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Augusto
às 01:30

Eu estava decidido a não te escrever mais, a não pensar mais em você. Até que te vi, do outro lado da rua, achei que sufocaria. Você estava tão linda Kim, e porra! Percebi que ainda amo muito você.

Última carta destinada a Kimberly, seis anos depois da sua partida. A carta foi embolada e jogada no lixo minutos depois de ser escrita.

🎸

— Mãe.

Me virei encontrando Morgana, a mãe de Kimberly com os olhos inchados e vermelhos.

— Querida, Oque está acontecendo? Onde está Agnes? Eu vim o mais rápido que consegui depois que seu irmão me ligou, mas o vôo atrasou e...

— Mãe... — Kimberly correu para abraçar ela. Um abraço comovente. 

— Estou aqui, Kitty.

— Mas ele não está.

O ar mudou.

— Oque disse?

— Me desculpa, me desculpe. Foi minha culpa. Miguel quis me proteger, ele cuidou de mim mãe mas eu não consegui protege-lo.

— Kimberly, meu amor do que você está falando? 

— Ele está morto, meu irmão está morto.

Morgana desabou, e por pouco não foi ao chão se não fosse o padrasto de Kimberly que ouviu tudo ao se aproximar.

— Não, não pode ser. Meu filho não está morto, eu falei com ele a algumas horas atrás. Ele me disse que tudo correria bem Kitty, Ah meu Deus!  Lorenzo, nosso menino.

Desviei meus olhos da cena. Lorenzo não sabia oque fazer enquanto Morgana chorava com a mão ao peito, ele piscava sem parar como se não tivesse assimilado a informação.

— Me deixe vê-lo, me deixe vê-lo. Onde ele está? 

Kimberly abaixou os olhos enquanto as lágrimas estavam secas em sua bochecha. Morgana marchou em direção aos corredores do hospital enquanto pedia pelo filho, até que ela realmente desmaiou.

— Ah meu Deus, mãe! — Kimberly correu. — Pai chame um infermeiro. 
Mas Lorenzo permaneceu imóvel. Encostado na parede, o guiei até o banco e pedi para que ele se sentasse. Miguel era seu único filho biológico, seu único menino, seu primogênito. Não estava sendo fácil para ninguém.

[...]

Horas, se passaram horas e ainda escuto o som de choro na sala ao lado. Sem parar, Morgana soluçava sem parar. Ninguém imaginava que sua viagem ao Havaí acabaria aqui, em um hospital com seu filho morto e sua neta em cirurgia. 

Sophie apareceu primeiro, depois Michael, James, Bryan e Ross. Anie não estava, a qualquer momento seu bebê viria ao mundo. E mesmo assim Bryan estava aqui, ao nosso lado mesmo encarando a tela do celular de cinco em cinco segundos.

— Gus, coma pelo menos um pouco. — Ross empurrou a sacola.

— Não estou com fome.

 (Des) sintonizados.Where stories live. Discover now