Capitulo 28

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Noite a dentro, Ethan buscara Melissa no prédio de uma empresa distante, do outro lado da cidade, depois a deixou em casa em segurança.

— Obrigada mais uma vez, Ethan — disse ela, devolvendo o capacete e lançando-lhe um sorriso simpático.

Ethan que também retirara o próprio capacete, a olhou, dessa vez muito sério, o que era atípico vindo dele. Melissa sentiu o clima mudar na mesmíssima hora.

— Mel — ele iniciou. — Não vou continuar fazendo isso.

Ela estreitou os olhos e depois pestanejou, como se não estivesse entendendo. — Isso... o que?

— Não posso continuar vindo sempre que você chamar.

A jovem estremeceu, e seu ego afundou. Ela sorriu forçadamente, como se não o levasse a sério. — Por que não? Somos amigos, não é...? Quero dizer, você... você sempre me ajudou com esse tipo de coisa — falou com um encolher de ombros.

Ethan olhou para o céu por um momento enquanto escolhia as palavras certas para usar.

— Mel, vamos parar com essa brincadeira. — disse ele, agora olhando para frente, mirando a rua vazia e pouco iluminada.

A garota levara um choque interno. — Não estou entendendo, Ethan — balançou a cabeça devagar de um lado para o outro, fingindo inocência.

Ele abriu a boca como se fosse falar, mas tornou a fechar. Pensou por mais alguns instantes, e então disse: — Tudo bem, vamos ter essa conversa só uma vez, certo? — ele a olhou ainda sério. Melissa sentiu um calafrio.

— Gostei de você por muito tempo, Mel. Fiz tudo por você, sabe disso. Mas agora...

— Eu sei! — ela o interrompeu. — Eu... já sei o que você vai dizer.

— Ainda assim preciso dizer. Você tem que ouvir da minha boca, e eu preciso falar.

— Ethan, combinamos de ser apenas amigos, e é tudo que somos — adiantou-se ela.

Ele riu pelo nariz. — Ah, por favor...

A expressão dela mudou e seu sorriso falso se desfez aos poucos.

— Você me beijou naquela noite, Mel. Você sabia que eu estava com ela, todo mundo sabia — ele lançou um olhar que misturava descrença com desgosto. Talvez finalmente tivesse aberto os olhos para a situação.

Ela engoliu em seco, os olhos começando a ficarem molhados. — Eu... eu já expliquei o que aconteceu. Foi um erro.

— Sim, foi um erro. — ele balançou a cabeça em concordância. — Você é uma boa garota, Mel. Moramos na mesma vizinhança, nos vemos com frequência, e nos conhecemos há um bom tempo. Vamos ficar de boa, beleza? — ele fez uma pausa, esperando ela concordar, mas ela não fez que sim nem que não. Melissa ouviu todas aquelas palavras como chicotes disparados em seu coração, sentindo agora, sutis lágrimas quentes escapulirem de seus olhos. Imaginou que no momento em que a primeira lágrima caísse, ele cessaria as palavras. Mas não aconteceu, ele continuou falando tudo que ela não gostaria de ouvir.

— Tem uma pessoa com quem eu me importo agora, e eu não vou deixar de estar com ela toda vez que você me chamar, e também, não vou deixar que ela se sinta desconfortável ou ameaçada por você. — disse Ethan, muito decidido.

Ela limpou o rosto discretamente e fungou o nariz. — Certo. Eu... eu não queria causar problemas pra você — disse com a voz embargada. — Pra vocês — corrigiu-se.

— Eu sei — ele olhou para frente, tentando ignorar a tristeza evidente dela. Precisava ser firme naquele momento, mesmo que a machucasse.

Alguns segundos de silêncio se fizeram presente entre os dois.

— Eu já vou... fica bem, Mel. — disse ele antes de ligar a moto.

Melissa manteve os olhos marejados sobre ele em uma última tentativa de arrancar qualquer reação do rapaz, mas Ethan não devolvera nenhum olhar para ela. Deu a partida em sua moto e rumou para casa no fim da rua.

Após chegar em casa, ele subiu diretamente para o quarto, e agora estava sentado na beira da cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos sobre o rosto. A imagem de Melissa repassava inúmeras vezes em sua mente. Ele odiava ser o motivo das lágrimas dela. O rapaz esfregou o rosto e encaminhou-se para o banheiro. Tomou um banho gelado na esperança de que a água corrente levasse consigo os pensamentos sobre ela. Depois do banho ele dirigiu-se para cama, afundando nela. Fechou os olhos por um segundo, sentindo seu corpo relaxar, e sua mente sossegar. A primeira coisa que veio ao seu pensamento foi o sorriso de Ayla. Ele sorriu também, lembrando dos momentos daquela noite. Ethan sentou na cama. Olhou para a jaqueta pendurada na cadeira da escrivaninha, depois foi até ela, e do bolso retirou seu celular, voltando para a cama com ele. O rapaz deitou a cabeça no travesseiro e desbloqueou a tela. Seu coração pulou quando viu a notificação da mensagem de Ayla. Ela realmente havia enviado uma foto. Ethan abriu a mensagem e sentiu seu corpo estremecer, um arrepio atravessar sua espinha, e seu membro enrijecer quase instantaneamente. Pensamentos impuros passaram-lhe na mente enquanto ele olhava para a foto na tela.

— Eu não vou fazer isso... — disse ele em negação, descendo a mão pelo abdômen até seu membro. — Não... — ele respirou tenso, a mão entrando na calça, na cueca. — Droga... — ele lambeu os lábios, seu peito subia e descia com a respiração pesada, sua mão deslizava para cima e para baixo em seu membro.

Era exatamente 05:00 da manhã, dia 31 de dezembro. As bagagens estavam sendo enxotadas em dois carros por: Ace, Tom, Tio Brady, Levi e Alex, no estacionamento da Apex Cycles. Ian estava de braços cruzados enquanto observava os rapazes. Por trás dele, Isaac estava cochilando com a cabeça pendendo no ombro do mais novo.

— Se você babar na minha camisa, eu vou enfia-la na sua goela até sair pelo seu rabo — ameaçou, fazendo Isaac desperta na mesma hora, sugando a baba com um barulho de sucção e limpando a boca na manga.

Ethan e Ayla sorriam e conversavam encostados na motocicleta dele. Pareciam ser os únicos a estarem de bom humor tão cedo. E de uma certa distância, alguém não podia deixar de observá-los atentamente. Matteo que conduziria um dos carros, tinha um braço apoiado na janela aberta do automóvel, e o outro segurava com firmeza o volante. Ele não conseguia desgrudar os olhos do casal à sua frente. Ao lado dele no banco do passageiro, Joel dormia serenamente com um travesseiro de viagem ao redor do pescoço. Após alguns instantes, estava tudo pronto para a partida.

Em um dos carros Nicole conduzia no banco do motorista. O banco do passageiro acomodava Ayla, e no banco traseiro estava Cherry, também adormecida com um travesseiro de viagem. No segundo carro apenas Matteo e Joel.

O restante dos rapazes faziam o percurso nas suas respectivas motos. No início do caminho Alex e Ace iam à frente dos carros, e os demais ladeando ou atrás. Levaria algumas horas para chegarem até a casa do lago, o caminho era longo mas isso não parecia ser problema. Os rapazes logo começaram a se divertir na pista. Ian e Levi empinavam equilibrando-se apenas na roda traseira, enquanto Alex e Isaac ziguezagueavam a pista, deixando Ayla que assistia de dentro do carro, extremamente aflita.

Tio Brady e Tom faziam melodia com as buzinas, e até Nicole entrara na brincadeira.

— Que pessoal divertido — ela comentou, como se eles fossem de outra espécie.

Quando Ayla olhou para a janela, percebeu que Ethan ledeava o carro. Ela desceu o vidro e esticou um braço. Ele fez o mesmo. E por um breve momento deram as mãos... Até Matteo começar a buzinar logo atrás.

Night Ride (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora