Chapter 14

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Consigo observar os passos indecisos de Damian ao longo do quarto, com as sua mãos tatuadas no seu cabelo.

Estou igualmente nervosa mas tento não o demonstrar. Questiono-me interiormente como que aquele homem italiano conseguira o meu número, vindo de um celular que recebi há menos de três horas.

Relembro-me por momentos, no meio daquele fim de verão que começa a gelar, da notícia do jornal de todas aquelas crianças dopadas.

– Nicole, eu preciso de mostrar isto aos outros seguranças. – Tenho vontade de vomitar o meu coração para fora quando vejo Damian a caminhar até mim; o seu olhar está assustado. – Isto é perigoso, temos que descobrir o que essa mensagem diz e como descobriram o teu número.

– Damian. – Chamo a sua atenção, e não escondo a forte realidade que ele tenta omitir. – A verdade está toda à nossa frente, a única forma do homem ter descoberto o meu número foi através de um dos seus homens. Algum deles está a mentir para você.

Consigo sentir a sua revolta interior, querendo fazer-se acreditar que nada daquilo que disse seja verdade.

– Será verdade? – Aceno com a cabeça e tento compreender a sua dor interior. – Eu só queria que tudo isto acabasse. – Levo uma das minhas mãos à sua face e permito que uma lágrima teimosa repouse na minha pele.

– Vamos passar o celular para algum dos seguranças, eles vão saber decifrá-lo. – Damian apenas concorda a coloca o seu braço em torno da minha cintura, guiando-me até ao corredor. Assim que passamos pelo quarto de Aurora, percebo que a porta está encostada e sem qualquer homem por perto. – Vai você, eu fico aqui com a Aurora.

Passo-lhe o celular e recebo um suave selar de seus lábios sobre os meus.

Sobressalto-me quando ouço um estranho som vindo do quarto de Aurora. Consigo sentir no mesmo instante o meu coração acelerado e nervoso.

– Querida? – Quando finalmente abro a porta, consigo observá-la através do freixo de luz do corredor; ela está curvado na cama, e consigo ouvir sons de vómito. – Já cheguei, filha.

Porém, assim que caminho até ao seu pequeno e frágil corpo para a socorrer, reparo num forte cheiro metálico vindo da sua boca; Aurora age de forma desesperada.

– Ai meu Deus. – Ajoelho-me ao seu lado quando me deparo com uma cor avermelhada sobre o colchão da sua cama. Os seus braços agitam desesperadamente. – SOCORRO!

Consigo pegá-la nos meus braços nervosos; levanto um joelho e coloco-a deitada de barriga sobre a minha perna, para poder dar leves batidas em suas costas e não permitir que se afogue.

– Vamos, filha, você consegue! – Grito desesperada e os meus olhos ficam turvos com as lágrimas que ameaçam escorrer. Soluço desesperada e tento lutar sozinha contra a fraqueza que me atinge. – Por favor não me deixe, você é mais forte!

– Nicole? – Consigo ouvir a voz de Damian, porém não me preocupo em olhar para atrás.

– Chama uma ambulância. – Grito sobressaltada e continuo com as leves batidas nas costas da minha filha. Assim que consigo ouvi-la reagir, permito-me finalmente respirar e chorar tudo que estava preso em mim. – Você conseguiu, filha!

Levo o seu corpo suado e desfalecido sobre o meu ombro, escondendo o seu olhar da minha face chorosa, contudo sei que ela sente o meu coração descomposto.

– Menina Nicole, o que aconteceu? A ambulância está a caminho. – Assim que ouço a voz de Paul, sou trazida novamente à realidade, ainda assustada e alterada.

– Eu não faço ideia, quando dei por mim ela estava a afogar-se com o próprio vómito; ela não conseguia reagir, não respirava mais e só vomitava. – Observo Damian ainda na ombreira da porta, com os seus músculos tensos a esconder todo o seu pânico.

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⏰ Last updated: Aug 17, 2023 ⏰

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