Capítulo 12 - Evolução

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Tinha sido bom encontrar com Jughead. Ele me ajudou muito a passar essas duas horas que eu passaria sozinha esperando o encontro de Betty e Archie acabar. Poderia ser um bom amigo, gosto de sua companhia, o jeito que me faz sorrir com suas "investidas" bobas...

Já estávamos voltando do passeio e ainda estávamos de mãos dadas. Ao chegar de frente ao cinema, me viro para ele que está com um lindo sorriso no rosto.

— Obrigada por me ajudar a passar essas 2 horas torturantes que eu provavelmente passaria sozinha.

— Ao seu dispor, sempre que precisar, Senhorita Ilusão.

— Você não vai parar nunca de me chamar assim não é?

— Bom, se você me der uma chance posso passar a chamá-la de "Amor" o que acha? – rio e solto nossas mãos, delicadamente.

— Tchau Jughead! – aceno levemente com um sorriso indo em direção a entrada do cinema.

— Calma aí. – sinto ele me puxar levemente ao seu encontro e me abraça. – Você sabe que não precisa se torturar assim não é? – sussurra em meu ouvido e se afasta um pouco para me olhar.

— Eu sei o que eu estou fazendo, Juggie. – sou um pequeno sorriso.

— Olha eu ganhei um apelido? Estamos evoluindo Senhorita Ilusão – dou uma gargalhada sincera.

— Talvez estejamos... – ficamos um tempo nos olhando, até eu escutar Betty me chamando – Bom tenho que ir, até mais Jughead.

— Até mais, Senhorita Ilusão! – acena, coloca as mãos no bolso e vai embora.

Vou em direção a Betty que me olhava sorrindo.

— Uhh! Quem era aquele com quem estava falando? – diz maliciosa andando junto comigo pelo shopping.

— Você para! – dou um tapa no seu braço e ela ri resmungando – Ele é só um amigo!

— Humm... não sei não... vocês pareciam muito próximos ali, sabe? Sussurrando no ouvido do outro e tudo mais... – juro. Nunca senti tanta vergonha na minha vida – Você está vermelha! – exclama olhando para mim.

— Não estou! Eu não fico vermelha – digo óbvia.

— Bom mais dessa vez você está – aponta a câmera do celular para mim. Eu realmente estava vermelha, e consigo me ver ficando mais pela câmera – Viu? Ficou de novo!

— Eh... como foi com o Archie – mudo de assunto.

— Eu vi isso, okay? – estreita os olhos para mim – Mas, vou te deixar em paz... por enquanto! – faz uma pausa e suspira esboçando um grande sorriso – Foi incrível, V! Nem consegui prestar atenção direito no filme... imagine Archie...

Por um instante parei de prestar atenção no que Betty me contava e meus pensamentos foram diretamente para Jughead. Hoje, na verdade, ele tinha sido menos chato, menos cínico. Sua companhia me fez extremamente bem, e não podia negar que sentia uma, vamos dizer, leve atração por ele. Afinal, eu não sou cega nem burra, Juggie era lindo, e até sexy, ao meu ver. Mas, apesar de tudo, ainda sentia meu coração batendo por Archie, o que me deixava ainda mais confusa.

—...me deu até vontade de rir! Mas, num momento, eu estava nas nuvens, porque Archie...

O que eu estava sentindo pelos dois era era confuso. Não tem como amar duas pessoas ao mesmo tempo, não é? Apesar de eu não ser amada por nenhum dos dois. Archie já está encantado por Betty, não quero magoar minha amiga, então apenas o amarei de longe, enviando cartas por outro nome. E Jughead... eu não entendia o que eu sentia por ele, era diferente, adorava suas implicações e a forma que ele se importava comigo. Mas isso um dia vai acabar, quem sabe até não se apaixona por Betty também...

—...eu nem sabia o que fazer, V. Mas, pelo jeito, ele sabia pelos dois e estava louco pra me ensinar...

Ouvi-la falar sobre o jeito que Archie a olhava, sobre como a tomava em seus braços, de seus sorrisos sacanas e cantadas idiotas me deixava com ainda mais saudade daquele beijo. Eu o tive por apenas um momento, e já foi suficiente para querê-lo pelo resto da vida.

—...bem, eu não queria deixar, mas foi aí que ele...

Eu cansei.

— Cala a boca, Betty!

* * *

Estava deitada em meu quarto, com minha caneta favorita e meu caderno de poemas. E mais uma vez, eu escrevia um para Archie. Como eu poderia ser tão masoquista? Sentia-me esbofetada, surrada por eu mesma. Colocava no papel todo o tormento e paixão que me perseguiam, esses que aumentavam a cada dia e a cada carta que renovava o namoro de Betty e Archie. O
mesmo papel que, mais uma vez, seria entregue pela amiga ao seu querido. E que serviria para aumentar a paixão de um lado e o tormento de outro.

Ah, tormento que eu não posso confessar...
O que eu escrevo é a verdade, eu não minto,
eu declaro tudo aquilo que eu sinto,
e é a outra que teus lábios vão beijar...

Sei que quanto mais verdade tem no escrito,
mais distante eu te ponho dos meus braços,
pois desenho o paralelo de dois traços
que na certa vão perder-se no infinito.

Estes versos feitos pra te emocionar
justificam todo o amor que tens por ela
e as carícias que esses dois amantes trocam.

E eu te excito, sem que venhas a notar
que esses lábios que tu beijas são os dela,
mas são minhas as palavras que te tocam...

— Não! Onde estou com a cabeça? Não posso entregar isto! Archie não pode saber que... nunca! Eu prometi. Preciso escrever outra carta.

— Isabel! Telefone pra você! – escuto o grito de minha mãe e indicando o telefone onde, provavelmente do outro lado, estaria Jughead para conversar comigo. Eu já estava acostumada, e já estava me acostumando com ele.
Mais uma vez o grito histérico da mãe.

— Alô...

— Alô, Ronnie? É você?

— Archie...

Os Olhos Errados - VugheadWhere stories live. Discover now