Capítulo 18 - Altos e baixos

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— Como você está? – pergunto assim que a loira abre a porta para mim. Reparo em suas feições, os olhos vermelhos e brilhantes de choro, as olheiras enormes e o cabelo despenteado em um rabo de cavalo. Ela nada responde, apenas abre mais a porta e eu lhe dou um abraço apertado.

— Ela se foi, V... – diz chorosa e eu aperto mais, empurrando com o pé a porta atrás de mim.

— Alguma notícia? – pergunto a ela.

— Nenhuma, não foi confirmado ainda as causas da morte dela... muito menos a onde foi encontrada. – diz rouca me soltando.

— Estranho... – digo e ela me olha com o cenho franzido e os olhos ainda molhados e vermelhos, assim como o seu nariz. – no mesmo dia do incêndio já revelaram a causa da morte de Weatherbee...

— Deve ter alguma coisa a mais... – ela morde os lábios.

— Talvez estejam a ligando com a causa do incêndio, que ainda também não foi revelada... – tento consola-la colocando minha mão em seu ombro.

— Talvez...

***

— Mandou me chamar, senhora Cooper? – entreabro a porta colocando somente parte do meu corpo dentro na diretoria.

— Ora, querida, não precisamos de formalidades por aqui. – dá um sorriso doce – Pode continuar me chamando de Tia Alice, quando não houver outros alunos ou membros da escola... entre. – incentiva – abro a porta e fecho assim que entro – Sente-se. – aponta para a cadeira a frente de sua mesa e me aproximo lentamente, mas decido permanecer de pé.

— Não é nada importante, Veronica – arruma seus óculos – Disseram que você anda meio preocupada, calada, desligada das aulas. – me olha atentamente e posiciona suas mãos acima da mesa – o que está acontecendo, querida? Ainda em choque com o suicídio do Senhor Weatherbee?

— Hein? Com o quê? – foi como um baque perceber que realmente fecharam o caso.

— Com o suicídio do senhor Weatherbee – suicídio? Penso.

— Com o suicídio? – arqueio minimamente as sobrancelhas – É... acho que é isso. – cruzo meus braços.

A vice-diretora aproxima-se de mim e colocou as mãos maternalmente sobre os meus ombros.

— Sei que foi duro para você, minha querida. Foi duro para todos nós. Mas todos temos de reagir. A vida continua. E a sua está apenas no começo. Vamos tentar esquecer tudo isso... – diz suavemente

Esquecer?

— Ah, Tia Alice, não vai dar para esquecer enquanto... – digo sem querer no impulso, realmente não esperava que ela me mandasse esquecer o cadáver que eu vi 2 dias atrás.

— Enquanto o quê, Verônica? – tira suas mãos de meus ombros bruscamente e vai em direção à sua cadeira novamente.

— N-nada, Tia Alice... – gaguejo.

A vice-diretora, que assumira o posto de do diretor, estava agora controlada, sem os choramingos histéricos daquela manhã. Mas adiantaria falar com ela? Contar-lhe tudo?

Estava claro que não.

***

— Mãe... – abro minimamente a porta de seu quarto.

Os Olhos Errados - VugheadWhere stories live. Discover now