Sob Holofotes

2:2

- tá de brincadeira - Emma falou rindo do outro lado da linha

- juro pra você- gargalhei após contar a história do aniversário dos gêmeos Walton.

Eu e Emma ficamos incrivelmente próximos após voltar para Atlanta. A garota que conheci em New York "precisou" de um lugar para ficar quando veio a Atlanta- ela tinha dinheiro o suficiente para pagar o melhor hotel da cidade, mas eu ofereci estadia pois queria apresentar a cidade - desde então conversamos pelo menos quatro vezes por semana, o que tem sido ótimo pois fazia tempo que não tinha uma amizade tão próxima.

- mas e aí? Tudo pronto para irmos a Londres?- perguntou animada

E está aí mais um detalhe. Nós entraríamos na mesma universidade. Emma era um ano mais velha porém não pôde cursar a faculdade no ano inteiro por trabalhos da sua empresa- sim, a garota já tinha a própria empresa- a mesma ao descobrir que eu havia passado me chamou de imediato para morar com a mesma em um apartamento da família, não aceitei de início pois achei que seria muito incômodo, mas a mesma insistiu tanto que acabei aceitando.

- tudo no caminho. Minha passagem tá comprada e já estou treinando meu sotaque britânico- falei rindo

- ótimo! Eu estou super empolgada! Imagina nós duas morando na terra da rainha!- falou entusiasmada e foi aí que me dei conta

Eu não estava pronta para morar sem minha família.

- eu também- forcei um tom animada, na verdade eu estava completamente desesperada.

- Nick, vou ter que desligar. Minha antiga babá acabou de chegar aqui em casa. Tchau tchau!

- tchau- falei e fui desligar a conexão

- JESSIE!- pude ouvir os gritos animados do outro lado no celular. Ri com o ânimo da família e desliguei.

Ok. Eu, Londres, família e Javon.

Eu estava ferrada.

[...]

A noite estava mais quente que tudo e o sol parecia que não havia ido embora. O calor me fez querer imitar a Belly de "O verão que mudou minha vida" com o ritual de banho de piscina noturno

- na piscina a essa hora?- minha mãe se sentou a beira da água com uma taça de vinho na mão

- tava muito quente- passei a mão em meu rosto tirando o cabelo que caia em meus olhos

- já falou com Javon?- me perguntou preocupada

- nem me fale - mergulhei novamente tentando me livrar dos meus pensamentos intrusivos e desesperadores

- ele vai ficar arrasado- deu um gole de sua bebida ainda com expressão de tensão

- eu sei- me apoiei na beira da piscina - tô ficando louca com isso

- é perceptível filhota- passou a mão em meus cabelos molhados- e a gravação do filme?- perguntou animada

- vai começar no final do ano, provavelmente só vai laçando em dois anos. - me senti nervosa com isso.

E está aí mais um item de coisa que mudar em minha vida esse ano. Eu de fato iria fazer parte de uma produção marvel. Teia de seda seria interpretada por mim.

Quando as especulações começaram eu comecei a levar muito- mas muito- hate por não ser asiática. Entendo a decepção dos fãs mas se isso era para me fazer mudar de ideia sobre o papel eles estavam muito enganados pois eu não iria desistir.

Homem- Aranha tinha um significado em minha vida, isso seria usado ao meu favor.

- e a Emma? Tudo certo para sua estadia?- deixou a taça vazia de lado

- tudo... ela tá bem animada.-contei - a Christina montou um quarto pra mim

- ela é muito generosa - minha comentou

- e rica- conclui a frase com uma risada

- é, isso é verdade- deu uma risada nasal

Eu sei o que ela estava pensando

- relaxa- coloquei a mão em sua perna- eu vou ficar bem

Mamãe soltou um suspiro pesado e declarou:
- eu sei que vai- a mulher fez um carinho em meu rosto - é que...- seus olhos se encheram de lágrimas- eu me toquei de que você cresceu... e sou grata a Deus por ter acertado em cheio em sua criação.

- com a melhor mãe é claro seria uma ótima criação- beijei seu joelho

- me prometa algo- a mulher segurou minha mão chamando ainda mais minha atenção - não se perca de seu princípio. O mundo é mau, saibá se cuidar e cuidar de seu coração

- eu vou cuidar.- falei beijando suas mãos.

Minha mãe e eu ficamos ali por um bom tempo até Clloe chegar, e entraram na piscina comigo.

[...]

Minha cama parecia ser feita com alguns pregos pelos quais a física não me deixaria ilesa da dor, meu travesseiro parecia uma pedra e minha coberta era muito quente ou muito fria. O escuro me deixava com meu me sentia em constante observação.

Meus medos se faziam presente e todos os ruídos do mundo pareciam estrondosos em minha cabeça.

Tudo que eu sentia era um desejo de conforto, não algo que passaria com o próximo problema, eu precisava de algo que me ajudasse 24/7, mas eu não sabia o que era... eu precisava de ajuda.