[Prólogo] Mate-me de impulsividade;

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Durante anos e anos tentou moldar a si mesmo em uma perfeição inexistente, buscando
apoiar o certo e as justas causas... seus passos incertos, no entanto, levaram-no a uma imperfeição perfeita, onde fazendo o errado ele fazia o certo, onde o perigo era seguro e a morte parecia honrosa o bastante para que ele não a temesse.

Abandonou a faculdade de medicina na metade e deixou seus amigos, colegas, tudo para trás e partiu para a França viver em sua eterna instabilidade.

Mal sabiam eles que Jimin não fazia a menor ideia do por que ter ido para aquele país, ele só... sentia que deveria. E bem, na segunda noite em solo Francês, dirigindo de volta para o seu apartamento luxuoso bancado pela herança dos pais, as coisas incertas passaram a fazer algum sentido.

Parado em um sinal vermelho, com certas dificuldades em adaptação com o idioma do país, ele olhou casualmente para o lado esquerdo - onde sua janela estava aberta e o cilindro de um cigarro pesava em seus dedos. Era apenas uma pequena viela entre um prédio e uma lojinha de discos, escuro o bastante para que ele tivesse que apertar os olhos para ter certeza do que via.

Aparentemente mais ninguém estava realmente prestando atenção nisso, no entanto, os olhos e sentidos de Jimin eram aguçados o bastante para que ele visse um corpo jogado de qualquer jeito no chão enquanto um garoto sentado ao lado do mesmo gesticulava exageradamente e parecia gritar com alguém no telefone.

Park deixaria passar, ele não daria a mínima como passou a não ligar para as pessoas ao seu redor se o corpo que ele descobriu ser de um garoto aparentemente tão novo quanto o que estava ajoelhado ao seu lado não tivesse virado o rosto um pouco, a expressão contorcida em pura dor e as mãos que Jimin reparou estarem banhadas em sangue pressionando o lado direito do abdômen.

Ele poderia ser frio, calculista e instável, mas fazia medicina em Seul não por obrigação; e sim porque gostava de mexer e curar o corpo humano. Seu corpo agiu antes mesmo do que o seu raciocínio lógico, e logo ele estava virando com o carro na primeira rua para fazer o retorno. Parou com o Hummer no meio fio bem ao lado da pequena viela, e ao bater a porta as poucas pessoas por ali pareciam ainda mais alheias ao que acontecia no vão entre os dois prédios do que quando ele observava pela janela.

Assim que o primeiro passo decidido demais para um estrangeiro recém-chegado na França foi dado, o pequeno "click" da arma que o garoto ajoelhado segurava chamou sua atenção.

Jimin imediatamente parou e ergueu ambos os braços em sinal de rendição, só então reparando nas lágrimas que banhavam o rosto do mesmo e suas mãos trêmulas ao que uma delas segurava o gatilho quase tão instável quanto suas palavras a seguir:

- Mais um passo e eu atiro.

Jimin tomou um minuto de pura confusão para o sotaque forte em um francês pesado que quase não conseguiu decifrar, talvez porque o rapaz chorava e a voz estava mais rouca do que o normal - ou talvez porque apesar de saber o idioma, estar no país era muito mais complicado do que ler em seus livros ou conversar com seus pais durante o jantar. Logo após isso o Park revirou os olhos, indicando o garoto deitado com o queixo.

- Você vai precisar abaixar a arma se quiser que eu salve a vida do garoto - respondeu em
um tom baixo, cauteloso, o rapaz apontando o cano da Glock em sua direção até mesmo tomaria um tempo para admirar o sotaque esquisito, porém bonito do estranho se um gemido esganiçado não tivesse cortado a noite.

Ele olhou para Jungkook no chão, as mãos tremendo ainda mais apesar da experiência que tinha em manusear aquele tipo de coisa ao ver a gota de sangue romper os lábios secos do mais novo e escorrer por sua bochecha.

Mate-me, JungkookWhere stories live. Discover now