Capítulo 29

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Gabrielle

— Você o quê? Como assim quer falar com a minha mãe? — Ele deu uma rápida inclinada na cabeça para olhar dentro da casa e voltou a me encarar não muito contente. Fechou a porta e correu até mim. Saiu pelo portão me pegando pelo cotovelo e puxando para o outro lado da rua. Com a respiração muito ofegante, disse: — O que você tá fazendo aqui? Sabe que não gosto que apareça na minha casa de surpresa, Gabrielle.

— Tenho umas coisas para dizer a essa mulherzinha! Quero falar com ela. A traga aqui. Quero confrontá-la — puxei meu braço, o fiz me soltar rispidamente. — Estou falando sério. Quero que sua mãe me conheça melhor. Quem ela pensa que é para te chamar de imprestável? Imprestável é ela que não enxerga o filho incrível que tem!

Ele me fitou como se eu tivesse dado um soco no seu estômago.

— Você... nos ouviu?

— Ouvi.

Ficou em evidência o quanto ele ficou mal. A ponto de não conseguir me encarar por um minuto inteiro. Cheguei a pensar que seus olhos lacrimejaram, no entanto, ele respirou fundo e piscou forte para espantar qualquer vestígio de água.

— Não liga para isso não. Ela está tendo uma crise, daqui a pouco se acalma — murmurou vários minutos depois.

— Por que ela te disse aquelas coisas horríveis?

— Eu realmente não posso falar com você agora — correu os olhos para a casa, a ansiedade transbordando. Depois volteou para meu rosto. Era medo que ele sentia. De fato, medo. Senti uma onda de calafrios. — Vá para casa, a gente se encontra daqui a pouco. Se minha mãe te ver comigo, não sei o que pode acontecer. Ela é um pouco... Ela é imprevisível quando está assim.

Rangi os dentes.

— Eu não sabia que as crises a faziam te dizer esse tipo de coisa — respondi sem pensar duas vezes. Eu não estava inclinada a obedecer ao seu pedido. Não podia simplesmente virar as costas para tudo que ouvi. Sua mãe foi tão cirúrgica nas palavras, que cortaria o coração de qualquer filho. — Você não é um imprestável, quero que saiba disso.

— Gabrielle... — disse meu nome com firmeza, apesar dos lábios trêmulos.

— É sério. Você é a pessoa mais foda que já conheci, Jhonathan. Espero que as minhas palavras sejam mais importantes para você, do que as dela.

Ele levantou um olhar vermelho para o meu, como se eu tivesse atingido seu ponto fraco. Vermelho de lágrimas que queimavam no fundo.

— Ela me escolheu como alvo. É comum nesse tipo de transtorno os pacientes cismarem com alguém, por isso me diz esse tipo de coisa. Mas eu nem me importo. — Ele piscou, como se fizesse esforço para me enxergar. — E, bem — riu forçado. Nesse exato instante, enxerguei o tamanho da dor que tentava esconder. — Eu ter sido o responsável por minha irmã ser sequestrada, faz com que ela concentre sua raiva ainda mais em mim. Uma coisa desencadeou a outra, entende? Só ignore o que ouviu, assim como eu faço.

— Responsável!? Você não foi o responsável, Jhonathan. Não fale um absurdo desse. Você era uma criança e só uma pessoa sem coração seria capaz de culpar uma criança por um sequestro. — Tentei repreender o jeito que minha mente se comportava, mas não tinha Cristo que fizesse eu me acalmar. — E não diga que não se importa. Não tente usar máscara comigo. Sou eu aqui na sua frente e você pode ser sincero.

Jhony Trouble Onde histórias criam vida. Descubra agora