16. Cybele

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Os olhares de Ava e Beatrice se encontram, e uma conversa silenciosa se desenrola entre elas, interrompida pela presença de Reya, que aparece ao lado do General e a abraça firmemente, de costas para Beatrice.

A deusa sussurra palavras de apoio em seu ouvido, fazendo o corpo de Ava se tensionar profundamente, sua mão segurando a espada fica branca devido à força com que segura o cabo.

A Freira Guerreira finalmente enxerga a verdade.

Ela vê tudo.


*****


Ao crepúsculo, os raios do sol começam a se esconder no horizonte enquanto a mulher caminha pelos caminhos perto de sua casa. Seus cabelos negros como a noite, olhos profundos e penetrantes, e sua pele branca como a luz da lua que ilumina a escuridão atestam a sua beleza única.

Vestida com uma túnica fina e simples de linho, ela caminha graciosamente pela floresta, seus passos firmes, em busca de alguma comida. Já se passaram dois dias desde a última refeição, e ela está desesperada por qualquer coisa que possa saciar sua fome: frutas, legumes, talvez até alguns animais, além de lenha para aquecer sua casa.

Árvores altas se erguem majestosamente em direção ao céu, seus galhos se estendendo em um abraço protetor. A vegetação ao redor é escura, escondendo os inúmeros animais que ali residem.

Com olhos atentos, ela finalmente encontra algumas ervas frescas, e seus dedos ágeis as recolhem habilmente. À medida que o dia escurece, seus pensamentos se perdem na tranquilidade da floresta, e o medo do que o amanhã trará ressoa fortemente em seu peito. Seu destino, vinculado à vontade, palavra e desejo de seu marido, o homem a quem ela foi vendida quando criança por seus pais para quitar uma dívida, pode ser descrito como muitas coisas, mas para ela, a palavra mais adequada sempre foi "demônio".

Ao retornar, ela se permite absorver os detalhes de sua casa construída com pedra e madeira, que permanece sempre fresca sob o escaldante sol grego, mas no inverno se torna fria, com o vento soprando com força e trazendo sinais de chuva que fazem a mulher encolher-se e buscar calor em suas roupas modestas.

Ao entrar, trazendo algumas frutas na mão, ela é imediatamente atingida pelo aroma característico de madeira envelhecida e pelo cheiro de óleos aromáticos queimados em pequenas tigelas por toda a casa, usados para afastar espíritos malignos, enquanto o som das primeiras gotas de chuva ecoa no telhado de terracota.

De muitas maneiras, aquele lugar reflete o estado de sua vida infeliz. É pequeno, simples e desgastado. O chão de pedra é frio e áspero, e, como um todo, o ambiente representa nada mais do que sua opressão e dependência.

À medida que a mulher se afasta da entrada, fechando a porta atrás dela, seu marido aparece em seu caminho. O odor acre de álcool em sua respiração enche o ar, misturando-se com o cheiro de madeira e ervas. Seu olhar embriagado e o tom agressivo de suas palavras são como uma tempestade dentro da casa, perturbando a já frágil tranquilidade.

Imediatamente, ela sente o medo e a ansiedade percorrendo seu corpo, pois sabe o que está por vir. Afinal, não é a primeira vez que isso acontece. Ainda assim, ela não pode deixar de desafiar o homem à sua frente, encarando-o com um olhar fixo, frio e indiferente apesar de sua agressão.

"Onde você estava, mulher?" ele ruga, os olhos cheios de raiva. "Você acha que pode vaguear sem dar uma explicação, Cybele?"

Ela permanece em silêncio por um momento, pronta. "Fui procurar algo para comer, já que você é incapaz de cumprir seu papel como homem", responde com desgosto.

Sombras do destino: Parte I (A Warrior Nun Fanfic)Kde žijí příběhy. Začni objevovat