Capítulo 5

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— Aqui, deixa que eu ajudo com isso — Me aproximei  da senhora que com dificuldade levava as compras para dentro.

— Não se preocupe com isso, milady — Ela tentou negar minha ajuda, mas já era tarde demais, suas mãos já estavam vazias e eu caminhava à sua frente com as duas sacolas pesadas.

— Claro que devo me preocupar, sou mais jovem e consequentemente mais disposta, então não tente negar minha ajuda quando sei que precisa — Sorri colocando as sacolas de pano sobre a mesa pequena da cozinha onde os funcionários costumam se alimentar e preparar as refeições — Quantas coisas, estamos esperando visitas?

Tirei da sacola algumas poucas frutas e verduras.

— Não senhora, mas o mercador vem apenas uma vez na semana e não vamos à cidade com frequência para compras deste tipo.

— Verduras frescas são sempre a melhor escolha, talvez se cultivarmos fique mais fácil mantê-las assim — Comentei observando que algumas folhas já começavam a escurecer.

— Cultivar frutas e legumes em Bertro? Senhora Benedict, não sei se seria possível.

— Por favor, me chame de Miriane — Pedi — Darei uma volta pela propriedade essa tarde e falarei com o jardineiro, talvez juntos consigamos achar a terra mais fértil da propriedade.

— A senhora parece animada.

Sorri indo até a torneira para lavar uma maçã.

— Não imagina o quanto, em minha casa temos macieiras lindas e também uma grande horta que cultiva as abóboras mais conhecidas da região. Quer dizer, na casa dos meus pais.

— Sabe o que dizem, que a casa dos pais da gente nunca deixa de ser nosso lar — Ela sorriu simpática — Avisarei Edmund que você irá procurá-lo essa tarde.

— Obrigada por isso.

— Talvez devesse conversar com seu sogro sobre essa nova ideia, ele não gosta de surpresas.

Mordi a maçã com prazer.

— Farei isso — Sorri passando por ela, mas parei antes de sair da cozinha e a encarei com atenção — Tem notícias do capitão? Já faz mais de uma semana.

Ela engoliu em seco e negou.

— Nem todas as viagens de negócio tem data definida de retorno — Disse voltando a suas tarefas.

Deixei a cozinha e continuei a comer meu fruto tranquila ainda incomodada com a escuridão da casa quase sem ventilação.

Então tomei a iniciativa de abrir todas as cortinas do local fazendo a poeira balançar no ar.

— Senhora Janete — Gritei alto fazendo-a vir rápido até mim secando suas mãos no avental cinza da cozinha.

— Por que grita? Me preocupei que algo pudesse estar acontecendo — Disse se tranquilizando.

— Onde tem uma escada? Tirarei todas as cortinas da sala para que sejam lavadas, também peça para que alguém venha me ajudar a abrir e lavar essas janelas.

— Senhora, o duque gosta do ambiente como está.

— Bom, mas eu sou a senhora da casa agora e não gosto. Diga a Edmundo que ele vá a cidade e escolha alguns bonitos arranjos de flores que priorize as astromélias diversas e girassóis que são meus favoritos, mas que pode escolher outros para que tenhamos mais flores pela casa.

— Encherá todo o ambiente de abelhas.

— Abelhas não são más, senhora, irão dar vida a essa casa assim como os beija-flores que passarão a nós visitar quando penduramos um recipiente com água doce.

Cruel Capitão Where stories live. Discover now