Capítulo 3

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Segurei a mão de meu irmão aceitando sua ajuda, mas ainda assim tive um pouco de dificuldade em descer da carruagem não apenas pelos desconfortáveis e apertados sapatos que uso, mas pelas pernas dormentes por conta da viagem.

No jardim principal da residência de Bertro não tem flores ou árvores, apenas uma grama que parecia recentemente aparada, não soltei a mão de Jeremiah o que o fez me encarar desconfiado.

Laureana não teve dificuldades em descer e ela mesma puxou Viviana para fora, minha mãe sorria para todos os lados, mas não com a animação de antes.

Meu pai andava um pouco a frente já falando com o mordomo que nos recepcionou, observei os detalhes da casa de dois andares que parecia mais simples que qualquer casa de duques que já ouvi falar. Com paredes em um tom amarelo encardido, e com janelas fechadas e com cortinas, torci para que fosse apenas uma primeira impressão.

Mas foi impossível disfarçar a decepção quando vi os poucos móveis que estão na sala, duas poltronas e um sofá de couro, uma lareira e uma pequena mesa de centro em um enorme cômodo.

Nada de flores ou tapetes com bonitos bordados.

A escada rangeu quando o mordomo começou a subir por ela, agarrei mais a mão de meu irmão já me imaginando desabar quando os degraus se quebrassem.

Jeremiah passou seu braço livre por meus ombros e em seguida apoiou sua mão em minhas costas me obrigando a andar.

— O mordomo vai chamar o duque e o filho para nos receber — Meu pai avisou — O que achou da casa, Mirian?

Me sinto sufocada, com a sensação de estar em um conto de terror, não encontrei ainda uma brecha para passagem da luz do sol.

— Talvez com algumas flores se torne um lar — Sorri tentando ser otimista ou parecer ser.

— Com certeza você conseguirá belos arranjos quando puder colher as flores que você plantar — Minha mãe provocou — Viviana não toque nisso, se comporte.

Toda a postura da minha família mudou, a madeira rangeu alto, um senhor bem apessoado desce lentamente pelas escadas. Fazia tempo que não víamos o duque de Bertro.

Ele tem olheiras roxas embaixo dos olhos e arrasta um pouco os pés a andar, toda a sociedade sabe que a saúde do duque tem estado frágil nos últimos anos, mas não que se agravou tanto. Parece uma nova pessoa diante de meus olhos.

— A quanto tempo não vejo tanta gente nesta sala — Falou assim que chegou ao andar térreo — Meu amigo — Esticou a mão para apertar a de meu pai — Senhora — Beijou a mão de minha mãe — E vocês, bom, não posso mais cumprimentá-los com um simples crianças.

— Estão mesmo todos adultos, bom quase todos — Meu pai sorriu vendo Viviana sendo praticamente segurada por Tobias para se manter quieta — Meu mais velho, Tobias.

— Sim me lembro dele, se sentava conosco durante as reuniões e era muito amigo de meu filho quando jovens.

— Meu filho Jeremiah — Meu irmão apenas movimentou levemente a cabeça ainda com seu corpo praticamente grudado ao meu — E minha filha Laureana.

— Os quase gêmeos, também me lembro — Laureana que ainda estava de pé ao lado da porta ignorou sua mensura.

— Minha pequena Viviana — Meu pai olhou babão para minha irmã caçula.

— Como cresceu rápido.

— E como já deve ter imaginado, essa é minha filha Miriane agora já não mais carrega meu sobrenome, mas o do duque, mas ainda é a minha garotinha.

Cruel Capitão Where stories live. Discover now