Capítulo 5

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Quando o nosso professor de biologia, Sr. Max, entrou na sala e fixou os olhos em mim por vários segundos, soube que ele tinha aceitado a minha proposta.

Depois que Louis me deixou só no vestiário, depois do treino de ontem, eu tinha planejado cada palavra do meu discurso. Quando finalmente fui falar com o professor, a minha fala saiu tranquilamente.

- Bom dia, meus alunos. - O Sr. Max sorriu, tentando acalmar a turma, que conversava sem parar. Eu mesmo não conseguia parar quieto na expectativa do que ele iria dizer e também na ansiedade para o jogo de hoje à noite. Ele deixou os livros sobre a mesa e começou a falar: - Bem, como todos os anos, vocês terão que fazer um projeto que vai valer a nota do semestre. Todos os anos farão de uma disciplina diferente e vocês, do segundo ano, ficaram com biologia e sociologia.

Algumas pessoas resmungaram, dizendo que eram as matérias mais complicadas para trabalhar em conjunto. Se meu plano não estivesse em andamento, provavelmente eu seria uma delas, mas eu sabia que conseguiria entender bem a matéria e faria o projeto tranquilamente se uma certa pessoa me ensinasse.

Esse foi um dos meus argumentos.

- Mas como trabalhar duas matérias tão distintas? - Max continuou, passando os seus pequenos olhos por toda a sala - Eu arrumei uma forma. Esse ano o projeto será em duplas.

Toda a sala explodiu em conversas animadas, todos já definindo as duplas.

Scott me cutucou:

- Eu e você, viu?

Assenti. Ele mal sabia que não seria bem assim.

O Sr. Max pediu silêncio batendo o punho na mesa e produzindo um som alto e chamativo.

- É justamente esse tipo de coisa que fez os projetos passarem a serem individuais á dois anos atrás. - Aquilo definitivamente calou todos. - Retomando de onde fui cortado: os trabalhos serão em duplas sim, mas que vai montá-las sou eu.

As vozes se ergueram novamente.

Marie Elizabeth se pôs de pé:

- Isso não é justo!

- Sente-se, Srta. Turner. Isso não tem nada de injusto. - Marie, de cara fechada, acabou sentando novamente e o professor continuou calmamente: - Como podemos trabalhar a sociologia se não misturando as divisões? Essa sala é um exemplo claro das divisões em grupos e isso vai mudar. Vou passar a lista com os nomes.

Tirou um papel da bolsa e eu tive que segurar a respiração. Não sabia porque estava tão nervoso, afinal a ideia tinha sido minha, mas pensar em fazer um trabalho tão longo com Louis deixava meu corpo tenso. Eu teria uma chance real de ganhar aquela maldita aposta.

Max começou a ler a lista:

- Elize e Joe.

Nerd e jogador. Joe bateu o punho na mesa, frustado.

- Alex e Alex.

Uma das saguidoras de Marie e um gótico calado.

- Marie Elizabeth e Scott.

Atrás de mim, ele respirou fundo e bateu no meu ombro:

- Você ouviu isso, cara? Desculpa, mas fazer com ela vai ser muito melhor!

Sorrindo como estava, eu tinha certeza que o "fazer" dele não estava no sentido que o professor gostaria que estivesse.

Ri.

E então ele falou mais dois nomes:

- Louis e Harry

Relaxei na cadeira e não pude deixar de olhar para trás. Os olhos de Louis estavam fixos em mim, as sobrancelhas franzidas, como se não acreditasse. Lancei-lhe um sorriso e ele tentou não responder, mas acabou abrindo um sorrizinho minúsculo também e virando o rosto logo depois.

O resto do tempo foi nebuloso para mim. Eu não prestei atenção em nenhum segundo, perdido em pensamentos. Eu tinha que saber bem o que falar e sobre o que falar. Precisava pensar em tudo se quisesse chegar à algum lugar.

Afinal, eu iria passar muito tempo com o Garoto-Morcego daqui para frente.

****

Enquanto todos de dispersavam pelo corredor, apoiei-me nos armários em frente à porta da sala e esperei Louis sair.

Como sempre, estava totalmente vestido de preto: usava um jeans rasgado, uma camisa de manga comprida e vans. A pele era muito branca e se tornava pálida em contraste com as roupas.

Gravei estranhos pequenos detalhes (como o fato de ele ter mãos minúsculas) e depois pisquei quando percebi que estava na minha frente.

- Fale a verdade - ele falou. - Você tem o dedo nessa história de duplas, não tem?

Dei de ombros.

- Por que teria?

Ele revirou os olhos místicos de tão azuis e deu um passo para ir embora, sem se despedir, como ontem, mas segurei-o pelo braço.

- Parece que você tem medo de mim, porque sempre foge.

Louis olhou de forma ameaçadora para a minha mão e eu soltei-o.

- Não precisa se preocupar com nada. Já tinha pensado em alguns detalhes para o projeto e consigo fazer tudo sozinho. Você só vai precisar falar uma coisa ou outra no dia da feira e terá sua nota. - Disse, de cabeça baixa.

O corredor estava ficando vazio.

- Eu n-não quero me aproveitar - gaguejei. Não sabia mais o que falar, tudo parecia ter sumido. - Quero ajudar com o projeto.

Louis riu falsamente.

- Chega! Qual é o truque? Vocês sempre me exploram, de uma forma ou de outra!

Bati o punho nos armários. Estava começando a ficar com raiva do nós que os jogadores como um todo representavam.

- Quer parar de me comparar com todos eles? - Gritei. - Me dê uma chace de provar que eu não sou um tapado idiota!

Isso o surpreendeu e a algumas pessoas que ainda transitavam pelo corredor.

Respirei fundo, falando mais calmamente:

- Temos mais ou menos um mês para escolher um experimento muito legal que possa envolver muita gente. Não quero, não vou, ficar de braços cruzados, então, por favor, me diga quando você tem tempo par discutirmos sobre isso.

Soltei o ar. Fiquei surpreso em como aquelas palavras se tornaram verdadeiras logo depois que eu as pronunciei.

Louis suspirou, cedendo.

- Tudo bem, então. Talvez eu possa ir para a sua casa hoje ou amanhã e...

- Não pode ser na minha casa. - interrompi, pensando no meu pai. - Por razões simples: não tem nada lá que possa servir.

Ele pensou um pouco.

Suspirou.

Desde quando eu reparava em tudo que ele fazia?

Fazendo um gesto com a mão, resmungou:

- Sai da frente.

Ele abriu o armário em que eu estava apoiado, arrancou uma folha de papel e rabiscou alguma coisa lá, depois me deu o papel.

- Meu endereço. Sei que tem jogo hoje à noite, mas se ainda quiser passar lá hoje, é só bater na porta. - Fechou o armário com um um barulho forte e foi embora, sem dizer "tchau" - de novo!

Sem querer, sorri.

Como não te amar? (Larry Stylinson AU)Where stories live. Discover now