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Anastásia

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Caramba! Que dor de cabeça e que dor nos pulsos. Tento me mexer e não consigo, estou amarrada, droga! O que tá acontecendo, então aos poucos minha mente clarear e entendo o que realmente está acontecendo. 

Não sei onde eu estava com a cabeça, agora que vi que o negócio é sério,o medo está me tomando. 

Olho ao redor e vejo que estou numa garagem grande de algum estabelecimento abandonado, não consigo ver direito, apesar de que talvez esteja de dia lá fora, aqui parece de noite, alguma frestas de luz aparecem. 

E eu sinto o meu corpo todo dolorido, será que passou muito tempo desde que sai de casa. .? 

Céus! Christian essa altura já sabe do meu sumiço e junto de Kate devem está querendo me matar. Solto um suspiro. Parece que isso faz quem quer que seja notar que estou acordada. Muito , muito ruim Ana. 

-Ora, ora. A princesinha acordou ? 

A voz grossa de um homem, então aos poucos ele chega mancando até próximo da única lâmpada visivelmente fraca que alumia só um pouco. Então tento observar o homem e percebo que nunca o vi na minha vida.

- O que você quer de mim? Porque as ameaças a mim? Eu nunca vi o senhor, o que eu fiz de errado?

Pergunto nervosa e me arrepio de medo. O olhar e a risada diabólica do homem dá medo, ele só pode estar me confundindo com alguém e eu de burra vim me meter aqui achando que uma conversa resolveria tudo, que mancada Ana. Ele te enganou direitinho.

- Ah, você já esqueceu do inferno que você fez na minha vida ? Tudo o que eu te pedi foi ajuda!  Eu só te pedi ajuda , mas você preferiu me trair, trair o seu sangue e fingir que não me conhecia , como estar fazendo agora. 

Eu começo a chorar de desespero, eu não sei do que ele está falando, claramente é um mal entendido. 

-Eu juro que eu não sei do que você estar falando, você está me confundindo com alguém, eu nunca vi você até hoje, como posso ter lhe causado mal? 

Ele se irrita e atira sobre a parede ao meu lado, eu me encolhi de medo. 

- Você adora de me  fazer de idiota, acha que vai me enganar com essa pose de boa moça ? Pode enganar o seu maridinho riquinho de merda. Mal ele sabe a podridão que é a mulher dele e que você não ama ninguém, a não ser a riqueza dele. Coitada daquelas crianças, são traumatizadas com a mãe que tem. 

A compreensão chega, assim como Helena achou que eu era Leila, esse senhor acha o mesmo. Eu preciso desfazer esse mal entendido. 

-Por favor, não me machuca, eu não sou quem você pensa que eu sou. Eu não … 

Tomo um susto quando ele desfere um tapa na minha cara, eu nunca apanhei assim, eu fico surpresa,sinto o gosto de sangue na minha boca e a ardência no meu rosto,  Lágrimas descem e solto um gemido quando ele segura meu rosto com uma mão, apertando o meu queixo, me fazendo olhar para ele . 

- Não ouse me enganar Leila, você vai pagar por todo o mal que você me causou. Eu só quis a sua ajuda e você me traiu.  Me deixou pra morrer, você ferrou comigo, sou um homem marcado para morrer, mas antes que isso aconteça, você vai para o inferno. Olho por olho.

Ele larga meu rosto e o desespero toma conta de mim quando ele pega uma arma, eu tento me soltar enquanto o choro se torna alto.

-Eu não sou a Leila, eu posso ter semelhança com ela, mas eu não sou… eu não sou ela, eu não estou te enganando, não me machuca por favor. 

-Cala a merda da sua boca, você não vai se livrar dessa, castigo de traíra é a morte. Se você não foi capaz de ajudar seu pai, seu sangue. Você nunca será capaz de ajudar ninguém, nem suas próprias filhas que você trata como nada quando não tem ninguém que lhe observa. Acha que não tinha ninguém lhe vigiando? O que há em jogo pra você tá tão mudada ultimamente? Seu marido está descobrindo que você não presta ? 

Eu tento me soltar, o meu choro é descontrolado, igual o homem à minha frente estar, não sei o que Leila fez a esse homem, a seu pai. Mas isso o deixou bem mal ao ponto de querer a morte da própria filha. Isso é muito triste. Com muita insistência percebo que um pedaço da corda do meu braço se soltou, eu preciso me acalmar e tentar fugir. Ele pode ter pensado em tudo, mas ele deixou brechas, erros, deslizes, e a prova disso é a corda que não estava tão amarrada assim, apesar de me machucar um pouco pra tentar soltar, eu consegui. 

-Você está cometendo um erro, machucando a pessoa errada. Leila morreu, eu cheguei depois da morte dela, sou apenas a babá das filhas dela. Você está me confundindo e tudo bem, só por favor me deixe ir, eu sei que você não quer me causar mal, se Leila foi cruel com você, eu sinto muito. Não era pra ser assim, entre pai e filhos, mas o mundo está tão invertido ultimamente. Só não seja igual, seja  diferente do que sua filha foi, sei que você pode ser um homem bom. Eu só vim encontrar você para esclarecer as coisas e eu confiei que você não me faria mal. Eu fui burra, mas só me deixa ir. 

Peço aos sussurros enquanto choro, ele abaixa a guarda, a corda cai no chão e eu levanto e jogo a cadeira nele, ele cai no chão e a sua arma também, eu tento correr, mas parece que não deu muito certo, eu sinto a arma disparar e algo em mim doer. 

-Traiçoeira, você acha que me engana garota? Eu vou acabar com você agora…

Me viro de frente para ele, ele caminha até mim com raiva, vejo sua arma apontada para mim novamente, caio de joelhos no chão, uma mão segura o ferimento que está  sangrando, eu olho para ele com dor e medo. 

-Você, Você atirou em mim… O-o que eu lhe fiz? Eu não sou a Leila, eu sou apenas uma órfã de mãe, abandonada pelo meu pai. Eu não tenho ninguém nessa vida, eu nunca machuquei ninguém, porque você fez isso comigo ? 

As lágrimas descem pelo meu rosto, ouço pessoas adentrando a garagem, muitos policiais, ouço uma voz chamar por mim, é Christian e isso me conforta, mas eu tô ficando fraca, está saindo muito sangue de mim. 

-Anastásia? 

Vejo ele correr até mim. 

-Christian… 

Sussurro caindo deitada no chão gelado. Minha barriga dói e vejo o tanto de sangue meu no chão. Ele me encontra e me pega em seus braços. 

-Me desculpa Christian, eu não achei que..

O desespero de Christian é visível ao me ver coberta de sangue. 

- Alguém liga pra ambulância chegar logo, ela está ferida, ela está baleada, merda agora! 

É tudo um alvoroço, ouço os policiais detendo o cara, alguém informando meu nome para alguém no celular, o homem que me sequestrou ficar surpreso ao ouvir meu nome e se desesperar para vim até mim. Eu só estou com sono e querendo dormir, me sinto mal, fraca. 

-Não ouse dormir, não faça isso Anastasia, 
As nossas meninas e seu afilhado estão lhe esperando, você precisa aguentar amor. Eu prometi levar você de volta. 

Ouço o cara se debater contra os policiais, e algo me chama atenção, ele me olha chorando e fala o nome da minha mãe, eu ouço o nome da minha mãe e ele me chamar de filha, mas o sono é mais forte, antes que eu possa falar algo, a escuridão me leva. 

Recomeçar  Where stories live. Discover now