•18

679 94 21
                                    

Anastásia

∆∆∆∆

Na manhã seguinte tudo ocorreu da melhor maneira possível, Kate tinha voltado com Elliot para casa, eu até tentei sair, mas não deu muito certo. Eu teria que pensar em outra forma de ir, eu estava dividida entre ficar e ir, tinham as meninas, tínhamos um carinho tão grande entre nós, a minha princesinha Ella, já tão apegada a mim, eu não podia virar as costas para elas, mas toda vez que eu cruzava com Lauren pela casa, me sentia mal, depois de tudo que ela me falou, e dar dor que eu causo a essa criança, doía em mim.

Eu praticamente fugi do café da manhã, almoço e janta em família, eu dava desculpas e assim conseguir ir levando. Eu estava ali a trabalho, não era parte da família, Christian mesmo estava tão calado e indiferente. Acho que ele nem lembra do beijo e se lembra foi um deslize da parte dele que ele nem quer pensar.
Era tarde da noite e eu não conseguia dormir, desci para área do jardim para pensar, planejar o que eu faria, estava frio , mas eu precisava respirar. Senti alguém se aproximar, era Christian, desviei o olhar.

- Posso sentar ?

Dei de ombros, se eu não tivesse tão cansada, diria algo engraçadinho.

- O que está acontecendo que você não está me falando ?

Fico em silêncio, ele me entrega o cobertor, me cubro, eu não posso falar da minha conversa com Lauren e nem da minha possível ida. Mas eu preciso de resposta também. Onde ele estava quando a filha sofria nas mãos da mãe? Olho pra ele por um tempo, seu rosto estava confuso e preocupado.

- Porque Lauren pouco comenta da mãe e quando o faz, carrega dor e medo ?

Vejo Christian ficar tenso e seu rosto nublar.

- Porque está falando disso ? Lauren comentou algo com você.

Nego com a cabeça.

- Só acho estranho nenhuma delas sofrer a morte da falecida mãe, diferente do normal.

Ele suspira e olha para o nada.

- Lauren não é filha de Leila, ela é apenas minha filha. Eu tive um caso que não durou muito, daí veio Lauren, a mãe preferiu deixa aos meus cuidados e foi viver a vida. Quando ela era ainda criança, conheci Leila, a primeira vista ela era apaixonada por Leila e Leila aparentava o mesmo. Lauren sentia falta da figura materna, tinha minha mãe, mas não era a mesma coisa.

Ele fica em silêncio, fico surpresa, mas já consigo imaginar muita coisa.

- Eu então cai na bobagem de propor casamento, não só para dar a minha filha uma mãe, mas porque era bom estar com Leila, apesar da minha família ter um pensamento diferente em relação a ela. Foi então que casei e aí as coisas mudaram para Lauren depois da chegada da Anabel, Lauren já não era a mesma e eu não conseguia entender. Leila dizia que era ciúmes da bebê mais nova, eu tão atarefado com o trabalho , pensava que era isso mesmo, mal tinha tempo para minha filha, de sentar e conversar para tentar entendê-la.  Eu errei muito Ana e eu me amaldiçoo por meu erro, custou caro.

Seguro sua mão, consigo sentir a angústia e a culpa. Tento passar confiança a ele, mas tenho medo das próximas palavras que ele dirá.

- Leila mudou bastante no decorrer do tempo, já não vivíamos como o casal de antes, desconfiava que havia traição, mas nunca fui a fundo, então quando eu achava que não tinha mais jeito para nós, ela fez de tudo para que houvesse reconciliação e eu dei uma segunda chance, então veio Ella, não era um bebê planejado, Leila jamais pensaria em ter um segundo bebê, a impaciência dela, ela não parecia cuidar das filhas com prazer, era como uma obrigação, era por mim e não por amor as meninas.
Então que o pior vem…

Eu já não estava mais suportando ouvir, como pode alguém ser assim tão cruel, sem amor, tão fria ao ponto de gerar filhos para prender um homem assim, como se crianças fossem mero objeto.

- Eu já posso imaginar Christian, eu não consigo compreender como pode existir pessoas assim.

Penso, e  infelizmente tem. Eu vivi num orfanato onde tinha muitos casos de abandono ou crianças que fugiram da situação para poder sobreviver.

- Nem eu poderia imaginar Ana, nem eu. Leila feriu minha filha por anos quando eu não estava presente, torturou minha filha tão indefesa e inocente, e a ameaçava de matar as irmãs e a mim caso ela falasse sobre os maus tratos para mim. Todo excesso de raiva por qualquer besteira ou quando brigávamos, quem sofria era minha filha. Quando eu vi marca em seu corpo, quando eu percebi a forma como ela tratava Lauren, eu não conseguia imaginar o tamanho do meu erro e eu me culpo e vou me culpar eternamente.

Eu estava horrorizada, a cena das costas machucada de Lauren vem a mente, o motivo de ela ser tão distante e da sua dor e desconforto que eu causo. Dar vontade de vomitar com tanta crueldade de alguém que deveria amar e só fez machucar. Sinto no meu rosto as lágrimas descerem. Agora entendo tudo.

- Seu acidente e a morte dela, foi por conta da discussão e terminou dessa forma ?

Pergunto depois de minutos com ambos em silêncio. Ele concorda.

- Eu estava tão furioso que eu só queria acabar com Leila, mas eu jamais poderia tocar em uma mulher dessa forma. Nessa noite eu apenas saí, Lauren estava com meus pais, e eu queria tanto abraçar a minha filha e pedir perdão. Leila não deixou que eu saísse, entrou no carro, mesmo eu gritando para ela sair ou a tiraria. Ela permaneceu com suas desculpas, então liguei o carro e sai sem direção, eu não estava raciocinando no momento, foi quando aconteceu , ela não resistiu e eu, você sabe.

Aperto sua mão que está na minha.

- Eu sinto muito Christian, sinto muito por tudo isso, por Lauren, ela não merecia essa situação, mas creio que tudo vai voltar ao que era antes.

Ele concorda, me abraçando e ficamos em silêncio por um tempo. Resolvo quebrar o silêncio.

- Christian, Eu pareço tanto assim como ela ?

Ele suspira e me olha, ele me observa atentamente.  Então contornar meu rosto, meu nariz…

- Você tem poucas semelhanças com Leila, mas quem a observa de alguns ângulos ou até mesmo de longe diria que vocês são a mesma pessoa ou que você é irmã . Mas quem te conhece pessoalmente sabe que você é o oposto de Leila. Que você é uma mulher incrível, um anjo de tão doce, gentil e boa.

Ele contornar meus lábios com o dedo indicador enquanto nós olhamos atentamente, então seu rosto se aproxima do meu, seus lábios se encontram com o meu e então pela segunda vez ele me beija, um beijo calmo, pacífico, e pela primeira vez desfruto daquela boa sensação sem medo, sem nervosismo, eu só queria sentir e viver aquele momento nós braços de Christian, do homem pela qual me apaixonei.

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Recomeçar  Where stories live. Discover now