DEZASSEIS

184 12 1
                                    

MORANA

PRESENTE

TUDO PARECIA SER tão falso. Quanto mais se aproximava do casamento, mais eu sentia que estava vivendo um jogo. Eu senti como se estivesse sendo controlado por uma pessoa atrás da tela de um computador e tomando apenas decisões erradas. Ela me condenou a tudo que era uma desgraça e uma situação desesperadora. Eu estava com tanto medo. Como nunca antes. Mesmo quando ouvi os passos de Gabriel entrando no meu quarto, não fiquei tão assustado quanto estou agora. Eu só tinha duas escolhas. Ambos foram terríveis e acabei sem Will em ambos. Eu podia sentir o mofo e os fungos preenchendo meus ossos nas celas da prisão, ou a repulsa subindo pela minha garganta com a simples visão de Devon Hawthorne.

Meu peito estava arfando cada vez mais rápido, e estava ficando cada vez mais difícil recuperar o fôlego. Eu estava enfiando minhas roupas em uma mala e, embora não quisesse estar aqui em Meridian City, Will estava aqui. E isso me fez não querer voltar para Thunder Bay. Eu me senti tão ansioso. Eu sabia que Gabriel está bravo comigo. Ele não vai deixar isso passar. Não depois de me ver brincando ao lado de Will.

Deus, deixe-o me matar e deixe-o em paz...

Eu sabia que, independentemente do resultado da situação, Mercy
Grayson terminaria meu trabalho.

Ouvi a porta ranger, mas não parei de guardar minhas coisas na bolsa.
Senti uma queimação sob as pálpebras, sabendo que estava à beira do choro, da raiva e da agonia.

-Delaney. - Seu tom duro fez meus órgãos parecerem se mexer. Eu congelei no lugar, mas não me virei.

- Já estou terminando... - falei, mas minha voz estava tão baixa que mal conseguia me ouvir.

- Levantar. - ordenou enquanto eu me ajoelhava no chão, empilhando minhas camisas em cubos.

Este é o momento? Quando ele vai me estrangular? Chantagear-me com algo ainda pior? Ou vai dizer logo que perdi uma opção vantajosa e que devo me preparar, porque logo virão muitos policiais aqui, e vão me algemar e me trancar em uma cela pelo resto da vida.

- Levantar! - ele repetiu gritando quando eu nem sequer vacilei. Fechei os olhos e lentamente comecei a me levantar do chão.

- Inversão de marcha. - ele exigiu enquanto eu me levantava, mas ainda estava de costas para ele.

Assumi uma expressão vazia em meu rosto, e quando lentamente me virei para encará-lo, ele caminhou rapidamente até mim e agarrou meu rosto, cravando seus dedos dolorosamente em minhas bochechas.
Engoli em seco e minhas pernas começaram a tremer.

- Eu te dei uma tarefa para fazer. - Ele balançou a cabeça, e eu tentei não me mover ou respirar muito alto.

- Eu estou trabalhando nisso.

- Não me pareceu. Você está jogando golpes infantis. Não foi isso que você disse que faria quando estivesse sob o mesmo teto que eles. Você tem medo?

- Não. - respondi severamente.

- Então, que porra você está fazendo! Você está se divertindo com o Grayson's?

- Eu estou trabalhando nisso. - repeti, e naquele momento ele me bateu com uma força que nunca havia usado em mim antes.

Porra, eu vi estrelas.

Por um momento, minha visão e audição ficaram prejudicadas, mas nem ousei colocar a mão no rosto. Levantei-me e olhei para Gabriel, tentando não deixar as lágrimas que se acumularam em meus olhos com um impacto tão forte.

-Você está mentindo!

- Não, eu juro... - balancei a cabeça.

Mas ele estava certo, eu menti. Eu não queria mais sangue em minhas mãos. Gostava de me vingar e de machucar quem merecia, mas de forma que todos os dias pudessem ver o rastro da minha vingança quando olhassem para si mesmos.

Eu não queria matar meus velhos amigos só para provar a Gabriel que iria obedecê-lo.

- Me desculpe por ter decepcionado você. - Eu disse o que ele queria ouvir.

- Você tem uma semana. Se eles não nos seguirem até em casa, não sei como você vai fazer isso, nem me importo, você só tem uma semana para fazer as coisas. Se não, eu mesmo cuidarei disso. Esse cachorrinho e puta no começo.

Depois de dizer essas palavras, ele saiu. Ele me deixou sozinho no quarto enquanto eu permanecia ali, entorpecido. Depois de um tempo, senti braços frágeis me envolverem e chorarem suavemente em meu cabelo. Passei meus braços em volta de Mery fracamente e descansei minha cabeça que estava tão pesada sobre ela.

Quando mandei uma mensagem para ela dizendo que Gabriel estava aqui, ela imediatamente apareceu na Delacour e se escondeu no outro quarto quando ele me visitou no meu apartamento.

- Por favor, vamos matá-lo como você disse. Vou te ajudar. - Seus soluços eram tão fortes que meu coração partiu. - Dói muito? - ela perguntou, olhando para minha bochecha.

- Quase não. - Sorri levemente para ela.

Absurdo. Doeu pra caralho. O impacto foi tão intenso que fez meus ouvidos zumbirem.

- Vou buscar o Will... - ela murmurou, e eu agarrei a manga do seu sueter.

-Por favor, não faça isso. Não vamos piorar o que já está ruim.

- Talvez ele tenha uma ideia. Deve haver outra saída. - ela insistiu.

- Da última vez que pensei que poderia me refugiar de todo esse mal com ele, ele acabou na prisão. - balancei a cabeça.

-Você sabe que não foi culpa sua, certo? - ela perguntou, mas não era uma pergunta. Ela queria ter certeza de que eu pensava como ela.

Mas não o fiz.

Lembro-me daquele dia como se fosse ontem. Quando eles o levaram embora.

BONITO VENENO, Will Grayson IIIWhere stories live. Discover now