MORANA
PRESENTE
NÃO SEI SE ESTOU MORTO OU como estava vivo. Tentei abrir os olhos, mas minhas pálpebras estavam muito pesadas. Quando consegui abri-los um pouco, tive que piscar algumas vezes, e a luz intensa atingiu minha cabeça dolorosamente. Eu tinha muitos fios nas mãos e sentia o ar frio fazendo cócegas no meu nariz. Tentei levantar a mão e tirar o bigode de oxigênio, mas a mão de alguém me impediu. Devido ao meu estupor, nem percebi que tinha acompanhante na sala. A mão de Alex
Palmer efetivamente me impediu de tirar essa merda, e então tentei pegar o soro e arrancá-lo da minha mão.
- Pare com isso. - Ela sibilou furiosamente para mim.
- O que você está fazendo aqui? - perguntei, mas depois não só minha cabeça doeu, mas minha garganta também.
A garota se levantou da cadeira e foi até a bolsa, depois tirou uma garrafa de água.
- Certificando-se de não explodir o hospital desta vez. - disse ela, despejando água em um copo plástico.
E então me lembrei de tudo. Gabriel, sua morte e o que fiz com sua casa.
- Eu fiz isso? - perguntei em tom nervoso.
- Bombeiros, polícia e ambulâncias podiam ser ouvidos em toda Thunder Bay. Você sabe o quanto eu fiquei com medo? Encontrei você no quintal coberto de sangue. Tive que correr até o carro para pegar lenços de papel e lavá-lo primeiro, antes da chegada dos serviços de emergência. - Ela me bateu de leve no ombro.
- Estou prestes a vomitar... - assustei Alex.
Ela me entregou uma tigela que estava sobre o balcão e quase imediatamente senti que vomitava. A menina agarrou meu cabelo para não cair na minha cara e, quando terminei, ela me deu água novamente e foi esvaziar o vômito na pia.
- Você teve intoxicação por gás. Você sobreviverá. Você saiu na hora certa. A polícia vai querer falar com você sobre o que aconteceu em casa. Para sua sorte, eles não suspeitam de nada. O corpo desmembrado, esfolado e assado de Gabriel não os alarmou. Eles acreditam que a explosão foi intensa o suficiente para explicar isso.
- Idiotas... Se fosse assim, metade da rua teria sido afetada pela explosão, e eu teria morrido junto com o Gabriel. - Murmurei enojado, e Palmer me entregou um chiclete, que peguei sem hesitar. - Onde está o Will? Ele já sabe? - perguntei nervosamente.
- Ele sabe. Todos estão a caminho.
- Todos? - Bufei, não muito feliz com o fato de que provavelmente irei conhecer todos eles muito em breve. - Além disso, como eu sou?
- O fogo não queimou você. Cacos de vidro das janelas machucam um pouco. Você tem alguns arranhões no rosto e outros mais graves no corpo. - Ela tentou comunicar gentilmente.
- E...?
- Você tem mais um arranhão sério no rosto... São cinco centímetros da lateral da bochecha até parte do pescoço... Tiveram que costurar.
- Vou sobreviver a isso. - respondi secamente.
Eu não estava feliz com o fato de que ficaria marcado pelo resto da minha vida.
Nessa situação, as cicatrizes vão me lembrar do que passei na casa do Gabriel e onde aquele pau foi parar. Isso eu consegui, apesar de há oito anos ter planejado meu próprio suicídio por causa desse homem.
E agora vou viver sem medo depois de esclarecer as coisas com a polícia.
- Ele te ama. Ele ama tudo em você e tudo que você toca. Ele também vai adorar o que tocou você. - Ela baixou a voz e eu olhei para ela sem nenhuma expressão no rosto.
- Quão queimada está a casa?
- Eles ainda estão divulgando. Mas está desmoronando com cada pedaço do prédio a cada minuto. A trágica morte de Gabriel Torrance já é notícia.
Então uma mulher de cabelos escuros entrou correndo na sala. Marina.
- Querida... - Ela correu até a cama e agarrou minha mão. - Eles não me deixaram entrar.
- Obrigado. -sussurrei fracamente. - Por tudo que você fez por mim.
_ Eu não te recusaria mesmo que você me pedisse para acompanha-lo em um crime na rocha do continente.
- Você não teve intoxicação por gás? - perguntei, considerando que
Marina era a que estava na residência há mais tempo entre os funcionários.
- Sou imparável. - Ela acariciou minha cabeça com ternura. - Ninguém mais ficou ferido além de você. Até os cachorros.
- Graças a Deus....
- Ela vai melhorar? - Marina virou-se para Alex, que assentiu com a cabeca.
- Algumas semanas e ela estará intimidando as pessoas que a olham de soslaio novamente. - Ela olhou para mim, e eu mordi o lábio para esconder o sorriso.
- Felizmente. Tenho que ir, mija, tenho um avião.
Marina parecia completamente feliz pela primeira vez. Ela deveria voar para a Itália para ver sua filha e começar uma nova vida em paz. Ela pegou minha mão e beijou minha testa.
- Não se esqueça de me ligar de vez em quando.
- Não se esqueça de me ligar. Na Itália, você terá muito mais coisas interessantes para fazer do que eu em Thunder Bay.
- Nunca. - Ela me deu um último sorriso e saiu da sala.
- Ela é sua parceira no crime? -Alex perguntou.
- Mery é minha parceira no crime. Sempre.
-Ah, sim, eu descobri por mim mesmo. - ela comentou, erguendo uma sobrancelha.
_ Se você espera um pedido de desculpas, ficará desapontado. -
Revirei os olhos, vendo ao que ele estava se referindo.
- Posso te perguntar uma coisa?
-Você tem que?
- É sobre Aydin.
- Tenho quase cem por cento de certeza que ele não iria querer que eu falasse dele na sua frente.
- Como ele estava se comportando? Ele está bem?
- Fale com ele você mesmo. - eu recomendei.
- Will teve problemas com álcool. Muito sério. - Ela deixou escapar, me olhando com olhos tristes.
Informação por informação.
- Você não vai acalmá-lo facilmente. Aydin é orgulhoso e territorial. Se você quiser ganhar sua confiança e atenção, ignore-o.
- Ignore-o? - ela repetiu minhas palavras, franzindo a testa.
-Como eu disse. Pelo menos eu faria.
- Talvez a ignorância funcione para você, porque mesmo que você e Will não se falem há três anos, vocês ainda estão juntos de alguma forma agora.
- Você não conhece a história toda, Alex.
- Talvez isso seja bom... - Ela recostou-se na cadeira e o silêncio caiu
entre nós.
Quando chegar a hora.
-Alex?
- Hum?
- Eu vou vomitar...
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BONITO VENENO, Will Grayson III
RomanceMorana Torrance não poderia ser dele. Ele nunca teria imaginado que essa bruxinha, que sempre atrapalhava sua matilha nas reuniões, seria capaz de encantá-lo e se tornar parte deles. Esta historia não é da minha autoria, só é uma tradução da histori...