❛ 𝗗EVILISH ━━ 𝙅𝘪𝘬𝘰𝘰𝘬

03.D𝙚v𝙞l𝙞s𝙝

𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋𝐈𝐒𝐇 ┋𝐉𝐈𝐊𝐎𝐎𝐊

ᘛ 𑁍 ᘚ

Quando Jungkook abriu os olhos, já era dia novamente. A chuva tinha parado em algum momento, mas o orvalho da manhã estava preso ao vidro da janela, escorrendo lentamente. As cortinas estavam parcialmente aberta, foi assim que a luz do sol pôde entrar e despertar o ômega. Ele cobriu o rosto com a coberta quente, tentando escapar da luz, grunhindo por querer dormir mais.

Um cheiro maravilhoso de gengibre o envolvia, deixando-o em uma bolha de proteção. Jungkook ficou confuso, porque sabia que aquele perfume não era de Sunwoo. Foi por isso que, mesmo a contragosto, o ômega abriu os olhos e sentou sobre o colchão. Jeon não estava em sua cama, estava em um ninho muito confortável, num quarto desconhecido. Ele passou os olhos ao redor do cômodo, tentando encontrar qualquer coisa familiar por ali, suspirando frustrado ao não conseguir.

Jungkook segurou a colcha com as duas mãos, levando-a até o nariz. O perfume de gengibre não estava tão forte, mas era o bastante para fazê-lo sorrir. Apesar disso, o chinchila não conseguia deixar de se perguntar onde estava. Como teria ido parar ali? O homem vasculhou em suas memórias, colocando a mão sobre a bochecha, ao lembrar dos tapas que levara de seu marido. Ele tinha fugido, corrido direto para Jimin.

O ômega sentiu seu rosto esquentar. O que o alfa pensaria de si? Um ômega que simplesmente saiu correndo para os braços de outro alfa, que não era seu marido, na primeira oportunidade que teve. Jimin o achava uma vadia, como Sunwoo? Espere, por que o que Jimin achava de si era importante?

Jeon não teve muito tempo para discutir isso consigo mesmo, no entanto, porque a porta do quarto foi aberta e o alfa de olhos verdes passou por ela. Jimin sorriu para ele, mostrando covinhas em suas bochechas que, até aquele momento, o Jeon não tinha visto. O alfa entrou mais no quarto, ainda mantendo-se longe o bastante de si, foi respeitoso de sua parte.

- Bom dia, Coelhinho. Você dormiu bem? - Jimin perguntou.

- Bom dia. Dormi, obrigado. - Jungkook respondeu. - Eu não sou um coelho, pare de me chamar assim.

- Você fica lindo, quando está irritadinho. Mas se não gosta, tudo bem, eu paro. - O alfa parou um pouco. - Então, como devo te chamar?

- Jungkook está de bom tamanho.

- Acho que eu prefiro 'amor da minha vida'.

- Você é louco. Bom, considerando o fato de que eu aceitei aquele seu acordo, acho que eu sou, também.

O alfa riu, foi um som leve e acolhedor, sua voz rouca enviando arrepios aos seus instintos ômegas, Jimin enfim se aproximou do ninho, sentando-se ao seu lado; ele estava com aquele olhar novamente, o mesmo da primeira noite que o vira. Era um olhar de caçador, que estava prestes a dar o bote em sua presa; ao contrário da primeira vez, Jungkook achava que não reclamaria de o mais alto o devorasse naquele momento. Isso fez suas bochechas queimarem, seu coração acelerar e um sorriso ladino aparecer nos lábios finos do outro.

Jimin o tocou no rosto, de forma leve, procurando por resquícios de machucados em sua pele. Ele o examinou por completo, certificando-se de que ele estava bem.

- Foi a primeira vez? - Jimin questionou. - A primeira vez que ele te bateu?

- Bater, sim. Mas não foi a primeira vez que ele foi violento.

- O que Sunwoo já fez?

- Às vezes, quando eu queria sair com ele, para assistir um filme ou jantar, e insistia, ele segurava meus pulsos com força, deixava marcas. Ele também já me empurrou algumas vezes. Eu... não tive coragem de deixá-lo. Acho que depois de ouvir tantas vezes que ninguém ia querer um ômega gordo e grudento como eu, acabei acreditando. - Jungkook abaixou os olhos, sentindo-se patético por ser expôr daquela forma para um alfa que mal conhecia. Um rosnado vindo de Jimin o fez estremecer.

- Não acredite no que aquele filho da puta falou. Que alfa não iria querer você? - Ele perguntou com convicção. - Eu o quis no momento em que te vi naquela foto, Safira.

- O que?

- Ah, eu... - Jungkook olhou para o outro, arregalando os olhos em surpresa quando o viu um pouco corado. - Eu investiguei Sunwoo, antes de ajudar na campanha. Vi algumas fotos suas. E deuses, como eu quis você. Eu vi seu sorriso bonito e os seus olhos brilhando, e então... então eu soube que Sunwoo não te merecia, soube que você precisava de um alfa melhor, um alfa de verdade.

- Foi você que me mandou aquele pacote?

- Foi. - Jimin respondeu sem rodeios. - Eu sabia que aquilo te traria para mim.

- Você parece muito convencido de que eu vou ser seu ômega, Park.

- Apenas Jimin, Safira. E eu estou convencido de que vai, porque eu vou provar a você como sou um alfa melhor e que, ao contrário daquele merda que você chama de marido, eu não vou ter vergonha de mostrar você.

Jungkook sabia que seus olhos estavam brilhando, diante das palavras do alfa. Ele estava se segurando para não ronronar em felicidade, embora deixasse alguns gorjeios felizes escaparem de sua garganta. Jimin parecia tão certo de que os dois seriam um casal e fazia Jungkook querer acreditar nele, que daria certo. Mas o Jeon precisava ser cauteloso, porque já tinha acreditado em um alfa bonito e confiante uma vez, e veja só onde ele estava agora.

- Sua gangue... - O ômega começou, sendo interrompido pelo outro.

- É um clube.

- Certo. Seu clube sabe sobre tudo isso?

- Apenas Yoongi, meu braço direito. Os outros só sabem o que precisam saber. E eles só precisam saber que você é meu e nenhum deles deve colocar as mãos em você.

- Tudo bem. - Jungkook sorriu, mesmo que não estivesse realmente feliz. Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo. Deuses, Jungkook nem queria imaginar como deveria estar bagunçado. - Espero que Sunwoo não esteja em casa agora.

- O que? Você quer voltar?

- É a minha casa, Jimin. Minhas coisas estão lá.

- Não vou deixar você voltar e correr o risco dele te bater novamente.

- Eu preciso ir para pegar minhas coisas. - Jungkook choramingou.

- Então eu vou com você. Vamos trazer suas coisas para cá. - Jimin disse, sem espaço para discussão.

- Você é muito apressado, alfa. Mas já que eu não tenho para onde ir...

- Aqui eu posso manter você em segurança, Safira. Aquele verme pode vir atrás de você, mas não vai ter coragem de se aproximar daqui.

- Tudo bem. Obrigado.

- Não se preocupe, ômega, eu vou manter você protegido. Sempre.