Capítulo 6

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Isso não foi real, não foi real, não foi...

André passou boa parte da madrugada andando de um lado para o outro, mordendo os próprios dedos até sangrarem. Mesmo depois de horas, as mesmas cenas se repetindo de novo e de novo dentro de sua cabeça, o rapaz não conseguia processar os acontecimentos da noite passada. Sua mente implorava por respostas, por uma explicação completamente racional.

Tudo no mundo tinha uma explicação, por mais complexa e detalhada que fosse. Certamente a situação que vivenciou teria uma também.

Mas André não estava conseguindo achá-la.

Uma pegadinha ainda era a resposta mais plausível. Contudo, por mais que ele vasculhasse a casa de praia da família, nenhuma câmera ou lente foi encontrada; mesmo que alguém estivesse filmando do lado de fora, o silêncio absoluto da cidade não o deixaria escondido por muito tempo. André com certeza teria ouvido alguma coisa.

O evento inteiro ter sido um sonho também era viável...isso é, se não fosse o papelzinho com o número de telefone que estava na bancada de sua cozinha, a prova mais concreta de que tudo aquilo de fato aconteceu. O rapaz não tinha coragem nem de tocá-lo, como se isso fosse tornar a situação ainda mais real.

Talvez aquele papelzinho fosse apenas uma alucinação, causada por uma mente exausta e cheia de estresse.

Talvez tudo tenha sido uma alucinação. Talvez ele estivesse alucinando naquele exato momento.

“Eu tô ficando louco...” Seus dedos tremiam, cobertos em marcas de mordidas. “Meu Deus, eu tô mesmo enlouquecendo!”

Pela milésima vez, ele revisou os eventos da noite anterior.

Ele estava dormindo em sua cama.

Ele foi acordado por uma mulher desconhecida.

Ele passou mal e viu...

André sentiu arrepios escalando pela sua pele, seu coração acelerando com cada segundo que passava.

— Não é real...não aconteceu de verdade. É praticamente impossível.

Mas o rapaz já não tinha tanta certeza.

Mesmo com sua constante negação, um par de olhos dourados insistia em invadir sua mente, acompanhados de uma voz que ele conhecia muito bem.

“Boa noite, velho amigo!”

André afundou as unhas em seus braços, sua respiração se tornando errática, irregular; memórias aterrorizantes voaram diante de seus olhos, alimentando seu desespero como gasolina em uma fogueira.

“Seu sangue é tão lindo, tão vibrante...”

“Como vai, meu paciente favorito?”

“Oh, como eu também amo essas visitas noturnas!”

“VOCÊ QUER MORRER?”

Seu estômago se amarrou em um nó, sua visão oscilando e escurecendo. Se não fosse a parede atrás dele, seu corpo teria atingido o chão.

OneirofobiaWhere stories live. Discover now