TRES

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MORANA

SEIS ANOS ATRÁS


APÓS AS DUAS PRIMEIRAS SEMANAS, comecei a me adaptar à rotina escolar de Thunder Bay. Eu estaria mentindo se dissesse que estou tendo problemas com a ciência aqui. Pelo contrário, a Escócia endureceu-me tanto que me senti muito confortável aqui. Damon não me incomodava mais do que o resto dos garotos no vestiário. Até hoje.

Eram quase dez horas quando fiquei no meio do corredor durante o horário de aula para pegar um livro de física no armário. Disquei o código e quando puxei a porta, havia uma surpresa pendurada no gancho. Pulei para o lado e fui pego de surpresa Comecei a respirar pesadamente e olhei em volta.

Havia um rato atrás da minha porta por dentro. Ele estava morto, mas seu rosto estava cortado e as feridas ainda pingavam sangue, manchando o chão e minha camisa branca. Era um rato. Quem quer que fosse, não se preocupou em pegar o animal para me assustar. Ele o comprou. Peguei sua cauda áspera com os dedos, tirando-o do gancho.

- Coitado... Quem fez isso com você? - Sussurrei enquanto olhava para ele de perto. Eu entendi as dicas dessa piada.

O rato simbolizava Amerie. Bem, isso é um insulto ao próprio roedor.

Coloquei-o bem no final da prateleira do armário e bati a porta, esquecendo-me completamente do livro que viera buscar. Ajustei minha bolsa no ombro enquanto caminhava em direção à academ onde o treinamento estava acontecendo. Corri até ela como um furacão e imediatamente comecei a olhar para ele com os olhos, o que não foi tão difícil, considerando que por causa da minha invasi repentina, a maioria dos caras congelou no lugar, surpreso com a minha intrusão. Joguei minha bolsa debaixo do banco e caminhei rapidamente em direção a Damon.

- Você acha isso tão engraçado? - gritei, socando seu peito, fazendo-o dar um passo para trás. Damon olhou para mim sem nenhuma emoção no rosto, o que me enfureceu ainda mais. - Responde! - Eu bati no rosto dele com a mão aberta.

Ele não se defendeu?

- Morana! Este é um treinamento fechado. - rosnou o treinador.

- O que você quer dizer? - ele perguntou erguendo uma sobrancelha e eu ri amargamente.

- E o que você acabou de deixar no meu armário? Você não pode me tirar de Thunder Bay com isso, você terá que se esforçar mais! Mas veremos se suas cobras podem ser transformadas em luvas. Não há couro suficiente para uma bolsa ou cinto. - sibilei enquanto dava um passo para mais perto dele. - Pena.

Quando eu estava prestes a recuar, Damon agarrou meu antebraço com força e eu gemi baixinho de dor.

- Damon... - Will veio até nós, ficando ao meu lado e olhando para ele de forma significativa. Só então ele mé-deixou ir.

- Não tenho a mínima ideia do que você está falando. - Eu ri disso e simplesmente comecei a caminhar em direção à saída. Peguei minha bolsa e caminhei pelo corredor. Eu estava fervendo de fúria e, sentindo uma mão em meu ombro, instintivamente me virei em direção ao "tortor" Se não fosse pela agilidade de Will, ele poderia ter levado um soco no nariz.

- O que aconteceu? Do que você está acusando Damon? - ele perguntou.

- Do que estou acusando Damon? Para o maldito rato no meu armário. Reprodução, Will. Entendo que se você plantasse um cadáver humano em mim, talvez eu ficasse menos zangado. Mas comprar numa loja um animal indefeso e inocente para matá-lo, cortá-lo e pendurá-lo dentro do meu armário? É pior que um cadáver humano.

-Espere, alguém colocou um rato morto no seu armário?

- Eu não acabei de dizer isso? - Franzi a testa.

- Porra... Você tem mais inimigos do que imagina, Morana.

- Eu não me importo com os outros.

- Então, com quem você se importa? - ele perguntou, e eu olhei para a parede.

Você irá. Como o inferno. Mas as palavras de Damon na igreja quando eu tinha sete anos ficaram muito gravadas na minha cabeça. Ele não tem escrúpulos.

- Só posso contar comigo mesmo, então, comigo. - Sorri para evita-lo, mas ele agarrou meu braço.

- Você sabe que não é verdade.

- Foi isso? - perguntei, e seus olhos pousaram no meu pedaço rasgado de camisa.

- Vou descobrir quem fez isso e vou explodir a cabeça dele sozinho.
- Ele disse baixinho, depois se inclinou para mais perto de mim, dando um breve beijo em minha testa.

Eu deveria ter me mudado. Então, por que me permiti ir tão longe com ele novamente? Will era de Damon. Ele estava limpo, sem manchas de sangue e miséria, como nós. Era assim que deveria ser.

- Mesmo que seja Damon?

- Principalmente se for Damon. Eu prometo, bruxinha.

- Pare de me chamar assim. - Eu avisei ele.

- Já não é pouco? - sua risada era como uma melodia para meus

Levantei minhas sobrancelhas, olhando para ele de forma significativa, e ele ergueu o canto da boca.

-No entanto, você não mudou nada. Você ainda é a Morana da igreja, da pista de skate e da praia.

- Aparentemente, Damon diz que sou uma vadia. Desde quando você não acredita nas palavras dele?

-Nunca acredito na palavra dele quando se trata de você.

- Interessante..

- Eu sei que você fez isso por um motivo. - ele jogou fora. Ele estava falando sobre o dia em que machuquei Amerie. - Você não é mau e não se parece em nada com Gabriel.

Porra, Will, não faça isso comigo. Não me deixe apaixonar por você novamente.

- O desejo de sermos notados nos leva a todo tipo de coisas estúpidas, Will. Mas não me arrependo de nada do que aconteceu.

Quando estávamos no meio do corredor, a campainha tocou e muitos alunos começaram a sair das salas de aula. Olhei em volta, suspirando pesadamente, e quando quis ir embora, o treinador veio até nós, mas se inclinou ligeiramente para mim, falando para que ninguém mais pudesse ouvir.

- Eu pediria que você começasse a respeitar o estatuto da escola e não se vestisse de maneira tão provocante. Você presta muita atenção, Torrance. Use amanhã uma saia que chegue pelo menos até o meio da coxa. - ele disse, e quando ele se afastou, eu dei a ele a expressão menos agradável que pude fazer.

Ele caminhou para a esquerda até seu escritório e, notando Damon e um aluno da terceira série saindo do vestiário com ele, torci o nariz. Fugi de Will como se não tivéssemos trocado uma única palavra, passando por meu irmão no processo.

O treinador com sua palestra só me motivou a continuar com as saias.

BONITO VENENO, Will Grayson IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora