𝘁𝗵𝗲 𝗹𝗮𝘀𝘁 𝘀𝗵𝗼𝘁

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Foram anos odiando e fugindo do meu passado. Era um grande medo meu encarar um reflexo do que me tornei. O que me levou a ser quem sou hoje. A verdade, é que não temo aqueles que me machucaram, eu temo mesmo é a criança que foi machucada e tinha tanta ingenuidade que ainda procurava por um porquê. Eu fujo das razões, das justificativas, das lógicas perseguidas para justificar apenas a mais crua maldade humana. É isso que eu realmente temo. 

Eu nunca tive medo de ser machucado, e sim de ser corroído pelo mundo; de ser aquele a procurar as justificativas; de machucar as pessoas na mesma medida que elas me machucavam. Isso sim me assustava. 

Os meus meios talvez não foram os mais saudáveis. Eu coloquei os meus medos na frente das minhas necessidades e me fechei também para o amor. Eu procurei afeto em corpos quentes com corações gelados, sem saber que afeto mesmo se encontra é nesse mesmo lugar frio. 

Me amar seria algo muito burocrático. Como alguém poderia sentar e entender todas as rachaduras; todos os pedacinhos de mim que faltam porque doei para pessoas que não quiseram. Eu me poupei e poupei a todos o esforço de um amor defeituoso.

Bom...por algum tempo. Até entender que não tem nada de burocrático no amor.  Ninguém precisa entender os seus pedacinhos faltando, apenas preenchê-los para que nenhum vazio seja sentido. Você apenas descobre a história das feridas abertas, quando se dispõe a fecha-las sem olhar a quem. Louis fez isso por mim e inconscientemente, fiz isso por ele também. Só percebi isso quando achei a carta.

27 de novembro - dois meses e quatro dias atrás - casa do Louis.

─ Amor, sabe o que eu estava pensando? ─ me viro no sofá em uma posição em que possa olhar nos olhos sonolentos do meu namorado. ─ Louis! Não acredito que você está dormindo vendo Gilmore Girls. ─ ele passa a mão pelo meu pescoço, amolecendo minha carranca rapidamente.

─ Não quero ver a Lorelai dispensar o Max. Olha o tanto de margaridas que ele colocou na casa dela só para eles se casarem!

─ Mas amor, ele não é para ela. Ela está sentindo isso, poxa. ─ tento justificar sem contar para ele que Luke e Lorelai são bem melhores.

─ Quer dizer que se eu enchesse sua casa de flores você não ficaria comigo? ─ bobo, bobo, bobo...

─ Do jeito que você é, Tomlinson, encheria minha casa de cactos, não flores. ─ ele ri e beija minha boca com um sorriso sonolento. ─ Ainda assim, eu ficaria com você.

    Nos beijamos por longos minutos até ele lembrar o foco da conversa.

─ O que você estava pensando, meu bem? 

─ Ah! Sabe o que é, eu bem que queria fazer uma cópia da dedicatória do meu mestrado à você para colocar em um quadro e pendurar na minha casa. ─ Louis foge dos meus olhos e tosse, disfarçando uma careta. ─  O que foi? Muito brega? ─ ele ri e me olha, meio corado.

─ Eu realmente espero que você não ache porque... eu meio que tenho a cópia de todo o seu mestrado no meu escritório. ─ meus olhos se arregalam e minhas covinhas tornam a aparecer. ─ Ah, vamos, não ria de mim.

─ Eu não estou rindo! Eu estou feliz, amor. Quer dizer, ele todo? ─ ele sorri constrangido e assente. ─ Eu quero ver!

─ O que? Amor, está lá em cima. Deixa para amanhã, ok?

─ Deixa só eu da uma 'bizuiada' antes de dormir. ─ faço um bico não tão patético e dou vários beijos na sua boca, até ele abaixar a guarda.

─ Tudo bem. Você se importa se eu esperar aqui?

─ Não, eu vou rapidinho e volto. 

    Subo as escadas e entro no seu escritório. Eu amo aqui. Amo ler meus livros enquanto Louis prepara suas aulas para os alunos da faculdade, amo beijar sua boca nos horários de descanso e amo mais ainda todas as histórias que já fizemos no pequeno sofá azul marinho no canto da sala.

𝐀𝐅𝐄𝐓𝐑𝐎𝐏𝐈𝐀 ── larry stylinson.Where stories live. Discover now