Capítulo 18

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As lágrimas eram de sangue e manchavam toda a sua face, escorrendo uma depois da outra contra as bochechas já avermelhadas.

- Eu espero que você morra! - Louis disse, tão próximo que pude sentir sua respiração batendo contra a minha pele.

E então ele se duplicou... E triplicou.

Em poucos segundos, eu estava cercado por vários Louis, de todos os lados, infinitamente. Todos choravam e repetiam, como um mantra:

- Espero que você morra!

Suas vozes aumentavam cada vez mais e eu não aguentei meus ouvidos: cai de joelhos, cobrindo toda a minha cabeça com os braços.

Aquela não era mais a voz de Louis, mas sim a de Sam, que ecoava por todos os lados.

Em desespero, gritei.

- NÃO!

Ergui o corpo da cama, tremendo e completamente molhado de suor. Em um flash, todas as lembranças do que tinha acontecido voltaram como uma pancada forte no meu peito, cortando a minha respiração.

Sufoquei quando as lágrimas começaram a encobrir toda a minha visão novamente.

Eu não sabia como tinha chegado ali nem porque já era noite, só quis chorar até desidratar e morrer, como Louis tinha pedido que eu fizesse.

Pela primeira vez na vida, eu tinha me apaixonado de verdade e me sentido em paz, mesmo com tudo de ruim que me cercava. A dor da perda da minha mãe tinha se atenuado para uma chama mais fácil de suportar e eu tinha vontade de recomeçar com meu pai.

Mas isso foi antes dele sumir e de eu perder Louis para sempre.

Mordi meu travasseiro com força e gritei com toda a intensidade possível, expulsando a dor de dentro de mim.

De repente, a porta do meu quarto se abriu e me deparei com a imagem assustada de Marie. Ela estava completamente mudada: sem o habitual batom vermelho sangue e com um vestido floral que a deixava sexy e delicada ao mesmo tempo. Perdido em meio a minha própria dor, ainda pude sentir uma pontinha de felicidade por ela e Scott estarem juntos.

Marie tirou o travesseiro dos meus dentes e deu um carinho nos meus cabelos suados, com um olhar triste no rosto.

- Scottie me contou tudo, Harry. Eu sinto muito.

Em meio aos soluços e a visão embaçada, sussurrei:

- C-como i-isso aconteceu?

A voz do meu melhor amigo cortou o quarto e minha cabeça explodiu de dor, como se mil agulhas a perfurassem de uma só vez.

- Sam ouviu nossa conversa de ontem nos vestiários e roubou o diário com os desenhos. - Ele sentou ao meu lado na cama. - Passou a tarde toda planejando isso para te atingir e depois mandou mensagens avisando que teria uma grande apresentação na quadra para todos os alunos.

Marie, ainda passando as mãos pelos meus cabelos delicadamente, falou:

- Scott estava comigo quando recebemos as mensagens e imediatamente desconfiou dessa história de "apresentação". Quando chegamos na escola hoje e vimos o que estava acontecendo, ligamos dezenas de vezes para o seu celular e depois Scottie decidiu ir até sua casa antes que chegasse na escola. No caminho ele me contou tudo, mas quando chegamos aqui, você já tinha saído.

Suspirei, dessa vez deixando as lágrimas escorrerem em silêncio:

- M-meu celular d-descarregou durante a noite... Não consigo parar de pensar em como Lou pode estar agora. - Em um impulso, joguei o corpo para fora da cama e quase falhei em me pôr de pé, de tanto que minhas pernas tremiam e tomei uma decisão em cima da hora. - Preciso ir lá e explicar tudo para ele.

Como não te amar? (Larry Stylinson AU)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora