Mate-me quando não houver saída (parte 1);

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Endereço desconhecido – 16h15min.

Yoongi se recostou no batente da porta da cozinha com os braços cruzados, analisando seu irmão no sofá da sala. Poucas pessoas poderiam decifrá-lo naquele momento, mas tinha experiência de anos com aquele cara e poderia afirmar com toda certeza do mundo quando ele estava irritado. Esse era um daqueles momentos, algo na forma como seu corpo estava posicionado no estofado com o tornozelo apoiado na perna esquerda e o cotovelo direito no braço do sofá, o polegar batendo despretensiosamente em seus lábios lhe entregavam.

Em alguns momentos, ele franzia a boca e a covinha sorrateira se fazia presente em sua bochecha. Em outros, deslizava o polegar pelo lábio inferior e depois respirava fundo.

Pois é, puto pra caramba.

- Que foi? – perguntou, alto o bastante para quebrar a bolha de ódio em que seu irmão mais velho estava imerso. Tentou não sorrir, mas era muito engraçadinho ver Jimin assim, ainda mais porque podia apostar uma bela grana que sabia exatamente o motivo por trás daquilo.

O outro não lhe direcionou o olhar por mais do que dois segundos, negando com a cabeça. Conteve uma risada.

- O que você tanto olha aí? – insistiu, referindo-se ao tablet em sua mão livre.

Nos últimos meses Jimin fez o possível e o impossível para mantê-los seguros, por sorte foi fácil conseguir aquele apartamento. Em um bairro do subúrbio, mas o lugar era bonito, relativamente pequeno e aconchegante, com janelas demais para o gosto do Park, mas para Yoongi era perfeito, ele precisava da luz do sol. E, no momento, a mesma adentrava lindamente através das cortinas abertas e iluminava a sala – era uma guerra silenciosa, Jimin sempre passava e as fechava, Yoongi passava e abria tudo novamente. Entendia o perigo, mas qual é? Sequer podia sair do apartamento, ele precisava de luz!

- Estou cogitando ideias horríveis – o outro por fim disse alguma coisa, e por curiosidade e um pouco de entretenimento Yoongi deu a volta na mesa, passou pelo balcão e se jogou no sofá. Engatinhou até o mesmo e tentou espiar o tablet, mas Jimin depositou o mesmo no colo com a tela virada para baixo.

Não adiantou nada.

Depois de uma guerra violenta, arrancou o aparelho dos dedos do mais velho e correu até o outro lado da sala, sentando no banco do piano – sim, tinha um piano ali, era o curto de parede mas ainda assim um piano! Aparentemente, Jimin não conhecia o conceito de um esconderijo ser escondido, pobre e sombrio. E ok, não foi exatamente uma guerra, na segunda tentativa o outro simplesmente lhe deixou pegar o tablet, mas Yoongi gostava do drama.

- Hmm... – murmurou sorrindo ao ver o porquê de seu irmão estar todo irritado. Como se já não soubesse, ele era tão óbvio. – "Herdeiro Lafaiete se diverte nas noites de-" cara por que o nome dessas matérias são tão horríveis? – revirou os olhos antes de continuar – "noites de Paris, confira abaixo..." ah, eita.

E a foto abaixo da matéria sensacionalista não era sensacionalista, na verdade era bem óbvia e explícita.

Tinha um cara literalmente lambendo o pescoço de Jungkook, e ele sorria olhando para o lado oposto, onde uma garota apertava uma das mãos na sua bochecha. Todos sorriam na foto meio borrada e escura, e era bem óbvio que estavam em uma boate. Rolou a tela, percebendo que seu "eita" tinha saído muito cedo, pois na imagem abaixo o cara continuava com a boca no pescoço dele, e o herdeiro Lafaiete beijava a garota. Não era um beijo decente. Na seguinte, ele apertava uma mão em cada cintura, puxando tanto o homem quanto a mulher contra si. Tinha muita coisa acontecendo ali, mas, para início de conversa, desde quando Jungkook tinha o braço inteiro tatuado?

Mate-me, JungkookWhere stories live. Discover now