Capítulo 9

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Depois de um banho relaxante visitei o duque em seus aposentos, ele parecia fraco, com a pele pálida e os lábios ressecados. Passei algumas horas ali até que ele pegasse no sono, o cobri e mesmo mantendo a janela aberta fechei um pouco a cortina para que ele não pegasse vento.

Como de costume após o jantar, me preparei para visitar o capitão, mas antes resolvi seguir os conselhos de minha mãe.

Passei em meu quarto e troquei meu vestido por uma comprida camisola de seda branca, espalhei pelo meu corpo um creme de pele com cheiro doce.

Nervosa dei algumas voltas em frente ao espelho, eu nunca havia vestido uma roupa com aquele tecido, senhoritas usam camisolas de pano com dois números a mais que o seu, mas senhoras usam coisas mais ousadas.

Me preparei sobre isso nas aulas da senhora Trantiv para senhoritas.

Calcei sapatilhas aveludadas e agarrei meu travesseiro, desci as escadas em passos leves com medo de acordar alguém. E sem bater invadi o quarto do capitão George Benedict.

— Sua esposa voltou para casa, esperava encontrá-lo sorrindo ao me decepcionar — Ele estava sentado, sobre a cama alguns documentos espalhados.

Permaneci em frente a porta esperando que ele olhasse em minha direção.

— Continuará com isso até quando? Não pode me ignorar para sempre.

Ele continuou a ler com atenção.

Dei a volta na cama e sem consentimento comecei a juntar alguns papéis.

— Deixe a sua bagunça do seu lado da cama — Avisei colocando meu travesseiro ao lado do seu.

Dei a volta novamente indo até a janela que estava fechada e a abri.

— Não gosto de dormir com a janela fechada me faz sentir sem ar no meio da noite — Encarei a vista do cômodo — É uma bela vista para os estábulos, talvez eu pudesse trazer major para ver você capitão, mas nenhum de vocês fala comigo então não serei tão boazinha.

Fui até o espelho que fica próximo ao banheiro.

— O que achou dessa camisola? Minha mãe diz que o branco é a cor que eu deveria usar quando fosse dormir com meu marido pela primeira vez, mas para garantir trouxe de outras cores e tamanhos.

Continuei a me encarar no espelho por ele pude ver o homem juntar os documentos com cuidados e se esticar para deixá-los sobre a escrivaninha antes de com dificuldade voltar a se deitar.

Meu brilho foi totalmente embora, quem se achava bonita de repente estava feia.

No caminho para a cama apaguei a luz deixando o cômodo ser iluminado pela grande lua cheia.

Me deitei em silêncio e encarei o teto, o mesmo teto que ele tem olhado desde que chegou aqui.

— Você poderia ao menos tentar — Pedi quase em um sussurro — Poderia ao menos tentar ver o quanto eu estou tentando por nós dois.

Puxei o cobertor até meus ombros e me virei de costas para ele, apertei os olhos e esperei o sono chegar, o que não demorou muito com o excessivo silêncio da propriedade de Bertro.

Acordei assustada com o som de algo caindo, me sentei na cama ao mesmo momento sem ter tempo para me acostumar com o novo dia, a lua não ilumina mais o quarto, mas o sol ainda não nasceu.

À minha frente o capitão George Benedict está sentado com as duas mãos sobre a cama encarando algo no chão.

— O que está fazendo?— Perguntei afastando o cobertor e me arrastando de joelhos para o seu lado, no chão estava a bengala que foi deixada pelo médico para ajudá-lo — Sabe que ainda não consegui sozinho.

Senti meu corpo arrepiar de frio quando meus pés quentes tocaram o chão gelado, peguei a bengala e estendi em sua direção.

— Me diz onde quer ir e eu ajudo você.

O capitão abaixou a cabeça colocando os dedos entre os fios de cabelo bagunçados pela noite, mas não pareceu ter dormido pois não tinha o rosto amassado, apenas pequenas olheiras que se formar abaixo de seus olhos.

— Não quero a sua ajuda.

Eu travei.

Sua voz não é grave, mas também não é suave, é como se fosse contida e ao mesmo tempo solta. Minha cabeça girou e eu não consegui prestar atenção.

— Mas eu quero ajudar, se fizermos juntos será muito mais fácil você não pode ir sozinho e eu estou aqui.

Ele mudou sua postura, agora com a coluna reta e as mãos juntas entre os joelhos, o futuro Duque de Bertro me encarou com seus olhos que são tão azuis quanto o mar.

E então ele deu risada.

— Do que está rindo?

Ele passou a mão no rosto e tentou se conter.

— De como você é ridícula, com esse personagem de boa samaritana agindo como se fosse mesmo minha esposa.

— Mas eu sou sua esposa.

— Não nos conhecemos, não nos amamos, você não imagina o quanto me deixa desconfortável a sua presença, não consigo sequer me sentir em casa com você aqui.

Bom definitivamente minha postura se foi e eu só desejei enfiar minha cabeça em meu travesseiro para chorar por horas sem ser incomodada.

— Por que está me tratando assim?

— Assim como, Com a verdade? Não preciso da sua ajuda, não queria você aqui antes e definitivamente não quero agora.

— Mas fomos prometidos em cônjuge.

— Manterei a palavra de minha família, será nomeada duquesa de Bertro, mas não será minha esposa ou viverá em minha casa. Demorei muito para conseguir dizer isso, achei que você fosse perceber sozinha, mas isso não aconteceu.

Senti meu rosto se molhar em lágrimas e falhei em segurar um soluço.

— Eu me preparei durante a minha vida toda para amar você, porque não tenta ao menos fazer com que dê certo? Qual o sentido de ser uma duquesa apenas de título vivendo longe do que deveria ser nosso lar?

— Não me importa o quanto se preparou, peço para que saia de meu quarto.

E assim eu fiz, peguei o meu travesseiro e o deixei só.

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