Capítulo 3

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O corte começava no topo da cabeça, ainda entre os cabelos, e terminava ao lado do olho direito de Louis.

Sem parar para pensar, fiz ele se sentar na calçada, tirei a camisa e pressionei sobre o corte com força. O sangue não parava de escorrer e manchar o tecido.

- Você está bem? - Perguntei. Sabia que ele não estava, mas ficar em silêncio não estava ajudando em nada.

Louis apertou a minha camisa sobre o rosto, ainda de cabeça baixa.

- Só estou um pouco tonto - E então ele ergueu o olhar.

O meu primeiro pensamento foi: como nunca reparei nisso antes? Duas bolotas azúis me observavam. Seus olhos eram de um azul tão claro que pareciam as águas cristalinas do Caribe que eu sempre via nas fotos. Um azul tão perfeito que pareciam dois faróis que iluminavam tudo ao redor e chamavam em sua direção.

Louis franziu o cenho ao me reconher e se levantou.

- Por que está me ajudando?

Abri a boca para responder, mas percebi que, na verdade, não sabia o que dizer.

Dei de ombros.

- Só vi um garoto ferido, o que você queria que eu fizesse?

Ele fechou os olhos e sem aquele azul vívido, seu rosto adquiriu feições sombrias.

- Ah, é claro. - Sussurrou para si mesmo depois de um segundo e abriu os olhos. - É claro que você não sabia que era eu, senão não teria nem se mexido.

- Não é verdade...

- Claro que é! - Estava escuro, mas eu podia jurar que seu rosto ficou vermelho. Ele falava mais alto que o normal. - O que eu fiz para vocês? Todos os dias você e seus amiginhos riem de mim e me machucam, mas sou incapaz de saber o por quê!

- Eles não são meus amigos! - Falei sem pensar. Ele baixou o rosto e,  quando o ergueu novamente, seus olhos brilhavam com as lágrimas contidas.

Não sei bem porquê, mas uma fisgada seca e dolorosa cortou meu coração ao ver aquilo.

- Eram do seu time, não é mesmo, Capitão?

Respirei fundo. Não tinha palavras. Era verdade que eu não tinha visto que era ele, mas se tivesse eu teria vindo de uma forma ou outra, não é mesmo? Eu sei que teria. Mas seria só por causa da aposta? A aposta! Eu nem mesmo lembrava dela!

- Vou tentar tirar a mancha e depois eu devolvo. - Louis disse, de repente.

- O quê?

- A camisa. - Ele me mostrou o tecido, que agora tinha mancha escura de sangue.

- Tudo bem, não precisa se preocupar com isso. - Respondi.

- Não se preocupe, não transmito nenhuma doença de morcegos, pelo o que eu saiba.

Sem querer, abri um pequeno sorriso. Ele tirava onda com o próprio apelido maldoso que tinhámos criado, mas meu sorriso sumiu quando olhei seu rosto sem expressão. Louis passou por mim sem dizer mais nada e continuou caminhando pela calçada, ainda segurando a camisa contra o corte.

- Tem certeza que não quer carona? - Gritei para ele. Por um segundo ele parou de caminhar, mas depois seguiu em frente sem nem mesmo responder ou sequer se virar.

-x-

Já se passavam das duas da manhã quando cheguei em casa. Depois do meu encontro com Louis, entrei na minha caminhonete e rodei a cidade para pensar. Naquela noite o céu estava limpo e eu vi todas as estrelas possiveis. Tudo se misturava dentro de mim: o desabafo de Louis, a falta da minha mãe, a aposta louca que eu tinha feito com Scott. Estava começando a me arrepender dela depois que vi os olhos brilhantes e molhados do Garoto-Morcego.

Quando finalmente o sono começou a chegar, dirigi de volta para casa.

Encontrei meu pai dormindo de qualquer jeito no sofá, ainda com o computador ligado na mesinha de centro. Subi até o quarto e desci novamente, trazendo um lençol, cobri-o e depois fui embora.

Joguei-me na cama. Minha mente não conseguia abandonar os maravilhosos olhos de Louis e naquele instante decidi que devia parar antes que um mal maior acontecesse. Ele estava certo: nunca feito nada contra nós para merecer nada daquilo.

Liguei para Scott e ele atendeu depois de três toques:

- Alô? - A voz embriagada e o som alto atrás provavam que ele ainda estava na festa.

- Scott? Pensei melhor e desisti da aposta.

- O quê? Não ouvi nada. - O som se tornou um pouco mais baixo. Um pouco, quase nada! - Quem tá falando?

- Sou eu, Harry. Eu desisto da aposta!

- Por que você quer lagosta? - Ele parecia muito surpreso com isso e eu revirei os olhos.

- Deixa para lá! - Quase gritei e logo depois ele desligou, mas antes pude ouvir um "oi, gatinha" do outro lado da linha.

Scott não aprendia nunca!

Coloquei meu celular sobre a cômoda e tirei a calça. Enfiei-me entre os cobertores e demorei uma eternidade para controlar meus pensamentos e conseguir dormir.

Como não te amar? (Larry Stylinson AU)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin