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Capítulo 1

O sol que castigou Londres durante os últimos três meses, agora sumia e dava espaço para nuvens carregadas e inúmeras folhas secas caídas no chão. Era outono e isso queria dizer que todos estavam voltando para suas aulas e afazeres depois de um tempo de férias.

Pela janela do quarto de Harry, os raios solares iluminavam as paredes do comodo e incomodavam a vista do garoto que tentava dormir. Ele colocou o travesseiro em cima da cabeça na tentativa de descansar pelo menos mais trinta minutos. Tudo em vão, pois o barulho ensurdecedor do despertador invadiu o quarto e ele não tinha escolha: era acordar ou acordar. Harry se levantou e foi ate o banheiro, dobrou a roupa que vestia e colocou dentro do cesto que estava ao lado do vaso sanitário, então entrou debaixo do chuveiro. Era quarta feira, ele so lavava o cabelo nas terças, quintas e sábados, de vez em quando nos domingos. Saiu do banho cantando "Monday Morning" da banda Fletwood Mac, se enxugou e enrolou a toalha na cintura. Quando chegou no quarto, foi direto para o guarda roupa onde haviam roupas impecavelmente penduradas e dobradas. Suas cuecas eram guardadas conforme a cor assim como suas meias.

Assim, ele vestiu uma calça skinny preta com um rasgado proposital nos joelhos, uma camisa social com estampa lisa e suas inseparáveis botas. Ele foi ate sua cama e não se contentou ate que ela estivesse perfeitamente arrumada e com o lençol esticado. Era assim todos os dias, seu TOC (transtorno obsessivo compulsivo) por arrumação o transformava em alguem que chegava atrasado mas não saia de casa sem ter certeza que as almofadas estavam alinhadas da forma que ele gosta. Não era um motivo de orgulho para ele, mas pelo menos suas coisas eram completamente limpas e organizadas.

Ele se dirigiu ate a cozinha e pegou o cereal que estava no armário do meio, colocou dentro de uma tigela que sempre ficava em cima do enorme balcao de mármore e colocou um pouco de leite que nunca saia do canto direito da primeira grade da geladeira. Em seguida ele cortou alguns pedaços de banana e comeu junto ao cereal. Não sentou-se na mesa de vidro com quatro cadeiras em volta, ficou de pé e comeu todo o seu café da manhã. Após não deixar nem mesmo um grão de aveia no prato, ele lavou e colocou tudo exatamente do jeito que estava.

Antes de sair pela porta lateral que dava acesso à garagem, ele pegou um de seus óculos de sol e colocou no rosto. Hora de trabalhar. Entrou em seu carro, e dirigiu ate a empresa que trabalhava. Estacionou dentro da grande garagem do prédio azul e branco. Antes de sair ele apertou um botão escondido no porta luvas e um compartimento escondido no banco traseiro se abriu, revelando uma pasta preta de couro que ele pegou e so então saiu do veiculo, indo em direção à enorme porta de vidro com um letreiro logo acima escrito "1D Comporation". Aparentemente era uma empresa de informática, com muitos funcionários andando pra lá e pra cá vendendo computadores e celulares, era assim também quando entrava-se pela pequena porta atrás do balcão.

Ao entrar, podia-se ver mais funcionários andando pra lá e pra cá, cada um deles cumprimentava Harry pensando que ele era da parte administrativa da empresa. Mal sabiam eles que a verdadeira profissão do rapaz era muito mais complexa do que mexer com números. No fundo da falsa loja ficava o suposto escritório que ele utilizava, mas a verdade era outra. Assim que entrou, ele trancou a porta e apertou um botão na primeira gaveta do gabinete, que sempre estava trancada, logo a grande parede atrás dele se abriu e revelou um elevador pequeno onde cabiam apenas duas pessoas nele, no maximo. Harry deixou a pasta em cima da mesa e a abriu, pegou la de dentro uma pistola preta de calibre 38 e entrou na pequena caixa de metal. Ele arrumou sua roupa pela milionésima vez e pendurou a arma travada no seu cinto. O elevador parou no 12° andar e ele saiu. Desta vez o lugar era completamente calmo, ele passou por um enorme corredor, onde haviam muitas portas e nenhum barulho. Ele entrou por uma porta que estava escrito o nome dele. Aquele sim era seu verdadeiro escritório.

A sala era enorme. Havia uma mesa de madeira próxima à grande parede de vidro que dava uma visão panorâmica de Londres, havia uma televisao e um sofá que cabiam quatro pessoas. Ele deixou a arma em cima da mesa e a arrastou ate ficar bem ao lado do estojo que estava cheio de lápis e canetas. Sentou na sua cadeira, pegou uma pasta cheia de papeis e escreveu na frente "concluída".