Capítulo 18

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Gabrielle

— Ai, meu Deus, você tá afim do Marcelo? — Bárbara me questionou paralisada.

Olhei nervosamente para ela.

— Quem? — Dobrei a minha camiseta bem dobradinha e a enfiei na lateral do sofá. Eu só esperava que ainda estivesse ali quando eu fosse embora ou teria sérios problemas.

— O amigo do Jhony — explicou Letícia. — Você disse que só ia ficar de corset quando visse alguém que quisesse beijar e eles foram os únicos que acabaram de chegar. Como você diz que o Jhony é como um irmão, então só sobrou o Marcelo. Olha, ele é meio fofo, tem um sorriso metálico gostoso, uma aparência interessante. Não sei o suficiente para fazer uma avaliação, todo mundo diz que ele é inteligente, mas você é tão bonita, amiga. Devia avaliar melhor suas opções.

O comentário me produziu calor. Maldita hora e maldita língua que me fez espalhar pelo mundo que aquele menino era como um irmão para mim.

Mordi a parte interna da bochecha.

— Não. Eu só percebi que a Carol tem razão. Estamos comportadas demais e não foi por esse motivo que saí de casa e menti pro meu pai — produzi um suspiro entediante que soou convincente. Óbvio que omitiria que nas profundezas da minha mente perturbada, eu queria ficar mais sexy por saber que meu irmão postiço passaria a noite inteira de olho em mim e eu meio que queria que ele me achasse uma coisa bonita.

— Hummm — murmurou Letícia. — É, você tem razão. Ei, tive uma ideia. Devíamos chamar todos para brincar de verdade ou desafio para dar uma aquecida nas coisas.

Aquecida nas coisas? Como se eu já não estivesse suada o suficiente. Balancei os cabelos para ajeitá-los nas costas e arrumei o decote torto. Me sentia sufocada dentro daquela peça de roupa tão justa e pequena. Toda a situação era sufocante.

— Verdade ou desafio? Vocês já assistiram algum filme de romance em que fazem essas brincadeiras? — questionou Bárbara. — Nunca acaba bem. A mocinha sempre perde a virgindade ou chupa o pau de algum esquisito por causa da aposta e aí tem algum idiota filmando escondido que a perseguirá até o final do ano. Ela sofrerá bullying e entrará para o mundo das drogas e prostituição.

— Pelo amor de Deus, você é muito paranoica — arquejou Letícia. — Agora além de me deixar sem coragem de usar o banheiro dessa casa, ainda me fez perder a vontade de brincar. Você devia parar de assistir esses filmes, sua imaginação fica muito comprometida.

— A minha imaginação está salvando todas nós de ter a vida arruinada.

— A sua imaginação está fazendo minha bexiga doer com o banheiro bem ali na frente...

— Fiquem quietas. Calem a boca. O Jhony e o Marcelo estão vindo pra cá — avisou Carol num sobressalto que roubou o fôlego de todas. Não me mexi, não pisquei. — Ai, nossa. Minha nossa, ele é um gostoso. Não sei como ficou em terceiro lugar na lista e perdeu para aqueles dois esquisitos que só fazem idiotices.

— Deve ser porque ele é muito fechado. Acho que nunca nem vi sorrir — cochichou Bárbara.

— Também não. — Concordou Letícia. Pois eu vejo diariamente, e é de dobrar os joelhos. — Se pá, nem a voz nunca ouvi.

Jhony Trouble Onde histórias criam vida. Descubra agora