041| Compulsion to Pain

2.3K 222 148
                                    

041| Compulsão a DorRAYNA

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

041| Compulsão a Dor
RAYNA

Não sou um problema.

Não há nada de errado comigo. Estou apenas respondendo ao universo, que sempre pegou tão pesado comigo. Estou apenas respirando da única maneira que aprendi para conviver comigo mesma. Estou apenas liberando-me para parar de sentir.

Não aguento mais sentir. E viver. Não aguento mais sobreviver. Estou passando pelos dias incontáveis e não sei se essas vozes em minha mente são minhas ou das minhas dores que já criaram vida própria.

Estou no chão.

Desolada.

E não é que ninguém me entenda. Eu sei que Clarke me entenderia. Ela mais do que ninguém me entenderia e talvez pudesse estar por mim. Mas eu não conseguia mais vê-lá.

Não conseguia mais estar em minha pele. Era uma sessão de tortura como nunca havia sido antes. Era como se eu fosse uma máquina de compulsão a dor e tudo o que sinto, tudo o que eu me faço sentir, é ardente, inflamável, não palpável.

Não é que eu não consiga sobreviver, eu não consigo viver mais. Estou farta de ser eu, de ter que conviver com minhas dores e meus demônios.

Fiz isso durante os 6 anos na Terra, praticamente sozinha. Ficar ao lado de Clarke era dolorosamente insuportável. Tudo o que eu via quando olhava pra ela era um saco de pena e condolências, eu já não sabia onde havia terminado aquela nossa amizade de anos atrás, onde tudo o que éramos era jovens rindo.

Mas nunca fomos apenas isso.

O mundo sempre quis sugar mais da gente.

Ela foi forte o suficiente para lutar contra, mas estou me rendendo. Tentei lutar contra no começo, mas eu percebi que só estava atrasando o inevitável. Não se da pra lutar contra o mundo.

Ou você desiste ou você acaba como eu, sem expectativa de vida, sem metas a serem cumpridas, apenas um saco vazio ambulante. Depois que você abre seus olhos para tudo, todos passam a ser um saco vazio, frio e desconexo. Apenas um grupo de pessoas que lutam pra sobreviver, sem saber pelo o que vivem.

Penso que não sei quando nos tornamos isso, mas a verdade é que eu não sei quando não fomos isso algum dia.

— Ah, querida — meu pai choramingou, ainda agarrado à mim. — Estou tão feliz. Não houve um dia sequer que eu não pensei em você.

— Tudo bem — sussurrou Clarke, parando de nos conduzir para um dos becos ocos perto da Cripta destruída. — Estamos seguros aqui. Vamos tirar essas algemas.

A CATÁSTROFE || the 100Where stories live. Discover now