Night Ride (livro 1)

Capitulo 82

Ian pilotava em uma velocidade alarmante pelas ruas noturnas. A medida que se aproximava de seu destino, as vias ficavam cada vez mais escuras e vazias, até chegar a uma alameda mal iluminada.

Várias motocicletas estavam estacionadas, alguns faróis acesos, pessoas espalhadas pelo local, e o cheiro de gasolina e cigarro eram pressentidos nas proximidades. Ian estacionou sua moto, descendo e trilhando caminho à procura de Alex. Alguns homens mal encarados se aproximaram, e se afastaram instantaneamente quando o reconheceram. O rapaz abriu caminho varrendo os homens com seu olhar duro, até se aproximar de uma pequena multidão. Uma briga estava acontecendo. Vários homens de terno preto e luvas de couro lutavam com alguns motoqueiros. Ian parou e observou à certa distância. Enquanto isso, Kevin se aproximou dele.

— O que está acontecendo? Por que trouxeram a namorada dele pra cá? — Ian questionou disfarçadamente, para que outros não ouvissem.

— Eu não sei, não fiquei sabendo disso — devolveu Kevin, pelo canto da boca.

— Reúna todos. — ordenou o loiro, afastando-se, rumando para onde a briga acontecia.

No meio do caminho ele passou pelos garotos gêmeos que, ao vê-lo, fizeram uma reverência exagerada, curvando-se até que a cabeça alcançasse a altura dos joelhos, Ian certamente nem notou. Os gêmeos se reergueram com largos sorrisos e um ar muito brincalhão.

Ao contornar a briga, Ian pôde ver Alex com um braço envolta de Cherry, ambos pareciam relaxados ao observar a confusão acontecer diante deles.

— Tudo bem com vocês? — perguntou o loiro ao se aproximar do casal.

— Tranquilo, e você? — Alex sorriu descontraído.

Ian olhou para o conflito que continuava intenso. — Essa galera aí é sua? — questionou, indicando os seguranças com a cabeça.

— Positivo. — respondeu Alex, com os olhos  também voltados para a briga, quando de repente, a moto de Kevin parou atrás deles. O rapaz buzinou várias vezes de forma ritmada. Era um código, e funcionou sem tardar. Os gângsters envolvidos na briga começaram a recuar aos poucos. Os seguranças de Alex fizeram o mesmo ao perceber que eles não avançariam mais. E então, todos do local começaram a se amontoar.

A balbúrdia entre os homens reunidos estava ficando muito alta, então Ian, deu um passo à frente.

— ATENÇÃO! — bradou com a voz firme. — O RECADO É UM SÓ — todos se calaram. — QUALQUER ATO DE VIOLÊNCIA CONTRA ALEX, RESULTARÁ EM RETALIAÇÃO! — declarou, começando a andar lentamente de um lado para o outro. — SERÁ COBRADO PELO COMANDO SUL, SOB O MEU NOME! AVISEM AO SEU CHEFE QUE, O COMANDO SUL AGORA AGE POR MIM, E CONSEQUÊNCIAS INDESEJADAS VIRÃO MEDIANTE ATOS QUE DESAFIEM A MINHA PALAVRA! — alguns dos homens abaixaram a cabeça, evitando contato visual com o rapaz, outros trocavam olhares apreensivos, e alguns até mesmo murmuravam entre si pelo canto da boca.

Após o aviso ameaçador de Ian, os membros da gangue Inferno Racers ficaram em silêncio, processando a situação. Uma mistura de medo e submissão permeava o ar.

— Vamos — disse Ian a Alex, junto a um movimento de cabeça.

Alex assentiu. — Dispensados, galera! — disse com um sorriso alegre, ao grupo de seguranças. — Mandou bem Harry! —  acenou com a cabeça para um dos homens, e depois pegou a mão de Cherry. O casal seguiu Ian, que abria caminho em meio à multidão.

Na cozinha da casa da Sra. Smith, a Sra. Spinnet fechava a geladeira.

— São padrões de vida completamente diferentes, Mary. Vai ser só questão de tempo até ela se cansar e descarta-lo. — dizia ela para a Sra. Smith, que lavava alguns pratos na pia. — Homens ricos casam com mulheres comuns, mas mulheres que já tem tudo na vida, nunca iriam casar com alguém que tenha menos que elas! — a Sra. Spinnet puxou uma cadeira da mesa e sentou, e a Sra. Smith ouvia tudo sem retrucar, não queria invalidar a opinião da amiga, mas não estava confortável com tais palavras ditas.