeo nas duplas. Foi sua última conquista antes de morrer.

Atlas e eu ganhamos ouro na mesma categoria ano passado e eu fiquei com prata no meu individual. Eu era boa, e quando não era, Susie me fazia querer ser. Depois que ela se foi, não havia mais razão para eu querer ser boa. Eu não era uma boa pessoa, nem uma boa irmã, boa filha e muito menos havia sido uma boa namorada.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu a limpei imediatamente, enquanto não tirava os olhos da foto.

— Por que você me deixou? — enfiei a fotografia de volta na gaveta e olhei para o espelho.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 26 ⏰

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